JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE
A Teologia da Fé e da Liberdade
O Papa Francisco ( meu xará ) é argentino. Mas, Deus é brasileiro....(muito bom!). Brincadeiras à parte, o que vimos foi a figura de um homem encantador, um líder religioso mais preocupado com as questões sociais do que a Doutrina secular da Igreja. Mais que isso, um líder de todos, coma serenidade e a coragem necessárias para comungar com os anseios dos jovens e também das crianças e dos idosos. Sua mensagem abre uma estrada rumo ao futuro, quando estende as mãos para o diálogo com todos, e a renovação do Serviço de Deus: A verdadeira doutrina Cristã original de Jesus, o filho do homem, com o homem e pelo homem. A igreja está para servir a humanidade, assim como Deus é servido. Este deve ser o ideal do Serviço.
A Igreja Católica Romana, na sua história, “per omnia secula seculorum”sempre esteve ao lado dos poderosos doutrinando e servindo-se dos humildes. Com efeito, após mil anos, vem agora acenando para uma nova ordem. Suponho que esta descoberta complementa aquilo que virou especulação e percebo que a verdade está emergindo placidamente representada nas atitudes e carisma, no sorriso e serenidade de Francisco.
Quanto à Doutrina – aquela retórica medieval – mais voltada para o surrealismo e o abstrato, tratando de coisas como pecado, salvação,perdão e punição, darão lugar - nessa nova ordem – as coisas mais terrenas e concretas e reconsiderando os questionamentos morais: O homossexualismo, o aborto, eutanásia etc. Acho que chegou o momento em que é fundamental para a sobrevivência da própria Igreja, essa abertura e esse diálogo, sem prejuízo da Fé. No passado, ela que era uma Organização, muito mais política e tirânica que cristã deve mover-se agora em direção ao verdadeiro Serviço cristão. Provavelmente, ocorrerão grandes debates com a linha dura do Vaticano, o cardinalato conservador que tudo fará para que as coisas continuem como sempre foram, mas, saberá o Papa fazer o equilíbrio de ideias e conceitos. Um deles à reconceituar, aquilo que trata como o grande inimigo da humanidade.
Mitologia à parte, já não se trata de ídolos que exigiam sacrifícios humanos , também não se conserva mais o temor pelos castigos divinos – por que Deus é amor – mas, o inimigo do homem,mudou de nome, está entre nós devorando as consciências destruindo esperanças e até colocando em risco a Paz mundial. O inimigo do homem tem nome, todos o conhecem e parece onipresente. Ele está dentro do seu bolso, na sua conta bancária e no seu cartão de crédito. Infelizmente, o que a Sociedade dos homens justos, orientados pela mensagem do Evangelho, deram lugar a um mundo cuja crueldade, chegou ao seu limite e reflete-se no nosso dia a dia como flagelos sociais. A fome de milhões de pessoas, as moradias miseráveis, as drogas, a saúde pública e a prostituição infantil – só para citar algumas – cuja indiferença de muitos para com muitos como também as camadas sociais discriminadas, especialmente os jovens e os idosos.
O Papa foi bem claro quanto à isso em seu discurso na praia de Copacabana quando disse: “ Não permitam vocês jovens que lhes tirem a Esperança dos seus corações lutem, exijam mesmo as mudanças necessárias para um mundo melhor. E deu um recado direto aos idosos: “Vocês, são detentores da experiência da Vida e de Sabedoria. Não se deixem tratar como coisas, porque vocês merecem muito mais que atenção e respeito, merecem serem ouvidos e aceitos como mestres.” O Papa prometeu o apoio da Igreja aos movimentos sociais (inclusive às manifestações no Brasil). Ele acredita que todos e cada um, pode mudar o rumo das coisas, mudar o mundo.
Um Papa renunciou, e este evento já faz parte de mudanças fundamentais que ocorrerão na política da Igreja. Bento XVI renunciou – penso – porque não era o homem certo para o momento delicado por que passa a Igreja. Como já foi dito, não se trata de profecias, como querem alguns porque isto já estava escrito nas estrelas. Vivemos plenamente a Era de Aquário e as mudanças sociais, políticas e morais, virão de alguma maneira, suavemente ou através do levante. Exemplo disso, são os protestos populares nunca antes vistos em nosso país. As pessoas despertaram para uma nova realidade e clamaram nas ruas por justiça social, liberdade e seriedade com as questões públicas, mais transparência do poder público, o fim dos privilégios e punição para os corruptos e corruptores. O Papa disse sim a estes movimentos reivindicatórios.
Por isso, o balanço desta visita papal foi considerado positivo e marcou o início de um pontificado novo de expressão cujo objeto é único ao meu ver: Adequar a Igreja Católica ao século XXI. Acredito que o Papa Francisco não vai parar mais, e pode ser que esteja pensando até em um Concílio. O Papa Francisco foi além da simpatia. A sua simplicidade e humildade é comovente; mostrou-se um defensor público dos humildes e marginalizados, foi diretamente contrario aos excessos do SISTEMA, do consumo sem medida e na indiferença para com os seres humanos enquanto humanos.
Álvaro Francisco Frazão