Laço do Boiadeiro

O vento sopra, a porteira balança, a boiada passa;

Ê boi; sigo laçando meu gado;

Os campos montanhosos, as nuvens de poeira; tudo faz parte do meu caminhar;

Ê boi;

Quando um garrote cai na ribanceira, não penso duas vezes, me ponho a lutar;

Meu laço é certeiro; pego o boi pelo chifre, domino o bicho;

Vou guiando minha vaquejada, tocando meu berrante;

Um boiadeiro é homem solitário. Viaja muitas léguas tocando seu gado;

Na Aruanda, se ouve de longe o berrante do boiadeiro;

Não tem porteira que não se abra;

Não tem touro bravo que não se renda;

Boiadeiro atravessa o dia, a noite, passa por rio de piranhas e por caminhos estreitos;

Mas o gado é guiado e chega até seu destino;

Só não chegam aqueles que se desgarraram;

Que não ouviram o som do seu berrante, ou não quiseram ouvir;

Xetuá Seu Boiadeiro;

Guia-nos pelos caminhos, pelos campos e encruzilhadas da vida;

Guie, na proteção de Olorum, sua boiada, Boiadeiro das Sete Encruzilhadas.