Ver tudo, tolerar muito e corrigir pouco
Padre Geovane Saraiva*
Carlos Borromeu nasceu próximo da cidade de Milão – Itália, em 1538, numa época profundamente marcada pelo nepotismo. Sua mãe era uma mulher de grande fé, acompanhada da piedade, com privilégio de ser irmã do Papa Pio IV. Ela cuidou com muito amor da educação do filho em todos os sentidos, especialmente da parte moral e religiosa. Jovem inteligente e aberto à realidade do mundo de seu tempo, como um exímio aluno do curso de Direito na Universidade de Pávia. Sabemos que as virtudes são excelsas e neste sentido Deus o marcou com a virtude de ir ao encontro das pessoas, de acolhê-las e bem tratá-las.
Pio IV o chamou à cidade eterna e o nomeou Cardeal e Arcebispo de Milão, com apenas 22 anos de idade, mesmo sem ser sacerdote. O jovem Carlos Borromeu recebeu as Ordens Sagradas – Padre e Bispo. Ao iniciar a carreira eclesiástica, parecia não muito animadora para os que sonhavam com a reforma da Igreja. Mas a partir daquele momento em diante, sua vida se transformou por completo, sendo selado por Deus e por sua infinita misericórdia, na ascese, na piedade e na caridade.
Bispo extraordinário e grandioso, pela vigilância pastoral e esplêndidas virtudes, mostrando ao mundo a verdadeira face pascal Senhor ressuscitado, tornando-se um servo bom e fiel, no serviço do Evangelho, ao edificar o reino de Deus, pela fervorosa caridade pastoral, manifestando-a especialmente no cuidado aos pobres, na inesquecível peste de Milão.
São Carlos Borromeu pertence aos grandes promotores na renovação da fé e dos costumes, sancionado pelo Concílio de Trento. Modelo de pastor de almas, entrelaçado pela autoridade e a oração, no seu zelo e caridade de pastor. Tinha como princípio pedagógico: “ver tudo, tolerar muito e corrigir pouco” (omnia videre, multa tollerare, pauca corrigere), certamente muito válido para os dias de hoje.
Homem vigoroso, de uma força e coragem inabalável, na sua atividade de ensinar santificar e governar, concretamente, causando mudanças nos costumes e na mentalidade de seu povo. Promoveu procissões, suplicando a misericórdia divina e o perdão dos pecados. Para dar bom exemplo, o grande Bispo de Milão acompanhou uma, das muitas procissões, com os pés descalços.
Seu modo exemplar de viver, sendo grande como Santo e como Bispo, foi imprescindível, para que no século XVI se levantasse por toda a Europa vozes angustiadas, clamando por reforma dentro da Igreja, começando pelos próprios pastores: Bispos e Padres. Como Arcebispo, mostrou-se cumpridor dos seus deveres, criando um modelo e uma mentalidade diferente, ocasionando um grande impacto, de tal maneira, que proporcionou em toda a Igreja, sua renovação espiritual. Patrimônio do mundo cristão, a data do seu nascimento para Deus deu-se no dia 04 de novembro de 1584, dia em que Igreja comemora sua festa.
*Padre da Arquidiocese de Fortaleza, Escritor, Membro da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE), da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza e vice-presidente da Previdência Sacerdotal.
Pároco de Santo Afonso
geovanesaraiva@gmail.com
Autor dos livros:
“O peregrino da Paz” e “Nascido Para as Coisas Maiores” (centenário de Dom Helder Câmara);
“A Ternura de um Pastor” - 2ª Edição (homenagem ao Cardeal Lorscheider);
“A Esperança Tem Nome” (espiritualidade e compromisso);
"Dom Helder: sonhos e utopias" (o pastor dos empobrecidos).