O "Magnificat"

Neste notável documento do Evangelho de São Lucas, Nossa Senhora faz uma profecia que se cumpriu rigorosamente ao longo de vinte séculos.
Naqueles dias maravilhosos em que a Virgem Maria carregava em seu seio o Verbo Encarnado, soube que sua prima Isabel havia também concebido. Foi então visita-la, ainda que a distância fosse longa. A envolvente narração está no primeiro capítulo de Lucas. Isabel, como sabemos, estava grávida de São João Batista, o Precursor.
De fato, em Lc 1,39-45 conta-se como Maria chega em casa de Isabel e Zacarias e, ao cumprimentar a prima, a criança desta — João Batista — estremeceu no útero materno. E Isabel, que ficou “cheia do Espírito santo”, exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Donde me vem a honra de vir a mim a mãe do meu Senhor? Pois, assim que a voz de tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria no meu seio”.
É então que, tomada de radiante alegria, Virgem Mãe pronuncia aquela que é uma das mais belas páginas da Bíblia: o hino que ficou conhecido como “Magnificat”.

“Minha alma glorifica ao Senhor,
meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador,
porque olhou para sua pobre serva.
Por isto, desde agora, todas as gerações me chamarão bem-aventurada, porque realizou em mim maravilhas aquele que é poderoso e cujo nome é santo.
Sua misericórdia se estende, de geração em geração, sobre os que o temem.
Manifestou o poder do seu braço; desconcertou os corações dos soberbos.
Derrubou do trono os poderosos e exaltou os humildes.
Saciou de bens os indigentes e despediu os ricos de mãos vazias.
Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia, conforme prometeu a nossos pais, em favor de Abraão e sua posteridade, para sempre.”


Reparem na imensa beleza e na radiante profundidade daquela que se tornou a inefável Mãe de Deus, da Igreja e da Humanidade. E nelas, reveladoras aliás de grande conhecimento das escrituras, uma profecia que, sem embargo, cumpriu-se à risca nestes vinte séculos e continuará a se cumprir até o final dos tempos:
“Todas as gerações me chamarão bem-aventurada.”
Maravilhas divinas! Da humilde, pobre e desconhecida judia, numa terra dominada pelo arrogante e pagão poderio romano, uma frase que repercute através dos milênios, jamais desmentida ou desgastada, e que desafia inclusive a agressiva incredulidade moderna, que duvida de profecias mas que desta não pode dizer que não se cumpriu.
Pois todas as gerações chamaram, chamam e chamarão a bendita Virgem Mãe de Bem-Aventurada.

Rio de Janeiro, 24 a 26 de março de 2012.


 
Miguel Carqueija
Enviado por Miguel Carqueija em 23/05/2013
Reeditado em 10/10/2014
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