A PRESENÇA DO SENHOR

Encontramos várias passagens bíblicas que falam sobre a presença do Senhor; por isso vamos buscar diligenciar esforços no sentido de entender o que isso significa, a fim de alcançarmos proveito naquilo que nos é revelado através das Escrituras, a qual é apta para ensinar, corrigir, instruir na justiça, para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente habilitado para toda boa obra.

Vamos citar aqui um episódio narrado nas Sagradas Escrituras, a fim de entendermos o que significa a presença do Senhor.

Então falou o Senhor a Moisés, dizendo:

Fala aos filhos de Israel, e toma deles uma vara para cada casa paterna de todos os seus príncipes, segundo as casas de seus pais, doze varas; e escreverás o nome de cada um sobre a sua vara. Porém o nome de Arão escreverás sobre a vara de Levi; porque cada cabeça da casa de seus pais terá uma vara. E as porás na tenda da congregação, perante o testemunho, onde eu virei a vós. E será que a vara do homem que eu tiver escolhido florescerá; assim farei cessar as murmurações dos filhos de Israel contra mim, com que murmuram contra vós. Falou, pois, Moisés aos filhos de Israel; e todos os seus príncipes deram-lhe cada um uma vara, para cada príncipe uma vara, segundo as casas de seus pais, doze varas; e a vara de Arão estava entre as deles. E Moisés pôs estas varas perante o Senhor na tenda do testemunho. Sucedeu, pois, que no dia seguinte Moisés entrou na tenda do testemunho, e eis que a vara de Arão, pela casa de Levi, florescia; porque produzira flores e brotara renovos e dera amêndoas. Então Moisés tirou todas as varas de diante do Senhor a todos os filhos de Israel; e eles o viram, e tomaram cada um a sua vara. Então o Senhor disse a Moisés: Torna a pôr a vara de Arão perante o testemunho, para que se guarde por sinal para os filhos rebeldes; assim farás acabar as suas murmurações contra mim, e não morrerão. E Moisés fez assim; como lhe ordenara o Senhor, assim fez. Então falaram os filhos de Israel a Moisés, dizendo: Eis aqui, nós expiramos, perecemos, nós todos perecemos. Todo aquele que se aproximar do tabernáculo do Senhor, morrerá; seremos pois todos consumidos? Nm. 17:1-13.

Observe então que a presença do Senhor estava estreitamente ligado à presença do testemunho, que correspondia às tábuas do testemunho, que estavam dentro da arca, no lugar santíssimo, ou no santo dos santos. Vamos transcrever ainda outro episódio para melhor entendermos o que postulamos.

Sucedeu que, acabando todo o povo de passar o Jordão, falou o Senhor a Josué, dizendo: Tomai do povo doze homens, de cada tribo um homem; e mandai-lhes, dizendo: Tirai daqui, do meio do Jordão, do lugar onde estavam firmes os pés dos sacerdotes, doze pedras; e levai-as convosco à outra margem e depositai-as no alojamento em que haveis de passar esta noite. Chamou, pois, Josué os doze homens, que escolhera dos filhos de Israel; de cada tribo um homem; e disse-lhes Josué: Passai adiante da arca do Senhor vosso Deus, ao meio do Jordão; e cada um levante uma pedra sobre o ombro, segundo o número das tribos dos filhos de Israel; para que isto seja por sinal entre vós; e quando vossos filhos no futuro perguntarem, dizendo: Que significam estas pedras? Então lhes direis que as águas do Jordão se separaram diante da arca da aliança do Senhor; passando ela pelo Jordão, separaram-se as águas do Jordão; assim estas pedras serão para sempre por memorial aos filhos de Israel. Js. 4:1-7.

Observemos que a arca ia diante do povo, pois foi pela presença das tábuas do testemunho, que representam o Senhor, que as águas se separaram.

Ainda outro episódio vamos citar, veja:

Ora Jericó estava rigorosamente fechada por causa dos filhos de Israel; ninguém saía nem entrava. Então disse o Senhor a Josué: Olha, tenho dado na tua mão a Jericó, ao seu rei e aos seus homens valorosos. Vós, pois, todos os homens de guerra, rodeareis a cidade, cercando-a uma vez; assim fareis por seis dias. E sete sacerdotes levarão sete buzinas de chifres de carneiros adiante da arca, e no sétimo dia rodeareis a cidade sete vezes, e os sacerdotes tocarão as buzinas. E será que, tocando-se prolongadamente a buzina de carneiro, ouvindo vós o seu sonido, todo o povo gritará com grande brado; e o muro da cidade cairá abaixo, e o povo subirá por ele, cada um em frente. Então Josué, filho de Num, chamou aos sacerdotes e disse-lhes: Levai a arca da aliança; e sete sacerdotes levem sete buzinas de chifres de carneiros, adiante da arca do Senhor. E disse ao povo: Passai e rodeai a cidade; e quem estiver armado, passe adiante da arca do Senhor. E assim foi que, como Josué dissera ao povo, os sete sacerdotes, levando as sete buzinas de carneiros diante do Senhor, passaram e tocaram as buzinas; e a arca da aliança do Senhor os seguia. E os homens armados iam adiante dos sacerdotes, que tocavam as buzinas; e a retaguarda seguia após a arca; andando e tocando as buzinas iam os sacerdotes. Js. 6:1-9.

Mais uma vez vimos que o Senhor estava ali representado pelo que ia dentro da arca, e que era as tábuas do testemunho, ou a tábua dos Dez Mandamentos.

Quando o Senhor deu ordem a Moisés para que colocasse um vaso com uma amostra do maná, disse-lhe que o colocasse diante do Senhor, veja:

Disse também Moisés a Arão: "Toma um vaso, e põe nele um ômer cheio de maná, e coloca-o diante do Senhor, para guardá-lo para as vossas gerações." Êx. 16:33.

Assim o vaso deveria ser colocado dentro da arca do concerto, veja:

"Ora, também a primeira tinha ordenanças de culto divino, e um santuário terrestre. Porque um tabernáculo estava preparado, o primeiro, em que havia o candelabro, e a mesa, e os pães da proposição; ao que se chama o santuário. Mas depois do segundo véu estava o tabernáculo que se chama o santo dos santos, que tinha o incensário de ouro, e a arca da aliança, coberta de ouro toda em redor; em que estava um vaso de ouro, que continha o maná, e a vara de Arão, que tinha florescido, e as tábuas da aliança." Hb. 9:1 a 4.

Por conseguinte, quando Davi trouxe a arca da aliança para a tenda que ele havia construído para ela, veja como ele procedeu diante dela:

"E Davi saltava com todas as suas forças diante do Senhor; e estava Davi cingido de um éfode de linho. Assim subindo, levavam Davi e todo o Israel a arca do Senhor, com júbilo, e ao som das trombetas. E sucedeu que, entrando a arca do Senhor na cidade de Davi, Mical, a filha de Saul, estava olhando pela janela; e, vendo ao rei Davi, que ia bailando e saltando diante do Senhor, o desprezou no seu coração. E introduzindo a arca do Senhor, a puseram no seu lugar, na tenda que Davi lhe armara; e ofereceu Davi holocaustos e ofertas pacíficas perante o Senhor." 2 Sm. 6:14-17.

Por ordem do Senhor, todos os homens de Israel deveriam comparecer três vezes no ano diante do Senhor, ou seja diante da arca do testemunho que continha as tábuas, veja:

“Três vezes no ano todos os teus homens aparecerão diante do Senhor Deus.” Êx. 23:17.

“Porque eu lançarei fora as nações de diante de ti, e alargarei o teu território; ninguém cobiçará a tua terra, quando subires para aparecer três vezes no ano diante do Senhor teu Deus.” Êx. 34:24.

Por conseguinte o sumo sacerdote entrava no santo dos santos onde estavam as tábuas do testemunho, entrando assim na presença do Senhor, veja:

“E estará sobre Arão quando ministrar, para que se ouça o seu sonido, quando entrar no santuário diante do Senhor, e quando sair, para que não morra.” Êx. 28:35.

Quando os filhos de Arão ofereceram fogo estranho diante do Senhor, foi diante da arca que o fizeram, de onde saiu fogo e os consumiu, veja:

“E os filhos de Arão, Nadabe e Abiú, tomaram cada um o seu incensário e puseram neles fogo, e colocaram incenso sobre ele, e ofereceram fogo estranho perante o Senhor, o que não lhes ordenara. Então saiu fogo de diante do Senhor e os consumiu; e morreram perante o Senhor.” Lv. 10:1 - 2.

Diz o escritor dos Atos dos Apóstolos: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham assim os tempos do refrigério pela presença do Senhor, e envie ele a Jesus Cristo, que já dantes vos foi pregado. O qual convém que o céu contenha até aos tempos da restauração de tudo, dos quais Deus falou pela boca de todos os seus santos profetas, desde o princípio. Porque Moisés disse aos pais: O Senhor vosso Deus levantará de entre vossos irmãos um profeta semelhante a mim; a ele ouvireis em tudo quanto vos disser. E acontecerá que toda a alma que não escutar esse profeta será exterminada dentre o povo. Sim, e todos os profetas, desde Samuel, todos quantos depois falaram, também predisseram estes dias. Vós sois os filhos dos profetas e da aliança que Deus fez com nossos pais, dizendo a Abraão: Na tua descendência serão benditas todas as famílias da terra. Ressuscitando Deus a seu Filho Jesus, primeiro o enviou a vós, para que nisso vos abençoasse, no” apartar, a cada um de vós, das vossas maldades.” At. 3:19-26.

Vamos analisar o texto:

Na ocasião o apóstolo Pedro, cheio do Espírito Santo, concitou os religiosos que se encontravam no templo, os quais admiraram-se do que havia acontecido, a arrependerem-se e converterem-se para que fossem apagados os seus pecados. Por que? Porque nada obstante eles serem religiosos e guardadores da lei mosaica, ainda assim eles não eram observadores da Lei de Deus, a qual é a repreensão dEle, que diz por Salomão: “Convertei-vos pela minha repreensão”. Pv. 1:23.

E o texto a seguir confirma a nossa assertiva, veja:

“E venham assim os tempos do refrigério pela presença do Senhor, e envie ele a Jesus Cristo, que já dantes vos foi pregado”.

Atentemos para o texto:

O escritor, por inspiração divina, diz: “e venha assim os tempos do refrigério pela presença do Senhor”. Notemos que dito está: “tempo do refigério e não de refrigério”. E isso está em perfeita sintonia com outra escritura que diz: “A Lei do Senhor é perfeita e refrigera o espírito”. Sl. 19:7, p.parte.

E mais: “Pela presença do Senhor”.

Como já temos provado, o Senhor é, no aspecto jurídico, a representação do Senhor pessoa física, a saber, a Lei de Deus. Para que não tenhamos que nos tornar prolixos, recomendamos a leitura do artigo intitulado “Um nome sobre todo nome”, inserido no estudo intitulado “A Lei Perfeita”. Lá o leitor verá que a Lei de Deus, ou a sua palavra, é o Cristo, que corresponde à pessoa jurídica de Deus, enquanto Jesus é a pessoa física de Deus, ou a sua representação corpórea.

Por esse motivo o escritor dos Atos dos Apóstolos, diz:

“E envie ele a Jesus Cristo”.

Ora, mas Jesus já não havia sido enviado? Então como diz-se que envie ele a Jesus? Como assim?

Por isso diz o Espírito Santo por João: “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama. E aquele que me ama será amado de meu Pai; e viremos a ele e faremos nele morada”. Jo. 14:21.

Portanto, Deus Pai, Deus Filho, e Deus Espírito Santo, só pode vir fazer morada em quem amá-los, o que se faz da seguinte forma:

"Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama." Jo. 14:15.

Porque o amor de Deus não corresponde a um sentimento, mas a guarda dos mandamentos, pois diz o Espírito por João: “Porque o amor de Deus é este: Que guardemos os seus mandamentos, e os seus mandamentos não são pesados”. I Jo. 5:3.

Outrossim, diz mais o Espírito pelo escritor dos Atos dos Apóstolos:

“E envie ele a Jesus, o Cristo, que já dantes vos foi pregado”.

Colocamos entre vírgulas “O Cristo”, já que ele corresponde à pessoa jurídica de Deus, ou à Palavra, que se fez carne e habitou entre os homens, se tornando a pessoa física de Deus, conforme diz João: “No principio era o Verbo, o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. Jo. 1:1”.

E ainda: “Que já dantes vos foi pregado”. Quando isso aconteceu?

É possível que alguns pensem que isso ocorreu para àquela geração ao tempo em que Jesus se encontrou em carne no meio deles. Mas não é assim. Pois o que foi pregado aos Israelitas já desde a antigüidade foi os Mandamentos de Deus, que correspondem às “Boas Novas”, da qual diz o Espírito pelo missivista aos Hebreus:

“Porque também a nós foram pregadas as boas novas, como a eles, mas a palavra da pregação nada lhes aproveitou, porquanto não estava misturada com a fé naqueles que a ouviram.” Hb. 4:2.

“Porquanto, não conhecendo a justiça de Deus, e procurando estabelecer a sua própria justiça, não se sujeitaram à justiça de Deus. Porque o fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê.” Rm. 10:3 e 4.

E as “Boas Novas” que nos têm sido pregadas é aquilo que diz o Espírito por João: “A vida eterna”, da qual disse Jesus serem os “Mandamentos de Deus”. Jo. 12:50.

Assim, a presença do Senhor se faz em nós através da presença da sua palavra, pois disse Jesus: “Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo que quiserdes e vos será feito”. Jo. 15:7.

Portanto, quando a escritura diz que “Jotão dirigiu os seus caminhos na presença do Senhor seu Deus”, 2 Cr. 27:6, é porque Jotão andou segundo os Mandamentos de Deus.

Porque disse ainda o escritor dos Atos dos Apóstolos, relativos a Jesus:

“O qual convém que o céu contenha até aos tempos da restauração de tudo. At. 3:21.

Ora se o céu deve conter a Jesus até aos tempos da restauração de tudo, e disse Jesus “Não vos deixarei órfãos, mas voltarei para vós”, “e estarei convosco até a consumação dos séculos”, então ele estará através da sua pessoa jurídica , “os seus Mandamentos”, que o representa, e que é como ele mesmo, que é a “Sua Palavra”, que é espírito e vida, pela qual também temos o seu Espírito.

Por isso disse Deus para Abrão: “Anda na minha presença e sê perfeito”. Gn. 17:1.

E para isso é toda Escritura inspirada. Para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir na justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente habilitado para toda boa obra. II Tm. 3:16.

Portanto, “Treme, terra, na presença do Senhor, na presença do Deus de Jacó. O qual converteu o rochedo em lago de águas, e o seixo em fonte de água”. Sl. 114:7 e 8.