Homilia de Pe. Ângelo Busnardo- III Dom. da Páscoa.

III DOMINGO DA PÁSCOA

14 / 04 / 2013

At.5,27b-32.40b-41(At.5,27-42) / Ap.5,11-14 / Jo.21,1-19

Ao se despedir dos apóstolos, Jesus deu ordem para anunciar o Evangelho a todos os povos: 18 Então Jesus se aproximou e lhes disse: “Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. 19 Ide, pois, fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, 20 ensinando-os a observar tudo quanto vos mandei. Eis que eu estou convosco, todos os dias, até o fim do mundo” (Mt.28,18-20). Durante a vida pública, Jesus tinha enviado setenta e dois discípulos a pregar dois a dois: Depois disso, designou Jesus outros setenta e dois e os enviou dois a dois na frente a toda cidade e lugar aonde havia de chegar (Lc.10,1). Como a ordem de Jesus era de anunciar o Evangelho a todos os povos, os apóstolos e discípulos deviam dirigir-se dois a dois para todo o território de Israel e para o exterior para anunciar o Evangelho.

As pregações dos apóstolos convertiam muita gente e os bons resultados levaram-nos a ficar todos em Jerusalém. Os convertidos paravam de pagar dízimo ao templo e pagavam o dízimo e faziam doações para os seguidores de Jesus. No templo de Jerusalém trabalhavam vinte e quatro equipes de sacerdotes (Cf.1Cr.24) que com as suas famílias dependiam do dinheiro arrecadado no templo para viver. Apesar de que isto não está explicito nos Evangelhos, o motivo das perseguições devia ser o risco dos sacerdotes perder sua principal fonte de renda. Por isto, prenderam alguns apóstolos, os açoitaram e proibiram de anunciar o nome de Jesus: 27 Trouxeram-nos e os introduziram na sala do Sinédrio. O Sumo Sacerdote os interrogou, 28 dizendo: “Não vos ordenamos solenemente que não ensinásseis neste nome? E não obstante, enchestes Jerusalém de vossa doutrina e quereis fazer-nos responsáveis pela morte deste homem” (At.5,27-28). Se tivessem ficado em Jerusalém somente dois apóstolos e os demais tivessem partido para pregar em outros lugares é provável que os sacerdotes não tivessem reagido de forma tão violenta.

Por traz destes fatos podemos ver também a mão de Deus, usando o chicote da perseguição para forçar os discípulos a cumprir a ordem de anunciar o Evangelho a todos os povos. Após a morte de Estêvão, os discípulos partiram para outras regiões para anunciar o Evangelho: 57 Gritando em altas vozes, taparam os ouvidos e todos juntos se lançaram sobre ele. 58 Arrastaram-no para fora da cidade e o apedrejaram. As testemunhas depositaram suas vestes aos pés de um jovem chamado Saulo (At.7,57-58). Sem a perseguição, provavelmente a dispersão dos discípulos e apóstolos teria demorado mais para acontecer.

Tudo aquilo que foi criado deve dar glória a Deus: 13 E todas as criaturas no céu, sobre a terra e debaixo da terra e no mar, e tudo que neles há, ouvi-os dizendo: “Àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro, a bênção, a honra, a glória e o império pelos séculos dos séculos”. 14 E os quatro seres vivos responderam: “Amém”. E os anciãos caíram de joelhos e adoraram (Ap.5,13-14). Mas entre todas as criaturas, somente os seres inteligentes, isto é, os anjos e os seres humanos têm capacidade para expressar o louvor devido a Deus. Pelo fato de serem livres, tanto os anjos como os seres humanos podem recusar o louvor devido a Deus e até odiá-lo. Parte dos anjos inverteu a sua função e se tornou demônios. A maioria dos seres humanos concentra sua vida na busca dos bens materiais e também não cumpre sua obrigação para com Deus. Por isto, Deus foi forçado a criar o inferno.

Durante quarenta dias após a ressurreição, Jesus apareceu com frequência aos apóstolos e discípulos. Na aparição na praia a sete apóstolos, além de aparecer, Jesus fez um milagre: 4 Chegada a manhã, Jesus estava na praia, mas os discípulos não o reconheceram. Jesus perguntou: “Moços, tendes alguma coisa para comer?” Eles responderam: “Não”. 6 Jesus lhes disse: “Lançai a rede à direita do barco e achareis”. Lançaram pois a rede, e foi tão grande a quantidade de peixes que não podiam arrastá-la (Jo.21,4-6). Jesus deve ter ficado diversas horas na praia com os sete apóstolos, pois cozinharam peixes e comeram. Naquele período, outros pescadores devem ter recolhido as redes e o produto da pesca naquela mesma praia. Muitos moradores da região devem ter ido à praia para comprar peixes. Portanto, Jesus foi visto por um razoável número de pessoas, mas foi reconhecido somente pelos sete apóstolos.

Os apóstolos não tiveram a idéia de apresentar Jesus às pessoas que passaram pela praia. Como Jesus morou em Cafarnaúm durante a vida pública, certamente muitas pessoas que estiveram na praia naquela manhã conheciam Jesus. Se os apóstolos tivessem apresentado Jesus às pessoas que circularam pela praia, provavelmente, alguns teriam ido buscar parentes e conhecidos doentes e Jesus teria feito outros milagres além da pesca milagrosa.

Jesus distribuiu pão e peixe para os apóstolos presentes: 12 Jesus lhes disse: “Vinde comer”. Nenhum dos discípulos se atreveu a perguntar-lhe: “Quem és tu?”, sabendo que era o Senhor. 13 Jesus aproximou-se, tomou o pão e deu para eles, e também o peixe (Jo.21,12-13). O gesto de distribuir pão e peixe não pode ser confundido com a Eucaristia, porque Jesus não pronunciou a fórmula da consagração (Isto é o meu corpo... Isto é o meu sangue...) e, além disso, não foi usado vinho naquela refeição.

Código : domin834

Ângelo José Busnardo

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Pe. Ângelo Busnardo.
Enviado por Joanne em 10/04/2013
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