Homilia Pe. Ângelo Busnardo- IV DOMINGO DA QUARESMA.

IV DOMINGO DA QUARESMA

10 / 03 / 2013

Js.5,9ª.10-12 / 2cor.5,17-21 / Lc.15,1-3.11-32

Durante a travessia do deserto, os hebreus não tinham condições de produzir alimento suficiente. Por isto, Deus os alimentou com as codornizes e o maná. Nas regiões em que não havia água, Deus fez jorrar água milagrosamente de uma rocha. Mas ao entrar na terra de Canaã, o fornecimento milagroso de comida e água acabou: 11 No dia seguinte à Páscoa comeram dos produtos da terra, pães sem fermento e grãos tostados, nesse mesmo dia. 12 O maná cessou no dia seguinte, quando comeram dos produtos da terra. Os israelitas não mais tiveram o maná. Naquele ano comeram dos frutos da terra de Canaã (Js.5,11-12). O povo hebreu subsiste até hoje. Se Deus tivesse fornecido água e comida indefinidamente, em algumas décadas, o povo hebreu teria desaparecido.

O pecado é tão velho como a humanidade, porque Adão e Eva pecaram logo após terem sido criados. Quem vive em pecado é uma velha criatura, tão velha quanto Adão e Eva que introduziram o pecado no mundo. Quem vive em estado de graça é uma nova criatura.

Para castigar Adão e Eva pelo pecado cometido e não arrependimento, Deus amaldiçoou a terra: 17 Para o homem ele disse: “Porque ouviste a voz da mulher e comeste da árvore, cujo fruto te proibi comer, amaldiçoada será a terra por tua causa. Com fadiga tirarás dela o alimento durante toda a vida (Gn.3,17). O nosso corpo é feito de terra, porque a comida que comemos é terra que plantas e animais transformaram em comida: a semente transforma parte da terra em capim. O animal come o capim e transforma em carne. Quando comemos carne estamos comendo terra transformada em carne.

Ao se encarnar, Jesus assumiu um corpo feito de terra amaldiçoada por causa do pecado de Adão e Eva. Assumindo um corpo feito de terra amaldiçoada, Jesus assumiu também as conseqüências do pecado, isto é, tornou-se pecado, apesar de nunca ter pecado: 21 Quem não conheceu o pecado, Deus o fez pecado por nós, para que nele fôssemos justiça de Deus (2Cor.5,21); 13 Cristo resgatou-nos da maldição da Lei, fazendo-se maldição por nós, pois está escrito: Maldito todo aquele que é suspenso no madeiro (Gl.3,13).

Com sua encarnação, morte e ressurreição, Jesus colocou à nossa disposição os seus méritos infinitos através dos quais podemos nos libertar do pecado herdado de Adão e Eva e dos nossos pecados. Jesus não nos libertou do pecado original e dos nossos pecados automaticamente. Mas, instituindo os sacramentos e confiando-os exclusivamente à Igreja Católica, a única fundada por Ele, colocou à nossa disposição os meios para nos libertar dos pecados. São Paulo adverte os membros da comunidade de Corinto que se libertem dos pecados para se tornar “novas criaturas”: 20 Portanto, desempenhamos o encargo de embaixadores em nome de Cristo e é Deus mesmo quem exorta por nosso intermédio. Em nome de Cristo vos pedimos: reconciliai-vos com Deus! (2Cor.5,20). Está em Cristo somente aquele que se libertou do pecado original e dos pecados pessoais através do batismo e do sacramento da penitência e somente este é uma nova criatura: 17 Por conseguinte, quem está em Cristo é criatura nova. O velho passou e um mundo novo se fez (2Cor.5,17).

Jesus falava em parábolas para confundir: 10 Os discípulos aproximaram-se e lhe perguntaram: “Por que lhes falas em parábolas?”11 Jesus respondeu: “Porque a vós foi dado conhecer os mistérios do reino dos céus mas a eles não. 12 A quem tem será dado, e terá em abundância; mas de quem não tem será tirado até mesmo o que tem. 13 É por isso que lhes falo em parábolas: porque, olhando, não enxergam e, ouvindo, não ouvem nem compreendem Mt.13,10-13). Aos discípulos, Jesus explicava todas as parábolas: 33 Com muitas parábolas como esta, Jesus anunciava-lhes a palavra segundo podiam entender, 34 e nada lhes falava sem parábola; mas em particular explicava tudo a seus discípulos (Mc.4,33-34). É um bom terreno para a palavra de Deus aquele que ouve e entende: 23 O que foi semeado em terra boa é quem ouve a palavra e a entende e dá frutos: uns cem, outros sessenta, outros trinta” (Mt.13,23). Jesus explicou todas as parábolas aos discípulos, mas os evangelistas transcreveram as explicações dadas por Jesus apenas para algumas parábolas. O Evangelista Lucas não transcreveu a explicação dada por Jesus para a parábola do filho pródigo. Por isto, para não condenar o próprio Jesus, o primogênito do Pai, que se esconde sob a figura do filho mais velho, devemos analisar com atenção a parábola do filho pródigo. Para explicar as parábolas, Jesus substituía os personagens nelas constantes.

Substituindo os personagens da parábola do filho pródigo temos:

1. O Pai é Deus.

2. O filho mais velho (primogênito) é Jesus.

3. O filho mais novo é toda pessoa que se arrepende dos pecados e se salva.

4. O Campo é o mundo.

5. A roupa o anel e as sandálias são os méritos de Jesus.

1. Não há necessidade de explicação para entender que o Pai nesta parábola representa Deus.

2. O filho mais velho representa Jesus. Jesus é o Filho primogênito do Pai. No evangelho de São João, dirigindo-se ao Pai, Jesus diz: 10 Pois tudo o que é meu é teu, e tudo o que é teu é meu. Neles sou glorificado (Jô.17,10). Dizendo “tudo o que é meu é teu” Jesus inclui também a divindade. Jesus foi gerado pelo Pai e, portanto, recebeu a divindade do Pai. Na parábola do filho pródigo, o Pai diz para o Filho mais velho “tudo o que é meu é teu”: 31 O pai lhe explicou: ‘Filho, tu estás sempre comigo e tudo o que é meu é teu (Lc.15,31). Ao afirmar “tudo o que é meu é teu”, o Pai inclui a divindade. Portanto, o Filho mais velho é Deus. Jesus é o único homem que nunca pecou. O pecado é uma desobediência a Deus e separa o pecador de Deus. O filho mais velho diz “eu nunca desobedeci a uma ordem tua” e o Pai confirma que o Filho mais velho sempre esteve com Ele, isto é, que nunca se tinha separado dele: 29 Mas ele respondeu ao pai: ‘Há tantos anos eu trabalho para ti, sem nunca desobedecer uma ordem tua, e nunca me deste sequer um cabrito para festejar com os meus amigos. 30 E agora que voltou este teu filho, que devorou tua fortuna com prostitutas, matas para ele o bezerro gordo’. 31 O pai lhe explicou: ‘Filho, tu estás sempre comigo e tudo o que é meu é teu (Lc.15,29-31).

3. O filho mais novo é toda a pessoa que se arrepende dos seus pedados e se salva através dos méritos de Jesus.

4. O campo é o mundo. Jesus se encarnou e viveu neste planeta. Foi aqui que Jesus produziu os méritos infinitos e os colocou à disposição de todos aqueles que quiserem se salvar.

5. A roupa, o anel e as sandálias são os méritos de Jesus. O filho mais novo, ao sair de casa, tinha levado tudo aquilo que possuía. A roupa, o anel e as sandálias que foram usadas para vestir o filho mais novo pertenciam ao Filho mais velho. O Pai exigiu que o filho mais novo vestisse a roupa, o anel e as sandálias do Filho mais velho antes de deixá-lo entrar em casa. Nós somos salvos pelos méritos de Jesus que estão à disposição de todos, mas podem ser usados somente por aqueles que observam com fidelidade todos os mandamentos. Além da salvação devemos considerar também a retribuição. A salvação vem dos méritos de Jesus. A retribuição, isto é, a classificação no céu vem dos nossos méritos: 27 Porque o Filho do homem há de vir na glória do Pai, com os anjos, e então dará a cada um conforme as suas obras (Mt.16,27).

Código : domin830

Ângelo José Busnardo

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Pe. Ângelo Busnardo.
Enviado por Joanne em 06/03/2013
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