Sexta feira-santa, dor de Cristo, dor do povo

Sempre tentei compreender o porquê de tanta gente na procissão da sexta-feira santa, ela não faz parte da liturgia, não é preceito, então porque sempre mais pessoas nesta procissão do que na de domingo de ramos, essa sim litúrgica?

Então ouvi muito para chegar a uma conclusão, a ter minha opinião sobre o fato religioso.

Antes até brincava que as pessoas iam para enterrar Jesus e no sábado poucos voltavam para a ressurreição, o preferiam enterrado para não terem compromisso com sua palavra e com mensagem.

Porém hoje até participo mais motivado desta procissão pois mudei de opinião.

Vejo as pessoas que participam muitas delas vão todos os finais de semana na missa, mas alguns vão somente nesta procissão, e isso não quer dizer que uns são melhores que outros, não é disso que estou falando.

Hoje vejo e sinto no rosto das pessoas o motivo de tanta participação neste rito popular, é a identificação com o sofrimento do Cristo no caminho do calvário.

São pessoas sofridas, que se identificam com a dor e o sofrimento que Jesus viveu no trecho carregando sua cruz, as quedas são também as quedas do povo na caminhada da vida, a cruz é também a cruz de um povo sofrido que vê em Jesus um parceiro na dor.

Por isso meu respeito a este ato religioso popular, respeito pela dor na caminhada, as dificuldades, quedas, mas sempre com a esperança de um ombro amigo que ajude a carregar a cruz por um instante como fez o cirineu, a esperança que alguém enxugue seus rosto coberto de lágrimas como fez a Verônica, alguém que os ajude a levantar em cada queda e que mesmo crucificado, haja alguém que venha matar sua sede para aliviar seu sofrimento.

Enfim, a dor do povo é a própria dor de Jesus ou mesmo a dor de Jesus é a dor do povo.