Perdoando o imperdoável.
Não existe o imperdoável. O imperdoável Jesus pagou na cruz do calvário... Nada melhor do que o refrigério que sentimos após receber o perdão. O coração fica leve, a mente tranquila e andamos quase que alcançando as nuvens. Isso acontece porque somos libertos do julgo e peso do pecado. Quando guardamos o pecado e não o confessamos isso é prejudicial para nossa vida espiritual e até mesmo física. O rei Davi relata o que sentia enquanto escondeu do Senhor um pecado: “Enquanto escondi os meus pecados, o meu corpo definhava de tanto gemer.” (Salmos 32.3). Para que não sofresse mais as dores do pecado encoberto, Davi fez uma escolha: reconheceu, se arrependeu do que havia feito e recebeu o perdão do Pai. “Então reconheci diante de ti o meu pecado e não encobri as minhas culpas. Eu disse: “Confessarei as minhas transgressões ao Senhor”, e tu perdoaste a culpa do meu pecado.” (Salmos 32.5).
Enquanto meditava nas palavras de Davi me recordei de outro pedido de perdão descrito na carta que o apóstolo Paulo escreveu a Filemon, colaborador fiel da obra do Senhor. Para entendermos melhor esse pedido vejamos qual era o contexto envolvendo o remetente e o destinatário da mensagem.
Filemon era um servo que amava e depositava sua fé em Jesus e se encontrava na Igreja de Colossos. Ele tinha um escravo chamado Onésimo que fugiu levando com ele uma quantia em dinheiro. De acordo com teólogos, o escravo chegou a Roma e conheceu Paulo, a mensagem do evangelho e entregou o coração a Cristo. Essa mudança fez com que Onésimo se arrependesse da fuga e do furto que havia cometido. Além disso, ele tornou-se um cooperador de Paulo na obra do Senhor. “Eu queria conservá-lo comigo mesmo para, em teu lugar, me servir nas algemas que carrego por causa do evangelho.” (Filemon 13).
Entretanto, Paulo resolveu enviar Onésimo de volta para casa na condição de que Filemon o recebesse com perdão. O apóstolo chega ao ponto de declarar que enviava não era apenas um escravo, mas o seu coração, mostrando o valor que Onésimo tinha para ele e reforçando que se Filemon realmente o considerava deveria receber com amor o escravo. “Eu o envio de volta em pessoa, quero dizer, o meu próprio coração.” (Filemon 12). Paulo ainda pede que todo o prejuízo que porventura o escravo tenha causado fosse colocado em sua conta. “E, se algum dano te fez ou se te deve alguma coisa, lança tudo em minha conta.” (Filemon 18). Esse é o pedido do apóstolo: que Filemon perdoasse as atitudes de Onésimo, principalmente porque agora a relação entre eles não seria mais de senhor e escravo, mas sim de irmãos em Cristo e nas palavras de Paulo: “como irmão caríssimo”.
Não sabemos o que aconteceu depois, se ouve ou não o perdão, se Onésimo foi recebido como escravo “fujão”, digno de correção, segundo as leis da época, ou se recebeu o amor fraternal de Filemon, já que em suas mãos estava chegando o coração de Paulo. Mas, a mensagem que fica para nossas vidas é que aqueles que realmente vivem o evangelho serão capazes de perdoar. O perdão sincero só pode vir de um coração totalmente transformado pelo amor de Deus e de uma vida que anda em Espírito. Um homem carnal jamais conseguiria perdoar, a velha natureza não conseguiria, mas os nascidos de Deus conseguem. O apóstolo Pedro escreveu com sabedoria que aquele que ama ardentemente, de forma fervorosa, ao irmão consegue perdoar uma multidão, muitíssimo, vários pecados. “Tendo antes de tudo ardente amor uns para com os outros, porque o amor cobre uma multidão de pecados;” (1 Pedro 4.8).
O teólogo e escritor Clive Hamilton, mais conhecido como C.S Lewis, autor da conhecida obra “As crônicas de Nárnia”, escreveu a respeito do perdão duas questões interessantes: “Todos dizem que o perdão é uma ideia maravilhosa até que elas possuam algo para perdoar.” Realmente é comum escutar que perdoar é uma ideia interessante, para alguns uma utopia, algo impossível. Mas, em outra frase C.S Lewis declara: “O perdão vai além da justiça humana; é perdoar aquelas coisas que absolutamente não podem ser perdoadas.” Na verdade perdoar é algo sobrenatural, vai além da capacidade humana, ou seja, somente aqueles que já morreram para suas vontades e têm Cristo no coração conseguem perdoar o impossível, somente àqueles que amam com o amor de Deus podem perdoar todas as coisas. “e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós também temos perdoado aos nossos devedores;” (Mateus 6.12). Por isso, todas as noites eu suplico a Deus que me perdoe e me ajude a perdoar aqueles (as) que preciso, não só perdoar, mas deixar fazer parte de minha vida mais uma vez.
Abraços Fraternos