Dom Edmilson da Cruz: “sacerdos in aeternum”

Padre Geovane Saraiva*

Nas nossas florestas, que para nós são paróquias, têm muita coisa boa, dizia Dom Moacyr Grechi, ao pregar o retiro do clero de Fortaleza, de 02 a 06 de julho de 2007. É verdade, têm muita coisa boa nas nossas comunidades, que formam Igreja do Ceará e do Brasil.

E uma dessas coisas boas, que nos alegre e nos enche de esperança é o nosso querido Dom Edmilson da Cruz, que é como o vinho, que ao passar dos anos, fica sempre e cada vez melhor. O Papa Bento XVI, no discurso aos jovens em São Paulo, no Estádio do Morumbi, em maio de 2007, disse: "Sem o rosto jovem a Igreja se apresentaria desfigurada". Sem Dom Edmilson a nossa Igreja seria bem mais pobre e desfigurada.

É num clima de grande alegria e de gratidão, porque “a gratidão é o único tesouro dos humildes", segundo afirmava Willian Schakespeare, que a Igreja do Ceará agradece a Deus o dom belo e maravilhoso dos 60 anos de ministério sacerdotal de Dom Edmilson, bispo emérito de Limoeiro do Norte. Nascido na cidade de Acaraú – CE, aos 05.10.1924, ordenado sacerdote no dia 05.12.1948 e bispo há 42 anos, no dia 06.11.1966.

Grande homem de Deus, que soube acolher, viver, partilhar e acreditar nos dons e talentos recebidos de Deus. Soube, com alegria, ser ministro da palavra, da reconciliação e da esperança, animando e encorajando os desanimados, os pobres e excluídos. Soube em profundidade e com grande sabedoria e coragem profética, se adaptar e compreender as diversas realidades, sobretudo, no mundo de hoje, a Igreja dos empobrecidos, a Igreja do Concílio Vaticano II, sem nunca ouvir da sua boca, "no meu tempo", as coisas eram diferentes.

Dom Edmilson, foi de fato, "Sacerdos in Aeternum", com sua grandeza de alma e coração, próprio dos místicos, nunca de mãos vazias, olhando para o futuro, na certeza de o "futuro pertence aqueles que acreditam na beleza dos seus sonhos", traduzindo com coerência os sonhos em realidade, como bom operário da vinha do Senhor.

Cristo, como sumo sacerdote, foi designado por Deus, ao contrário dos sacerdotes de Israel, que eram apenas sombra do nosso sumo e eterno sacerdote, Nosso Senhor Jesus Cristo, não se glorificou a si mesmo, para se fazer sumo sacerdote, mas sim aquele que lhe disse: "Tu és meu filho, hoje te gerei" (cf. Hb 5, 5). É neste sentido que compreendemos o ministério sacerdotal de Dom Manuel Edmilson da Cruz, na sua beleza e na sua preciosidade, como um tesouro, sem nunca pensar em si mesmo, mas com uma enorme vontade lutar, porque "enquanto houver vontade de lutar, haverá esperança de vencer" (Santo Agostinho).

Que nosso querido irmão, Dom Edmilson, na sua paixão por Jesus Cristo e seu Reino, marcado pelas virtudes da esperança, humildade e simplicidade, há sessenta anos sacerdote eternamente segundo a Ordem de Melquisedeque, nos encha de ânimo e esperança, no sentido de vivermos bem o momento presente, e a seu exemplo, fazer surgir sinais de esperança, sinais da presença do reino de Deus.

*Padre da Arquidiocese de Fortaleza, Escritor, Membro da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE), da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza e vice-presidente da Previdência Sacerdotal.

Pároco de Santo Afonso

geovanesaraiva@gmail.com

Autor dos livros:

“O peregrino da Paz” e “Nascido Para as Coisas Maiores” (centenário de Dom Helder Câmara);

“A Ternura de um Pastor” - 2ª Edição (homenagem ao Cardeal Lorscheider);

“A Esperança Tem Nome” (espiritualidade e compromisso);

"Dom Helder: sonhos e utopias" (o pastor dos empobrecidos).

Geovane Saraiva
Enviado por Geovane Saraiva em 21/03/2013
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