JESUS PERDOA, MAS ... APROVA UM SINDICATO?

(Autor Neemias Félix)

Por não fazerem uma leitura correta de certas passagens bíblicas e por ignorarem os princípios mais comezinhos de interpretação das Escrituras, as pessoas incorrem num erro muito comum quando, em nome do “amor”, atribuem a Jesus pensamentos que ele nunca teve, ideias que ele nunca apoiou, enfim, uma tolerância ou condescendência que ele nunca adotou e que beira à cumplicidade, à conivência irresponsável.

É ignorância crassa achar que o Deus do Velho Testamento era um senhor iracundo que, com o dedo em riste, vivia a acusar e a castigar pecadores. Exemplo disso é que os mandamentos, tão peremptórios quanto duros, são, na verdade, prova da ternura e do amor de Deus para que o homem não sofra ou se arrebente pela vida afora. É igualmente errôneo achar que Iavé se encarnou num Jesus bonzinho, que passava a mão na cabeça de pecadores, estimulando-os a continuar sua vidinha desregrada e porca depois de um encontro impactante e transformador com Aquele que, mesmo tentado, nunca pecou.

Infelizmente é o que se ouve da boca de muita gente que tenta levar a vida debaixo de uma de graça barata, completamente estranha ao amor exigente mostrado pelo Mestre, que veio para completar a lei e ensinar que o pecado está presente não apenas na ação daquele que o pratica, mas principalmente na intenção maldosa, muito antes da materialização do ato pecaminoso. Um Deus que, nas palavras de Paulo, “corrige o que ama e açoita o que recebe como filho (Hb 12.6)” não compactua com pecadores renitentes e contumazes. Há muita diferença entre o passarinho que suja os pés eventualmente e dá voos rasantes para limpá-los na água do rio e o porco que chafurda gostosamente na lama. Há muita diferença entre o pecador que luta para fugir do pecado e aquele que corre celeremente para ele.

O episódio bíblico predileto dos portadores dessa vesguice hermenêutica para justificar sua contumácia pecaminosa é, certamente, o encontro da mulher adúltera com Jesus. O grande erro desses modernos e relapsos escribas revela-se em três pontos principais: não perceber a atitude humílima da pecadora, olhar a expressão “nem eu te condeno” com lentes de aumento e fazer vistas grossas à ordem categórica: “Não peques mais”.

Sim, é claro que Jesus perdoa o pecador, por pior que seja. Mas espera que o seu amor seja tão desconcertante e constrangedor que o penitente responda com vida limpa, que não tenha prazer no pecado, que se desvie do mal. Jesus perdoa o criminoso, mas espera que ele não crie e oficialize uma associação para o crime; Jesus perdoou a mulher adúltera, mas certamente esperava que ela não fundasse uma associação para legalizar o adultério; Jesus perdoa a prostituta, mas espera que ela se sustente com um trabalho honesto, não que crie uma entidade de defesa da prostituição; Jesus perdoa a mulher que aborta, mas espera que ela não crie uma agremiação que defenda a descriminação do aborto; Jesus perdoa o homossexual arrependido, mas com certeza abomina aquele que quer oficializar essa prática e atribuir virtudes a essa abominável perversão. Até porque o amor mencionado pelo apóstolo Paulo, no famoso capítulo 13 da Primeira Carta aos Coríntios, não se coaduna com a injustiça e muito menos com a indecência (vv. 5 e 6).

Em síntese: Jesus ama e perdoa o pecador, mas não tolera a instituição do mal, a associação para a defesa do erro, o absurdo sindicato da institucionalização do pecado

NEEMIAS FÉLIX
Enviado por RUBENS MONTEIRO DE LIMA em 09/04/2013
Código do texto: T4232448
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