Homilia Pe. Ângelo Busnardo XVI Dom. Comum (Abraão/Sodoma e Gomorra)

XVI DOMINGO COMUM

21 / 07 /2013

Gn.18,1-10ª / Cl.1,24-28 / Lc.10,38-42

Três seres de aspecto sobrenatural apareceram em frente à cabana de Abraão: 1 Outra vez o Senhor apareceu a Abraão junto ao carvalho de Mambré. Estava sentado à entrada da tenda, no maior calor do dia. 2 Levantando os olhos, viu parados perto dele três homens. Assim que os viu, saiu correndo a seu encontro e se prostrou por terra (Gn.18,1-2). Movido pelo impulso humano, Abraão lhes ofereceu comida: 5 Trarei um pouco de pão para recobrardes as forças, antes de prosseguir viagem. Pois foi para isso mesmo que vos aproximastes de vosso servo”. Eles responderam: “Faze como disseste” (Gn.18,5). Seres sobrenaturais não precisam de comida. Mas para não decepcionar Abraão, eles aceitaram a oferta e comeram.

Quem recebe a visita de um ser sobrenatural não deve tomar a iniciativa de oferecer-lhe algo material, mas procurar saber o que o enviado de Deus tem a dizer. Se Deus aparece a alguém ou envia Jesus, Maria, um anjo ou um santo a este mundo é o enviado de Deus que deve dizer o que veio fazer. Portanto, quem for beneficiado pela visão de um ser sobrenatural deve colocar-se à disposição do enviado para obedecer às suas ordens. Perante a visão, Abraão, em vez de oferecer comida, devia colocar-se à disposição para cumprir ordens como fizera em outras ocasiões: 1 Depois destes acontecimentos, Deus submeteu Abraão a uma prova. Chamando-o, disse: “Abraão”, e ele respondeu: “Aqui estou” (Gn.22,1).

Não foi para comer que Deus apareceu a Abraão embaixo do carvalho de Mambré, mas para avisá-lo que a mulher dele teria um filho e informá-lo sobre a destruição de Sodoma e demais cidades da região: 10 E um deles disse: “Voltarei a ti no ano que vem por este tempo e Sara, tua mulher, já terá um filho”. Ora, Sara ouvia da entrada da tenda que estava detrás daquele que falava (Gn.18,10); 20 Então o Senhor disse: “O clamor contra Sodoma e Gomorra cresceu e se agravou muito seu pecado. 21 Vou descer para verificar se as suas obras correspondem ou não ao clamor que chegou até mim”. 22 Partindo dali, os homens se dirigiram a Sodoma. Abraão, porém, ficou ali na presença do Senhor. 23 Abraão aproximou-se e falou: “Vais realmente exterminar o justo com o ímpio? (Gn.18,21-23). Se Abrão se tivesse colocado à disposição de Deus para cumprir ordens, a missão teria sido simplificada e Deus lhe teria dito imediatamente que Sara teria um filho e que Sodoma e demais cidades da região seriam destruídas.

Para produzir os méritos infinitos com os quais toda a humanidade pode se salvar, Jesus se encarnou, viveu até aproximadamente a idade de trinta anos como um bom ser humano mas, para completar a sua obra, morreu na cruz. Assim Jesus uniu uma vida honesta e o sofrimento para redimir a humanidade. Os méritos de Jesus estão à disposição de todos, mas ninguém é salvo automaticamente por eles. Quem quiser salvar-se deverá apoderar-se dos méritos de Jesus através dos sacramentos instituídos por Ele e confiados exclusivamente à Igreja Católica, a única fundada por Ele. Como, para produzir os méritos infinitos que nos salvam, Jesus precisou passar pelo sofrimento, nós também precisaremos, se necessário, submeter-nos ao sofrimento para nos salvar: 24 Agora me alegro com os sofrimentos suportados por vós. Em minha carne supro pela Igreja, seu corpo, o que falta às tribulações de Cristo (Cl.1,24).

Os judeus acreditavam que somente eles tinham sido chamados à salvação e que se um membro de outro povo quisesse salvar-se devia antes se tornar judeu. Mas Deus tinha revelado a Moisés que estava nos planos divinos colocar a salvação à disposição de todos: 5 Agora, se realmente ouvirdes minha voz e guardardes a minha aliança, sereis minha propriedade exclusiva dentre todos os povos. De fato é minha toda a terra, 6 mas vós sereis para mim um reino de sacerdotes e uma nação santa. São estas as palavras que deverás dizer aos israelitas” (Ex.19,5-6).

São Paulo afirma que, apesar de Deus ter restringido a revelação aos judeus no passado, Jesus morreu na cruz para salvar a todos: 26 o mistério oculto desde os séculos e as gerações, mas agora revelado aos santos. 27 Deus quis dar-lhes a conhecer a riqueza da glória deste mistério entre os pagãos, que é o próprio Cristo em vosso meio, a esperança da glória. 28 É este Cristo que anunciamos, admoestando todos os homens e instruindo-os com toda sabedoria, a fim de apresentá-los todos perfeitos em Cristo (Cl.1,26-28). Durante a vida pública, Jesus restringiu a sua atividade ao povo judeu mas, após a ressurreição, Jesus enviou os apóstolos a pregar a todos os povos: 18 Então Jesus se aproximou e lhes disse: “Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. 19 Ide, pois, fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, 20 ensinando-os a observar tudo quanto vos mandei (Mt.28,18-20).

Jesus viajava com os apóstolos para anunciar a palavra de Deus. O objetivo principal da visita de Jesus e os apóstolos a Marta e Maria foi anunciar o Evangelho. Mas tanto Jesus como os apóstolos precisavam também alimentação e descanso. Marta se preocupou com a comida e Maria preferiu ficar ouvindo Jesus. Ambas acertaram em parte. Se tivessem perguntado a Jesus o que deviam fazer, certamente Ele lhe teria dito: “Vão as duas para a cozinha, preparem pães ázimos, que por não precisarem levedar levam menos tempo para ficarem prontos e venham ouvir o que lhe tenho a dizer”. Maria se dispôs a ouvir Jesus e Marta começou a preparar um banquete para Jesus e os apóstolos. Por isto ouviram de Jesus que Maria tinha escolhido a parte melhor e Marta estava excessivamente preocupada com a comida: 40 Marta, porém, andava atarefada com o muito serviço. Parou e disse: “Senhor, não te importa que minha irmã me deixe sozinha no serviço? Dize-lhe que me venha ajudar”. 41 O Senhor lhe respondeu: “Marta, Marta, andas muito agitada e te preocupas com muitas coisas. 42 Entretanto, uma só coisa é necessária. Maria escolheu a melhor parte que não lhe será tirada” (Lc.10,40-42). Maria tinha escolhido a parte melhor e esqueceu que Jesus e os apóstolos precisavam também de comida. Marta se preocupou demasiadamente com a comida que obviamente era necessária e tinha ignorado que Jesus as visitava para anunciar o Evangelho e não por causa da comida.

Código : domin848

Ângelo José Busnardo

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Pe. Ângelo Busnardo
Enviado por Joanne em 17/07/2013
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