Pequena reflexão sobre psicopatas e livre arbítrio.

Desde que me conheço por gente tive essa fascinação pelo comportamento humano e, principalmente, pelos comportamentos humanos que não são comuns a todos, ou a maioria de nós.

Uma das primeiras lições de vidas são introduzidas a nós como histórias. Somos submetidos a essas histórias que, em sua grande maioria, diferenciam o sujeito “bom” do “mal”. Muitas dessas histórias são religiosas, onde “Deus”, “Alá”, ou seja lá como você o chama, ensina que você tem, por obrigação, mas também por escolha sujeita a uma conseqüência, ser bom.

Aos doze anos, dois sujeitos começaram a me intrigar mais do que qualquer outra coisa: O suicida, e o psicopata.

Até então, em minha cabeça, a mente do suicida e a do psicopata funcionavam muito parecidas, sendo a tristeza, a desilusão, a causa dos dois.

Por que? Simples. Eu, quando submetida a uma situação de tristeza, desilusão, ou coisas do gênero, já tive pensamentos que me indicavam duas saídas que pra mim pareciam as mais fáceis e rápidas:

A primeira: Morrer.

Rápido, acabaria instantaneamente com o meu problema.

A segunda: E se, em vez de eu me matar, eu simplesmente matasse aquilo que me faz sentir?

O que são pensamentos muito mais comuns do que se imagina.

Digamos que eu secretamente, no fundo, invejava tanto o suicida como o psicopata pelos mesmos motivos, a sua aparente facilidade de acabar com os problemas.

Quero ressaltar que, o fato de já ter cogitado a morte como uma saída daquilo que eu queria fugir, não me torna suicida, assim como desejar não sentir algo por nada nem ninguém não me torna uma psicopata. Assim como, descobri eu mais tarde, que há uma grande diferença entre o suicida e o psicopata: A escolha.

O suicídio pode sim, se desenvolver de uma escolha, de uma saída mais “fácil”. Já a psicopatia, não.

Ao compreender o funcionamento do cérebro, ler sobre estudos, fica claro que uma pessoa pode não nascer suicida, e decorrente de acontecimentos ao longo de sua vida, desenvolve-la. Mas, uma pessoa que não nasce psicopata, assim como eu já desejei, não pode simplesmente desligar uma parte de seu cérebro e simplesmente virar um psicopata, este indivíduo precisa, necessariamente, nascer assim.

Então, seria o livre arbítrio, descrito na bíblia, um benefício concedido a poucos?

Ao discutir com minha família um caso em que um psicopata matou seus pais, ouvi a seguinte frase:

“Esta pessoa nunca será merecedora do perdão divino. Arderá no inferno.”

Agora pergunto-lhes: Pelo que o psicopata pagaria? Pelo mal que fez, entendo. Mas por quê? Seu cérebro não funciona da mesma maneira que o nosso, ou seja, ele não teve o poder de escolher ser assim ou não. É de sua natureza, é como ele funciona.

O psicopata é um deficiente, que não possui o mesmo funcionamento de uma parte do cérebro da maioria de nós, assim como quem nasce com um mal funcionamento do cérebro em uma parte ligada a visão não escolhe enxergar ou não enxergar.

Volto a perguntar: Seria o livre arbítrio um benefício concedido a poucos?

Ou a ninguém?

Pamella R
Enviado por Pamella R em 02/02/2013
Código do texto: T4119480
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