OS SÍMBOLOS
Segundo a definição do dicionário, símbolos “são idéias conscientes que representam e encerram a significação de ideias inconscientes”. Em outras palavras, um símbolo é um objeto físico ao qual se dá uma significação representativa de uma ideia, de uma abstração ou, ainda, de algo que se deseja ocultar.
Os grandes Mestres que passaram pela história da humanidade, todos, sem exceção, deixaram as suas orientações através de discursos simbólicos. Em todas as escrituras sagradas os textos são, sempre, expressos através de parábolas, metáforas ou de palavras de conteúdo hermético. A própria palavra “parábola” quer dizer: “narração alegórica que encerra doutrina moral”. Como vemos o termo “alegórico” quer dizer: Exposição de um pensamento sob forma figurada; ficção que representa um objeto para dar ideia de outro ou, ainda, seqüência de metáforas que significam uma coisa nas palavras e outra coisa no sentido.
Essas definições que acabamos de ver, nos remetem a questionar a razão de tais símbolos, parábolas e metáforas. Depois de muito raciocinar, acabamos por admitir algumas possibilidades para que os Mestres da Sabedoria nos falassem daquela forma:
Primeiro que, quando estiveram entre nós, a distância entre o conhecimento que deveriam transmitir e a capacidade cerebral do homem daquela época era verdadeiramente fantástica. Por isso, os nossos instrutores tinham que reduzir ao máximo as suas palavras tratando de transformá-las em idéias simbólicas.
Segundo, porque a humanidade que os recebeu era constituída de seres em pleno estado de barbárie e ignorância a respeito da própria vida, dos fenômenos naturais e, principalmente, das coisas relacionadas com as Leis Cósmicas e seus desdobramentos. Terceiro, porque os Mestres sabiam que aqueles homens que os ouviam estavam em níveis de consciência de grande diversidade e de grandes diferenças. Por isso, necessitavam cumprir suas missões de amor utilizando-se de figurações ou parábolas, para que cada um pudesse entender as mensagens conforme a sua capacidade de decifrá-las.
Mesmo com a utilização das parábolas, na maioria das vezes, os Mestres não foram entendidos e o homem acabou por desvirtuar os ensinamentos que, nos dias atuais, quase nada mais de original tem a ver com a ética e a moral por eles expressas.
Da mesma forma, as palavras utilizadas naquela época em línguas que hoje estão literalmente mortas, ao longo dos tempos, foram a tal ponto transformadas nos seus valores semânticos que, hoje, muito do seu significado já tem outro tratamento.
Além disso, o homem costuma ler os textos considerando, apenas, a “letra da palavra”, pois na maioria das vezes, não tem olhos para ler o verdadeiro conteúdo que somente aparece quando se pode ler o “espírito da palavra”.
Assim, podemos estudar o significado da palavra “revelar” que, se entendida sob o ponto de vista literal, será traduzida como: descobrir, mostrar, trazer a público, fazer conhecer.
É interessante, todavia, observar a palavra “revelar” sob uma ótica diferente da usual.
A palavra revelar é um termo composto pela partícula RE, mais a partícula VELAR.
O prefixo “RE” é um elemento da língua latina que significa: novamente, de novo, outra vez; tornar a fazer algo que já foi feito antes, ou seja, fazer de novo. A palavra “VELAR”, é traduzida como o ato de se cobrir alguma coisa com um véu, ou seja esconder, ocultar. Logo, a palavra “REVELAR”, no seu sentido oculto, pode ser completamente oposta àquela que conhecemos no sentido literal. Em vez de mostrar alguma coisa, pode estar, tornando a esconder, ou tornando a ocultar algo que ainda não está em condições de ser mostrado a todos, ou, ainda, que pode ser mostrada, apenas uma parte, deixando outras para serem mostradas no futuro, quando a maior parte da Humanidade puder começar a entendê-la.
Quando falamos em REVELAÇÃO, podemos estar diante de uma palavra cujo significado seja “a ação de esconder novamente, de ocultar de novo; RE + VELAR + AÇÃO”.
Prosseguindo no raciocínio, pensamos que há uma outra palavra que pode ser a chave para um entendimento melhor: Quando queremos mostrar, sem reservas, alguma coisa, costumamos dizer que estamos ‘TIRANDO O VÉU”, deixando que a coisa seja realmente vista. Assim, o ato de tirar o véu, trazer ao conhecimento público, seria o ato de DESVELAR, abrir, mostrar.
Mas, afinal, qual seria o objetivo destas divagações? Consideramos que os ensinamentos que se referem às “LEIS QUE REGEM O UNIVERSO,” ao longo dos tempos, precisam ser passados à Humanidade, em doses homeopáticas e em quantidades que periodicamente precisam ser revisadas, “pois há pérolas que não devem ser atiradas aos porcos”.
É por esta razão que a sabedoria dos Mestres foi, por eles, expressa de maneira simbólica, pois não estavam falando para todos os que se colocavam ao seu redor, mas para aqueles que estavam em condições para compreender o espírito da palavra, ou seja: “para aqueles que tinham olhos de ver e ouvidos de ouvir...”
Exegetas são homens que se especializaram em estudar e traduzir os textos dos livros sagrados. Em todas as religiões sempre houve exegetas que “traduziam” as suas descobertas e as suas interpretações para os grupos religiosos dos quais faziam parte. Dentre eles, estão pessoas integrantes da intelectualidade constituída por leigos e religiosos, prestigiados como Doutores da Teologia. Esses intérpretes são, justamente, os responsáveis pelo nascimento de um termo que hoje assumiu uma letal importância para os destinos da Humanidade. “O Fundamentalismo”.