Homilia Pe. Ângelo Busnardo- V Domingo da Quaresma.

V DOMINGO DA PÁSCOA

28 / 04 / 2013

At.14,21b-27 / Ap.21,1-5ª / Jo.13,21-23ª.34-35

Desde que conseguiam organizar uma comunidade, os apóstolos ordenavam bispos e presbíteros para consagrar e distribuir a Eucaristia e conferir o batismo aos novos membros que aderissem ao Evangelho e viajavam para formar comunidades em outras cidades. Assim que perceberam que a comunidade de Antioquia tinha condições de seguir sem a presença deles, São Paulo e São Barnabé partiram para anunciar o Evangelho em outras cidades.

Chegando em Antioquia da Pisídia, São Paulo e Barnabé anunciaram o Evangelho na sinagoga com muita aceitação por parte da comunidade, mas líderes religiosos se voltaram contra São Paulo e Barnabé. Por causa da perseguição movida pela comunidade judaica, São Paulo e Barnabé tiveram que abandonar as cidades de Listra, Icônio e Antioquia da Pisídia antes de estruturar as comunidades cristãs locais com bispos e presbíteros. Por isto, voltaram para estas cidades para completar a obra missionária: 21 Depois de terem evangelizado aquela cidade, onde fizeram muitos discípulos, voltaram para Listra, Icônio e Antioquia. 22 Ali animaram os discípulos, exortando-os a permanecerem na fé, e diziam: “É preciso passar por muitas tribulações para entrar no reino de Deus”. 23 Em cada Igreja constituíram presbíteros pela imposição das mãos; com orações e jejuns os recomendaram ao Senhor, em quem tinham confiado (At.14,21-23).

O Messias tinha sido anunciado aos judeus com muitas profecias. Jesus veio e concentrou sua missão em Israel. Além de não aceitar Jesus, os líderes eclesiásticos hebreus perseguiam os poucos judeus que aderiram à pessoa de Jesus e continuaram a obra dele, anunciando o Evangelho aos não judeus. Jesus veio para salvar a humanidade a começar pelos hebreus e acabou se tornando vítima deles. As comunidades judaicas espalhadas pelo mundo pagão se tornaram o maior empecilho para a difusão do Evangelho.

Com sua encarnação, morte e ressurreição, Jesus colocou a salvação à disposição de toda a humanidade, mas não cumpriu todas as profecias. Porém, segundo o próprio Jesus afirmou, todas as profecias se cumprirão antes do fim do mundo: 17 Não penseis que vim abolir a Lei ou os Profetas. Não vim abolir mas completar. 18 E eu vos garanto: enquanto não passar o céu e a terra, não passará um i ou um pontinho da Lei, sem que tudo se cumpra (Mt.5,17-18). A volta do paraíso terrestre (céus novos e terra nova) é a profecia mais maravilhosa que ainda não foi cumprida e cujo cumprimento depende exclusivamente de uma intervenção direta de Deus Pai:

1. 17 Sim, vou criar novo céu e nova terra: Já não haverá lembrança do que passou, nisto já não se pensará. (Is.65,17).

2. 13 Nós, porém, de acordo com a sua promessa (promessa de Jesus) esperamos novos céus e nova terra em que mora a justiça (2Pr.3,13).

3. 10 venha o teu Reino, seja feita a tua vontade assim na terra, como no céu: O único período em que toda a humanidade, constituída então de apenas duas pessoas, fez, na terra, a vontade de Deus de forma tão perfeita como ela está sendo feita agora no céu foi o período que vai da criação do primeiro casal até eles cometerem o primeiro pecado. Portanto, na oração do Pai nosso pedimos a volta do paraíso terrestre. Jesus mandou pedir a volta do paraíso terrestre porque está nos planos do Pai re-estabelecer na terra o paraíso terrestre.

Na visão do Apocalipse, São João viu a terra transformada num novo paraíso terrestre: 1 Vi um céu novo e uma terra nova, porque o primeiro céu e a primeira terra haviam desaparecido e o mar já não existia (Ap.21,1). No paraíso terrestre, o Pai aparecia a Adão e Eva e conversava com eles, mas não morava na terra. No novo paraíso terrestre, Jesus que é Deus voltará a aparecer a todos os seres humanos de mesma forma que, durante quarenta dias, apareceu aos discípulos após a ressurreição: 11 Eles também disseram: “Galileus, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que foi elevado ao céu de vosso meio, voltará assim como o vistes subir para o céu” (At.1,11). Na visão do Apocalipse, São João viu Jesus presente na terra: 2 Vi a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu do lado de Deus, ornada como uma esposa se enfeita para o esposo. 3 Ouvi uma voz forte do trono, que dizia: “Eis a tenda de Deus entre os homens. Ele levantará sua morada entre eles e eles serão seu povo e o próprio Deus-com-eles será o seu Deus (Ap.21,2-3). No paraíso terrestre, não havia sofrimento e nem morte do corpo e no novo paraíso também não haverá morte e nem sofrimento: 4 Enxugará as lágrimas de seus olhos (fim do sofrimento) e a morte já não existirá nem haverá luto nem pranto nem fadiga, porque tudo isso já passou” (Ap.21,4).

O paraíso terrestre durou até Adão e Eva cometerem o primeiro pecado. Após o pecado, Deus procurou o primeiro casal para perdoá-los, nenhum dos dois se arrependeu, Adão acusou Eva e esta acusou a serpente, por isto, Deus destruiu o paraíso terrestre através da maldição da terra: 17 Para o homem ele disse: “Porque ouviste a voz da mulher e comeste da árvore, cujo fruto te proibi comer, amaldiçoada será a terra por tua causa. Com fadiga tirarás dela o alimento durante toda a vida (Gn.3,17).

Como os novos céus e a nova terra (novo paraíso terrestre) só podem ser criados e subsistir com a ausência do pecado, todos os pecadores que não se converterem deverão ser eliminados por Deus. Para destruir o paraíso terrestre Deus amaldiçoou a terra. Para recriar o paraíso terrestre Deus precisará retirar a maldição da terra. Quando Deus retirar a maldição da terra para recriar o novo paraíso terrestre todo aquele que estiver em pecado mortal morrerá instantaneamente, porque o corpo que é feito de terra fica livre da maldição e alma continua amaldiçoada pelos pecados pessoais da pessoa em questão. Neste caso, o corpo livre da maldição se torna incompatível com a alma que continua amaldiçoada e se separa dela. A morte é a separação da alma do seu respectivo corpo.

A morte de Jesus é o começo da sua glorificação, porque Jesus precisava passar pela morte física para se libertar do corpo feito de uma porção de terra amaldiçoada por Deus para recuperá-lo feito da mesma porção de terra livre da maldição ao ressuscitar: 31 Assim que Judas saiu, disse Jesus: “Agora o Filho do homem foi glorificado e Deus nele. 32 Se Deus foi glorificado nele, também Deus o glorificará em si mesmo e o glorificará em breve (Jo.13,31-32).

Na última ceia, Jesus decretou um mandamento novo: 34 Eu vos dou um novo mandamento: que vos ameis uns aos outros. Assim como eu vos amei, amai-vos também uns aos outros. 35 Todos saberão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (Jo.13,34-35). Este mandamento é radicalmente restritivo:

1. Jesus não mandou os onze apóstolos amar toda a humanidade.

2. Jesus não mandou os onze apóstolos amar todos os judeus.

3. Jesus não mandou os onze apóstolos amar os seguidores dele.

4. Jesus mandou cada um dos onze amar os outros dez apóstolos.

5. Aqueles que não faziam parte da comunidade deles reconheceriam que os onze apóstolos eram discípulos de Jesus se cada um deles amasse os outros dez.

Código : domin836

Ângelo José Busnardo

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Pe. Ângelo Busnardo.
Enviado por Joanne em 24/04/2013
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