MARCOS 1:1-8

MARCOS 1:1-8

Paulo Sergio Larios

1. Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus;

2. Como está escrito nos profetas: Eis que eu envio o meu anjo ante a tua face, o qual preparará o teu caminho diante de ti.

3. Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, Endireitai as suas veredas.

4. Apareceu João batizando no deserto, e pregando o batismo de arrependimento, para remissão dos pecados.

5. E toda a província da Judéia e os de Jerusalém iam ter com ele; e todos eram batizados por ele no rio Jordão, confessando os seus pecados.

6. E João andava vestido de pêlos de camelo, e com um cinto de couro em redor de seus lombos, e comia gafanhotos e mel silvestre.

7. E pregava, dizendo: Após mim vem aquele que é mais forte do que eu, do qual não sou digno de, abaixando-me, desatar a correia das suas alparcas.

8. Eu, em verdade, tenho-vos batizado com água; ele, porém, vos batizará com o Espírito Santo.

PRINCIPIO DO EVANGELHO

1“Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus.”

Aqui principia a descrição do Ministério de Jesus, em Marcos, que foi o primeiro Evangelho escrito. E já no primeiro versículo, Marcos define quem é Jesus: O Filho de Deus.

Apesar de que usamos as Palavras da Bíblia, em nossas pregações, como uma maneira prática de como viver e seguir a Deus, a Bíblia deve se interpretar a si mesma. A maior pregação que podemos fazer é a interpretação pura da Bíblia; é a Bíblia pela Bíblia. Marcos já nos dá no primeiro versículo uma interpretação de Cristo: Ele é o Filho de Deus.

O PROFETA ANJO

2-3 “Como está escrito nos profetas: Eis que eu envio o meu anjo ante a tua face, o qual preparará o teu caminho diante de ti. Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, Endireitai as suas veredas.”

João Batista é o anjo enviado por Deus para preparar o caminho para a vinda do Messias, o salvador. O texto já faz uma referência ao deserto, onde prega a conversão.

Na verdade Marcos usa o texto de Malaquias 3:1-4 e Isaías 40:3. Ao juntar textos de dois profetas, Marcos está comprovando que os profetas, todos eles, falaram sobre a vinda do Messias.

A MENSAGEM DO PROFETA

4-5 “Apareceu João batizando no deserto, e pregando o batismo de arrependimento, para remissão dos pecados. E toda a província da Judéia e os de Jerusalém iam ter com ele; e todos eram batizados por ele no rio Jordão, confessando os seus pecados.

Marcos define bem o batismo de João Batista. Já era tradição dos judeus da época serem batizados no Rio Jordão por João Batista. O batismo de João Batista fazia parte do roteiro dos visitantes da cidade. Era muito concorrido. Em certos momentos, podemos dizer que havia uma “concorrência” entre a visita ao Templo e o batismo de João.

Sua fama era tanta, que todo povo das redondezas iam até ele para serem batizados. Não só batizava. Pregava a vinda do Messias, o arrependimento dos pecados, a purificação completa.

A Palestina era muito pequena. Todo o povo da Judeia e de Jerusalém caminhavam até o Jordão para serem batizados por João. As distâncias entre os “bairros” da Palestina eram pequenas.

http://fideicognitio.wordpress.com/2010/03/22/evangelho-de-marcos-capitulo-1-pregacao-de-joao-batista/

A VESTIMENTA, UMA DENUNCIA SOBRE A RELIGIOSIDADE

6- “E João andava vestido de pêlos de camelo, e com um cinto de couro em redor de seus lombos, e comia gafanhotos e mel silvestre. “

Marcos apresenta detalhadamente João Batista; sabemos mais de João, como ele era, do que sobre Jesus. Existe uma comparação entre esse versículo e 2 Reis 1, quando fala de Elias, que viveu aproximadamente no século IX a.C. Andar vestido com roupa de couro de animal, assim como um cinto, mostra que João Batista era um profeta da antiga, tanto é que compararam ele com Elias.

Segundo Levitico 11:4, o camelo era um animal imundo, o que causava escândalo, ele se vestir com pele desse animal, assim como comer gafanhoto. É interessante como Deus confronta o espírito religioso de todas as épocas. Na época de Oséias, para confrontar o espírito idolatra da época, Deus mandou o profeta se casar e ter filhos de uma mulher prostituta, tirada da casa de prostituição. Para agravar, ela que tinha um coração de prostituta, fugiu para a casa de prostituição e Deus mandou o profeta ir busca-la, e ela fugiu de novo e Deus disse que assim era o coração idolatra de Israel.

Mas ainda tem mais um sentido. Os pelos de camêlo mostravam o quão hostis eram os homens que se diziam servos de Deus, pois o camêlo é reconhecido pelo seu temperamento hostil, além de ter a característica de não precisar beber água de contínuo. Ao camêlo basta beber água uma vez pelo período de 40 a 50 dias. A palavra diz que que Jesus é a água da vida, e não ir ao Senhor continuamente nos gera sede. Quando os homens olhavam para João enxergavam em suas vestes o que eles mesmos eram. João bem como o Evangelho de Cristo têm por objetivo revelar como somos diante de Deus.

O cinto de couro, usado em torno dos lombos, fazia aos homens lembrar a opressão que o jugo causava nos bois que serviam como animais de carga. Não havia como não se constranger olhando João daquela forma paramentado. Eles se enxergavam rebeldes em função das vestes de camêlo, e se enxergavam também subjugados pelo pecado através do cinto de couro que João usava em torno dos seus lombos.

Gafanhotos e mel silvestre - O gafanhoto era tido como inseto simbolo da destruição( Jl 1 : 4), alimentar-se de gafanhotos era mostrar que o devorador é devorado pelo Senhor, isto salienta o poder do Senhor ( Lm 2:2). O mel silvestre como alimento é o símbolo de Cristo como alimento, veja Êxodo 16: 31 onde o maná é descrito como tendo o sabor de mel.

GAFANHOTO COM MEL – CAIO FABIO

“João Batista era uma cara esquisito em todos os sentidos. Não coube nem mesmo na sociedade de seus dias. Aliás, um homem como ele só não seria esquisito na Idade da Pedra, posto que seu ‘sósia profético”, Elias, o qual se comportava de modo semelhante a João Batista, também não coube em sua própria sociedade, vários séculos antes de João. Ontem, dia 3 de outubro, eu via na televisão um documentário sobre gafanhotos, praga que até hoje está para além da possibilidade de controle humano quando acontece deles se tornarem um enxame voador. Sim, eles podem até mesmo chegar com como nuvens de 3 mil quilômetros de comprimento. Podem, em certos casos, ser mais numerosos do que todas as estrelas de nossa via Láctea, isso quando atacam em super-enxames. Podem também ser tão numerosos que até mesmo o sol fica encoberto quando eles vêm em tais exércitos. No Velho Testamento os gafanhotos eram sempre vistos como sinônimo de desgraça e praga. Eles eram vistos como os vingadores de Deus contra as rebeldias dos homens! Até hoje os pregadores do quase-evangelho ainda usam os “gafanhotos” como ameaça para quem não der o dízimo a eles. Ora, vendo o documentário, logo minha mente se voltou para João Batista, que comia gafanhotos com mel silvestre. Sim, o cara comia aquilo que era símbolo de desgraça e maldição. Só que ele comia com mel. Era uma dieta de desgraça e doçura. Que imagem linda! O homem que era o amigo do Noivo, o precursor de Jesus, comia a desgraça com doçura. João comia aquilo que todos chamavam de maldição. Ele de fato comia. Maldição digerida e melhorada pelo mel. Gafanhotos fazem parte da dieta de quase todos os que vivemos neste mundo. A questão é que a maioria come gafanhoto com gafanhoto. João, porém, os comia com mel. Quando a vida lhe servir “gafanhotos”, tempere-os com o mel dos campos! Pense nisto!” Caio Fabio

BATISMO COM ÁGUA E COM FOGO

7-8 “E pregava, dizendo: Após mim vem aquele que é mais forte do que eu, do qual não sou digno de, abaixando-me, desatar a correia das suas alparcas. Eu, em verdade, tenho-vos batizado com água; ele, porém, vos batizará com o Espírito Santo.”

Se para nós já é, a primeira vista, um texto complexo, imaginem o que se passava na cabeça de quem ouvia falarem de batismo pelo Espírito Santo. O conceito de vida após a morte ainda não era comum entre os judeus. Ainda mais, o conceito do Espírito Santo. Se hoje, para nós, já não é fácil de compreender, imaginem nos tempos de Jesus. Eles ficavam muito confusos. Não entendiam nada. Só começaram a compreender após a morte de Jesus com os apóstolos reunidos e Jesus aparece em Espírito para eles e ocorre o Pentecostes.

O sentido de João Batista pregar algo tão complicado, quanto o Batismo com água (Romanos 6- batismo com água, símbolo da morte para o mundo e ressurreição para Deus) e com fogo (Atos 2- unção do Espírito Santo para a obra da Evangelização e para as provações da vida), é que independente se o povo está entendendo ou não a mensagem, temos de prega-la toda, como Deus nos dá. Se João tivesse adaptado a mensagem para o seu tempo e tivesse pregado diferente da maneira que lhe foi dita, seria inteligível hoje para nós e a Igreja seria imensamente prejudicada. Devemos pregar a mensagem de Deus como Ele nos manda e nada menos do que isso. É um imenso erro adaptar, para o seu tempo a Palavra Eterna, Deus tem planos que ultrapassam séculos. Eles não estavam entendendo nada da Palavra, mas não importa, João pregava, mesmo assim.

Amém!?

Que a Paz do Senhor fique com todos. Amém!

pslarios
Enviado por pslarios em 09/07/2013
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