A compaixão de Jesus rompe barreiras

Padre Geovane Saraiva*

Nas ocasiões mais duras, exigentes e dramáticas da vida, o povo de Israel sempre se lembrava das promessas de Deus Pai, feitas em Abraão, Moisés e nos profetas e, ao mesmo tempo aguardava-as ansiosamente. Lembrar, aguardar significava para o povo continuar com aquela força, aquela mística, confiando no acordo, na aliança de Javé, um Deus sempre fiel.

Jesus, ao descer da montanha sagrada, depara-se com uma grande multidão, que começa a segui-lo. A sua solidariedade misericordiosa para com os enfermos e sofredores, revela de um modo profundo e inaudito, sua vontade de realizar a missão recebida do Pai, em favor da humanidade carente e pecadora, com suas misérias morais, espirituais e corporais, restaurando-a e libertando-a, lá pelas raízes.

Ao olharmos nós para o leproso, aquele homem marcado pelo pela marginalização religiosa e pelo preconceito, enfermidade e, na concepção da época um castigo de Deus, que o excluía do seu convívio, significando uma grande dor e terrível sofrimento, não podendo também se aproximar das pessoas. O maravilhoso encontro de Jesus com o leproso, estendendo a mão e tocando-o, rompe e ultrapassa barreiras, que humanamente eram intransponíveis (cf. Mt 8, 1-4).

Quando estamos sofridos, oprimidos, desiludidos e desencorajados, com nossa fé colocada à prova, surge providencialmente, muitas vezes pessoas, como se fosse a própria mão de Deus, com palavras de ânimo, consolo e esperança. Como o povo de Deus de outrora, devemos acolhê-las, confiantes de que é o mesmo Deus presente e escondido na dor e sofrimento, revelando-se a seu povo (cf. Hb 1, 1-3).

Em Jesus, poder e vontade caminham juntos. Ao curar o leproso, o Mestre mostra e revela de um modo pedagógico, para a humanidade, seu poder salvífico, que é o de realizar a vontade do Pai, que criou tudo por amor e para felicidade de todos e não para alguns.

Aquele homem, ao olhar e aproximar-se de Jesus, é importante frisar, que suas palavras e gestos revelam a sua fé no verbo encarnado, superior e incomparável a qualquer empecilho: prostou-se e o chamou de Senhor: “Senhor, se queres, tens o poder de purificar-me”. O leproso, totalmente curado, nos ensina algo precioso, de que os milagres de Jesus colocam diante dos nossos olhos, mente e coração, o belo e o maravilhoso, seu projeto de amor e messiânico.

*Padre da Arquidiocese de Fortaleza, Escritor, Membro da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE), da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza e vice-presidente da Previdência Sacerdotal.

Pároco de Santo Afonso

Geovane Saraiva
Enviado por Geovane Saraiva em 13/04/2013
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