Para ganhar um maior número fiz-me servo
Padre Geovane Saraiva*
O bispo recebe a missão de ensinar e pregar o Evangelho a toda criatura, a fim de que os homens, pela vivência da fé, do batismo e pela observância dos mandamentos, participem da salvação, isto é, da glória futura. Juntamente com o Sumo Pontífice e sob sua autoridade recebeu o bispo, a missão de tornar perene a obra de Cristo, o Pastor eterno. Ele é, portanto, pelo Espírito Santo, que lhe foi derramado, constituído verdadeiro e autêntico mestre da fé, pontífice e pastor. (cf. Christus Dominus).
Dom Roque Paloschi, bispo de Roraima, gente muito boa, nosso amigo e colega nos estudos de teologia, com a sua simplicidade e alegria a contagiar a todos, visitou nossa paróquia de Santo Afonso, em agosto de 2006, deixando para todos nós uma grande bênção, uma grande graça.
Trata-se um irmão querido, cheio de sonhos, com a coragem e energia do bom pastor, que se fez servo obediente, de acordo com seu lema: “Fiz-me servo”, para viver o ministério de bispo e pastor missionário, na Amazônia. Lema dele foi tirado da carta do Apóstolo Paulo aos Coríntios: “Ainda que livre em relação a todos, fiz-me servo de todos, a fim de ganhar o maior número” (1Cr 9,19).
Queremos aprender a lição que brota do seu bondoso e dadivoso coração, disponível para serviço e, a seu exemplo, viver o nosso batismo e procurar corresponder como apóstolos e missionários, na nossa Igreja Católica. A oração coleta para o dia mundial das missões diz assim: “Despertai nos corações dos fiéis a consciência de que são chamados a trabalhar pela salvação da humanidade, até que de todos os povos surja e cresça para vós uma só família e um só povo”.
Ser missionário é aceitar as condições exigidas pelo divino Mestre, de beber do mesmo cálice e ser batizado no mesmo batismo com que ele foi batizado (cf. Mc 10,38), na certeza de que Jesus, o médico que cura os enfermos, perdoa e senta-se à mesa com os pecadores; que também é o esposo a inaugurar um tempo novo; que ainda quer libertar a criatura humana de todo tipo de mal, para conduzi-la a liberdade dos filhos de Deus. Estas mesmas exigências nos são oferecidas, em primeiro lugar ao bispo, em seguida aos sacerdotes e ao povo de Deus, na esperança do feliz dia, em nos encontraremos, todos sentados à mesa, na sua glória.
Que o dia mundial das missões nos dê a convicção que os valores últimos, tão preciosos e imprescindíveis, para que possamos ser marcados pela graça e a ternura de Deus. Que aconteça lá dentro, no nosso interior, uma grande paixão por Jesus Cristo e por seu Evangelho, nunca esquecendo, a exemplo de Dom Roque Paloschi, o imperativo do Pastor dos pastores, a nos dizer: “Ide pelo mundo inteiro e pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15).
Queira o Senhor recompensá-lo pelo bem que nos causou a sua visita. Que o seu ministério episcopal, como bispo missionário na Amazônia, bem como suas intenções e motivações, sejam confiadas à intercessão da padroeira de sua diocese de Roraima, Nossa senhora do Carmo. Dom Roque, o nosso muito obrigado!
*Padre da Arquidiocese de Fortaleza, Escritor, Membro da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE), da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza e vice-presidente da Previdência Sacerdotal.
Pároco de Santo Afonso