Como já dizia Vinicius...

É impressionante como a natureza nos encanta com sua força e beleza onde menos esperamos. Quando construíam o metrô no Rio, ali em Inhaúma, próximo ao que hoje é o Shopping Nova América, havia um lugar onde eram jogados entulhos de escavações. Ficou um lugar feio, cheio de lixo. Numa manhã de primavera passava por ali, também de ônibus, e vi uma grande quantidade de flores bem pequenas, com várias cores diferentes, que surgiram ali no meio de toda aquela sujeira.

Quem me conhece de tempos idos sabe que um dos meus versículos prediletos é: “O coração alegre aformoseia o rosto” (Pv 17:22), porque ele me da a certeza de que eu sou lindo. Nada, nem ninguém, pode me fazer pensar diferente. Só posso crer que é alegre um coração que tem a presença de Cristo. Como tenho certeza da presença dele em meu coração, o meu coração é alegre e, consequentemente, meu rosto é a formosura em pessoa. Concorda?

Parece uma brincadeira, mas para mim é uma grande verdade.

O padrão real de beleza deveria levar em consideração o interior da pessoa. Vivemos atolados até o pescoço pela massificação da beleza midiática sem nos importar com o que realmente é belo. O belo não é o que pode nos agradar somente aos olhos, pois, como escreve Antoine de Saint-Exupéry em O Pequeno Príncipe, "Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos". Foi isso que Deus ensinou para seu servo Samuel, na escolha de Davi, que quando viu Eliabe alto, forte e bonitão, pensou “Certamente está perante o Senhor o seu ungido. Mas o Senhor disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a grandeza da sua estatura, porque eu o rejeitei; porque o Senhor não vê como vê o homem, pois o homem olha para o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração.” (I Sm 16:6,7). O escolhido de Deus era o pequeno Davi.

Para mim, o belo precisa agradar o todo. Estou saturado de ver pessoas com um padrão de beleza pregado como o melhor, que agrada aos olhos, mas que no envolver-se, causa enjoo. E, ao contrário, fico feliz de ver pessoas que esteticamente não seriam chamados nem de bonitinhas, mas que transmitem uma beleza que vem de dentro e transborda nos olhos compassivos, nas palavras edificantes e saborosas de se ouvir, na educação e no trato simples e elegante para com os outros. Pessoas que não dá vontade de sair de perto. Pessoas que são aconchegantes. É uma delícia estar junto delas. Têm o cheiro de Cristo.

Estas pessoas possuem um sol que brilha forte por trás delas que as fazem ser assim. Segundo o salmista, o nosso Deus é aquele que “converte o deserto em lagos, e a terra seca em nascentes. E faz habitar ali os famintos, que edificam uma cidade para sua habitação; semeiam campos e plantam vinhas, que produzem frutos abundantes. Ele os abençoa, de modo que se multiplicam sobremaneira; e não permite que o seu gado diminua” (Sl 107:35 a 38). Ele transforma os piores desertos em lugares habitáveis e frutíferos; transforma os corações em mananciais de águas puras, vivas, que transbordam, encharcam e contagiam as pessoas que estão ao redor. E existem muitas pessoas que são assim. Estar perto delas nos faz um bem tremendo.

Como já dizia Vinicius, “as feias que me perdoem, mas beleza é fundamental”, e eu concordo plenamente com ele. Esteticamente belos ou não, é fundamental buscarmos a beleza que a presença de Cristo provoca em nossa vida. A beleza que é conquistada com um relacionamento de profundidade com Ele; que é consolidada na intimidade diária com Ele. Esta é a beleza que é fundamental.

Aristóteles escreveu que: “A beleza salvará o mundo”, e eu assino em baixo. A beleza de Cristo salvara o mundo. A pura e cristalina beleza de Cristo refletida através de nós. Essa, sim, é fundamental!