OS ACONTECIMENTOS DO MUNDO DE HOJE À LUZ DE TUA PALAVRA, SENHOR...
 
Quando fala sobre a Palavra de Deus, a Carta aos Hebreus nos ensina: “Porque a palavra de Deus é viva, eficaz, mais penetrante do que uma espada de dois gumes e atinge até a divisão da alma e do corpo, das juntas e medulas, e discerne os pensamentos e intenções do coração. Nenhuma criatura lhe é invisível. Tudo é nu e descoberto aos olhos daquele a quem havemos de prestar contas”. (Heb 4,12-12). Também São Paulo, nos ensina na Segunda Carta à Timóteo: “Eu te conjuro em presença de Deus e de Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, por sua aparição e por seu Reino: prega a palavra, insiste oportuna e importunamente, repreende, ameaça, exorta com toda paciência e empenho de instruir. Porque virá tempo em que os homens já não suportarão a sã doutrina da salvação. Levados pelas próprias paixões e pelo prurido de escutar novidades, ajustarão mestres para si. Apartarão os ouvidos da verdade e se atirarão às fábulas. Tu, porém, sê prudente em tudo, paciente nos sofrimentos, cumpre a missão de pregador do Evangelho, consagra-te ao teu ministério”. (2Tim 4,1-5).
 
Ora, sabemos que nos dias de hoje o que lemos nos versículos três e quatro do capítulo quatro da 2Tim, está acontecendo de fato, pois, eis que a variedade de pregadores e divulgadores de falsas doutrinas não para de crescer, cada dia se cria uma “igreja” em cada esquina, ou mesmo, surge novos pregadores, principalmente nas redes de comunicação de massa, à ponto de arrebatarem milhares e milhões de seguidores após si. E isso sem contar a doutrinação que o próprio demônio vem fazendo por meio das redes de televisão de que ele dispõe na grande mídia, onde os programas transmitidos são visivelmente contrários a tudo o que se refere a Deus e a Cristo Jesus, o único Senhor e salvador da família humana, e de toda a humanidade. Tomemos cuidado, porque eis o diz o Senhor: “Vim em nome de meu Pai, mas não me recebeis. Se vier outro em seu próprio nome, haveis de recebê-lo... Como podeis crer, vós que recebeis a glória uns dos outros, e não buscais a glória que é só de Deus?” (Jo 5,43-44).
 
Agora, à luz da Palavra do Senhor, o que dizer dessa multiplicidade de falsos profetas? Ouçamos, pois, Jesus mesmo nos responder: “Cuidai que ninguém vos seduza. Muitos virão em meu nome, dizendo: Sou eu o Cristo. E seduzirão a muitos. Então se alguém vos disser: Eis, aqui está o Cristo! Ou: Ei-lo acolá! não creiais. Porque se levantarão falsos cristos e falsos profetas, que farão milagres a ponto de seduzir, se isto fosse possível, até mesmo os escolhidos. Eis que estais prevenidos. Se, pois, vos disserem: Vinde, ele está no deserto, não saiais. Ou: Lá está Ele em casa, não creiais”. (Mt 24,4-5.23-26).
 
Então, como entender os acontecimentos do mundo de hoje à luz da Palavra Divina? Realmente, vivemos num mundo confuso, barulhento, violento, intragável. As pessoas não têm mais tempo para ouvir a Deus, e muito menos para praticar o que o Senhor nos ensina; com isso, criaram uma sociedade hedonista, baseada no prazer sem Deus. Desprezam tudo o que é Sagrado, mas, por outro lado, aprovam tudo o que é insano, perverso, profano; e com isso, vivem mergulhados nos vícios e em toda espécie de maldade. De fato, estamos vivendo num mundo hediondo, onde quem fala mais alto é a perversidade daqueles que ignoram que serão julgados um dia, por isso, fazem da impunidade seu troféu. Estes compram a justiça dos homens; assumem os mais altos escalões do poder político, jurídico, monetário; ou ainda, são donos da mídia, dos carteis empresariais, ou dos carteis de drogas, de armas, formando um poder paralelo ao poder do estado; e mesmo os que estão detentores do poder do estado, raríssimos são honestos. Quanto ao grande resto, já foi manipulado pela corrupção e pela mídia trapaceira, detentora da imagem da besta e de suas palavras enganadoras.
 
Com efeito, hoje em dia, busca-se mais a fama e o poder temporal do que a verdadeira dignidade de ser pessoa, gente, que ama e sofre com o outro, e que procura praticar as virtudes eternas da bondade, fidelidade, solidariedade, compaixão, paz, etc. Mais tudo isso São Paulo já dizia que iria acontecer, ao escrever: “Nota bem o seguinte: nos últimos dias haverá um período difícil. Os homens se tornarão egoístas, avarentos, fanfarrões, soberbos, rebeldes aos pais, ingratos, malvados, desalmados, desleais, caluniadores, devassos, cruéis, inimigos dos bons, traidores, insolentes, cegos de orgulho, amigos dos prazeres e não de Deus, ostentarão a aparência de piedade, mas desdenharão a realidade. Dessa gente, afasta-te!” (2Tim 3,1-5).
 
Logo, precisamos estar preparados para não nos deixar levar por essa onda massacrante da mídia que está aí, que quer incutir em nossas mentes a prática de tudo o que está ligado ao mal, via novelas, filmes, programas, talks shows, noticiários, etc. São Paulo, nos alertando sobre isto, escreveu: “Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso espírito, para que possais discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, o que lhe agrada e o que é perfeito” (Rom 12,2). E São João também nos alertou: “Não ameis o mundo nem as coisas do mundo. Se alguém ama o mundo, não está nele o amor do Pai. Porque tudo o que há no mundo - a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida - não procede do Pai, mas do mundo. O mundo passa com as suas concupiscências, mas quem cumpre a vontade de Deus permanece eternamente”. (1Jo 2,15-17).
 
Assim, precisamos ficar atentos ao que Deus nos fala, pois, como diz o salmista: “Vossa palavra é um facho que ilumina meus passos, uma luz em meu caminho” (Sl 118,105). Ora, ler as Sagradas Escrituras inspirados pelo Espírito Santo, não é apenas fazer uma simples leitura, mas, ouvir o próprio Deus nelas, falando ao nosso coração, como Ele falou a Moisés (cf. Ex 3,1-6.9-12), aos santos Patriarcas (cf. Gen 15,1ss; Gen 46,1-5), aos profetas (cf. Am 3,7), e a todos os cristãos (cf. Jo 1,12-13; 1Jo 5,1), que seguem Cristo, e são santificados por Ele.
 
Portanto, ouçamos atentamente o Senhor: Já te foi dito, ó homem, o que convém, o que o Senhor reclama de ti: que pratiques a justiça, que ames a bondade, e que andes com humildade diante do teu Deus” (Miq 6,8). Pois, “Digo aos arrogantes: Não sejais insolentes; aos ímpios: Não levanteis vossa fronte, não ergais contra o Altíssimo a vossa cabeça, deixai de falar a Deus com tanta insolência” (Sl 74,5-6). E ainda: “Todos vós, em vosso mútuo tratamento, revesti-vos de humildade; porque Deus resiste aos soberbos, mas dá a sua graça aos humildes (Pr 3,34). Humilhai-vos, pois, debaixo da poderosa mão de Deus, para que ele vos exalte no tempo oportuno. Confiai-lhe todas as vossas preocupações, porque ele tem cuidado de vós”. (1Pd 5,5b-7).
 
Enfim, sabemos que este mundo está às portas do juízo final, pois o Senhor mesmo diz: “No tempo que fixei, julgarei o mundo com justiça. Vacile, embora, a terra com todos os seus habitantes, fui eu quem deu firmeza às suas colunas”. (Sl 74,3-4). Então, como será julgamento nosso e o deste mundo? “Sabei antes de tudo o seguinte: nos últimos tempos virão escarnecedores cheios de zombaria, que viverão segundo as suas próprias concupiscências. Eles dirão: Onde está a promessa de sua vinda? Desde que nossos pais morreram, tudo continua como desde o princípio do mundo. Esquecem-se propositadamente que desde o princípio existiam os céus e igualmente uma terra que a palavra de Deus fizera surgir do seio das águas, no meio da água, e deste modo o mundo de então perecia afogado na água”.
 
Mas os céus e a terra que agora existem são guardados pela mesma palavra divina e reservados para o fogo no dia do juízo e da perdição dos ímpios. Mas há uma coisa, caríssimos, de que não vos deveis esquecer: um dia diante do Senhor é como mil anos, e mil anos como, um dia. O Senhor não retarda o cumprimento de sua promessa, como alguns pensam, mas usa da paciência para convosco. Não quer que alguém pereça; ao contrário, quer que todos se arrependam. Entretanto, virá o dia do Senhor como ladrão. Naquele dia os céus passarão com ruído, os elementos abrasados se dissolverão, e será consumida a terra com todas as obras que ela contém”.
 
Uma vez que todas estas coisas se hão de desagregar, considerai qual deve ser a santidade de vossa vida e de vossa piedade, enquanto esperais e apressais o dia de Deus, esse dia em que se hão de dissolver os céus inflamados e se hão de fundir os elementos abrasados! Nós, porém, segundo sua promessa, esperamos novos céus e uma nova terra, nos quais habitará a justiça. Portanto, caríssimos, esperando estas coisas, esforçai-vos em ser por ele achados sem mácula e irrepreensíveis na paz”. (2Pd 3,3-14).
 
Paz e Bem!
 
Frei Fernando Maria,OFMConv.