Dorival Caymmi na doçura de viver e morrer
Padre Geovane saraiva*
Morre o grande brasileiro Dorival Caymmi, que nasceu em Salvador – BA, no dia 30 de abril de 1914, foi chamado para o seio do Pai no dia 16 de agosto deste ano de 2008. Homem de vida tranquila, que como ninguém, soube descrever a vida dos pescadores, cantada de maneira poética, suave, pura e simples, às vezes trágica.
A vida deste homem talentoso se desenvolveu, proporcionando ao povo brasileiro o que é mais belo e agradável aos sentidos. Compositor da melhor qualidade, responsável, em grande parte, pela a imagem da Bahia, com seu estilo inconfundível de compor e cantar, causando uma enorme alegria, e ao mesmo tempo influenciando às diversas gerações de músicos brasileiros.
Dorival Caymmi foi extraordinário em tudo. Viveu longe de todo e qualquer melancolia e sempre guardou na memória os melhores acontecimentos da vida e não abriu mão de ser feliz e passar essa felicidade para todo povo brasileiro. Mostrou, com sua longa vida, a doçura de viver e morrer. É o que diz a sua belíssima canção: “É doce morrer no mar, nas ondas verdes do mar”.
A canção: “Eu vou pra maracangalha eu vou, Eu vou de uniforme branco eu vou, Eu vou de chapéu de palha eu vou, Eu vou convidar Anália eu vou...”, descreve um grande sonho, numa realidade ou lugar ideal e fantástico, de uma extrema profundidade. Canção que está na alma de todo povo brasileiro. É um retrato pitoresco, jovial e radiante da nossa querida gente, em todas suas classes sociais, raças, culturas e ideologias, penetrando em todos os lares e rincões deste imenso Brasil.
Dorival nos ensinou a gostar de viver e amar a vida, a dizer que essa mesma vida, embora dura, exigente e desafiadora, tem que está dentro do contexto de pessoas que desejam viver de um modo harmônico e civilizado. De pessoas que descruzam os braços e lutam, sonhando com a realização pessoal: “Pequei um Ita no norte, Pra vim por Rio morar, Adeus meu Pai, minha mãe, Adeus Belém do Pará. Mamãe me deu um conselho na hora de viajar, Meu filho ande direito, que é pra Deus lhe ajudar”.
*Padre da Arquidiocese de Fortaleza, Escritor, Membro da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE), da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza e Vice-Presidente da Previdência Sacerdotal.
Pároco de Santo Afonso - geovanesaraiva@gmail.com