Homilia Pe. Ângelo Busnardo -XVII Dom. Comum (Abraão)

XVII DOMINGO COMUM

28 / 07 / 2013

Gn.18,20-32 / Cl.2,12-14 / Lc.11,1-13

Deus mandou Abraão abandonar o lugar em que morava e seus parentes e ir para uma terra distante: 1 O Senhor disse a Abrão: “Sai de tua terra, de tua parentela, da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei. 2 Farei de ti um grande povo e te abençoarei, engrandecendo teu nome, de modo que se torne uma bênção. 3 Abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem. Com teu nome serão abençoadas todas as famílias da terra” (Gn.12,1-3). Deus separou Abraão dos demais parentes para que ele pudesse adorar ao Deus único e verdadeiro sem sofrer influência dos parentes que eram idólatras e politeístas. A região que Deus escolheu para Abraão também era habitada por idólatras e politeístas. Mas sendo pessoas estranhas, a influência religiosa do povo local seria menor, apesar de não ser inevitável. Em caso que fosse necessário exterminar parte da população para livrar a família de Abraão de uma má influência religiosa, não se tratando de parentes de Abraão, o choque seria menor.

Abraão e Sara conseguiram manter-se livres da perversa influência religiosa dos cananeus, mas a família de Lot que acompanhou Abraão já estava parcialmente pervertida. Por isto, Deus decidiu destruir Sodoma, Gomorra e outras cidades da região para livrar Abraão e Lot da influência religiosa maléfica. Ao aparecer a Abraão no carvalho de Mambré, Deus tinha duas missões: avisar Abraão que Sara teria um filho e informá-lo sobre o eminente extermínio dos povos vizinhos: 10 E um deles disse: “Voltarei a ti no ano que vem por este tempo e Sara, tua mulher, já terá um filho” (Gn.18,10); 17 O Senhor disse consigo: “Devo ocultar a Abraão o que vou fazer? 18 Pois Abraão virá a ser uma nação grande e forte e nele serão abençoadas todas as nações da terra. 19 De fato, eu o escolhi para que ensine seus filhos e sua família a guardarem os caminhos do Senhor, praticando a justiça e o direito a fim de que o Senhor cumpra a respeito de Abraão o que lhe prometeu”. 20 Então o Senhor disse: “O clamor contra Sodoma e Gomorra cresceu e se agravou muito seu pecado. 21 Vou descer para verificar se as suas obras correspondem ou não ao clamor que chegou até mim” (Gn.18,17-21). Todos os povos da época eram perversos. Mas ao contrário do que fez no dilúvio, Deus exterminou somente os povos que poderiam perverter as famílias de Abraão e Lot. Se na cidade de Sodoma houvesse dez pessoas fiéis a Deus, a cidade seria poupada. Mas somente Lot e duas filhas se mantinham fiéis ao Deus verdadeiro. Se Lot e as duas filhas tivessem convertido mais sete pessoas, a destruição teria sido evitada.

São Paulo afirma que os colossenses estavam mortos e foram ressuscitados: 12 Com ele fostes sepultados no batismo e nele fostes também ressuscitados pela fé no poder de Deus que o ressuscitou dos mortos (Cl.2,12). Ao criar Adão, Deus soprou nele infundindo-lhe um elemento eterno que Jesus chama de “vida eterna” (Cf.Jo.6,54). Deus disse a Adão que se pecasse morreria, isto é perderia a vida: 16 O Senhor Deus deu ao homem uma ordem, dizendo: “Podes comer de todas as árvores do jardim. 17 Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não deves comer, porque no dia em que o fizeres serás condenado a morrer” (Gn.2,16-17). Adão pecou e morreu, isto é, perdeu a vida eterna, o sopro de Deus, e ficou somente com a vida física. Por isto, São Paulo diz que os colossenses foram ressuscitados antes de morrer. Através dos sacramentos do batismo e da Eucaristia, os colossenses tinha recuperado o sopro de Deus, a vida eterna: 13 E a vós, que estáveis mortos pelos delitos e pela incircuncisão de vossa carne, Deus vos vivificou com ele perdoando-vos todos os delitos (Cl.2,13).

Antes do pecado de Adão e Eva não havia sofrimento e nem morte e a natureza fornecia ar, água e comida espontaneamente. O pecado de Adão e Eva destruiu o reino de Deus na terra e introduziu o sofrimento e a morte (cf.Gn.3,17-19). Mas não foi somente o pecado de Adão e Eva que estragou o reino de Deus na terra. Quem estraga algo que não lhe pertence deve pagar o conserto do produto estragado. Todo pecado cometido por qualquer pessoa estraga o reino de Deus na terra. Portanto, todo pecador se torna devedor em relação a Deus. Com sua morte na cruz, Jesus pagou a nossa dívida para com Deus: 13 E a vós, que estáveis mortos pelos delitos e pela incircuncisão de vossa carne, Deus vos vivificou com ele perdoando-vos todos os delitos, 14 apagando o título de dívida que havia contra nós, cujas prescrições nos eram contrárias. Ele o aboliu, cravando-o na cruz (Cl.2,13-14).

Jesus é o único que é filho de Deus por natureza. Ele foi gerado por Deus, nós fomos criados e, por isto, somos apenas criaturas de Deus. Mas, diferentemente das demais criaturas, o ser humano tem o poder de se tornar filho adotivo de Deus: 12 Mas a todos que a receberam, aos que crêem em seu nome, deu o poder de se tornarem filhos de Deus; 13 estes não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus (Jo.1,12-13). Quem não recebeu um batismo válido ou, após receber um batismo válido, cometeu pecados mortais, enquanto permanecer em pecado mortal, não é filho adotivo de Deus. Portanto, se quiser que Deus o trate como filho deve antes se tornar filho adotivo de Deus. Jesus diz que um pai dá somente coisas boas para os filhos: 11 Que pai dentre vós dará uma pedra a seu filho que pede um pão? Ou lhe dará uma cobra se ele pedir um peixe? Ou se pedir um ovo lhe dará um escorpião? 13 Se, pois, vós que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do céu saberá dar o Espírito Santo aos que pedirem!” (Lc.11,11-13).

Quem é apenas criatura de Deus e não filho adotivo não pode exigir que Deus o trate como filho. Antes de pedir é necessário se tornar filho de Deus. Aquilo que Deus está mais interessado a nos dar é salvação da nossa alma. Aquilo que nós consideramos ser o melhor para nós pode ser prejudicial para a nossa salvação. Como Deus quer sempre o que melhor para os seus filhos, às vezes, Deus não nos atende porque o que pedimos não é útil para a nossa salvação. Por exemplo, pedimos a saúde para uma criança doente e Deus que vê o futuro sabe que aquela criança se salvará somente se morrer antes de atingir o uso da razão. Por isto, o melhor para aquela criança não é a saúde mas a morte.

Código : domin849

Ângelo José Busnardo

e-mail : ajbusnardo@gmail.com

Pe. Ângelo Busnardo.
Enviado por Joanne em 24/07/2013
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