Homilia Pe. Ângelo Busnardo: IV Domingo Comum.

IV DOMINGO COMUM

03 / 02 /2013

Jr.1,4-5.17-19 / 1Cor.12,31-13,13 / Lc.4,21-30

Deus escolhe quem Ele quer para a função por Ele predeterminada. Jeremias era filho do sacerdote Hélcias. Como Jeremias era um israelita fiel e zeloso pelas obras de Deus, a lógica era que seguisse o pai e se tornasse sacerdote: 1 Palavras de Jeremias filho de Helcias, um dos sacerdotes que residiam em Anatot, no território de Benjamim (Jr.1,1). Deus, porém, confiou a Jeremias a função de profetizar: 4 A palavra do Senhor me foi dirigida nestes termos: 5 “Antes mesmo de te fornar no ventre materno, eu te conheci; antes que nascesses, eu te consagrei e te constituí profeta para as nações” (Jr.1,4-5).

Deus fundou a sua Igreja do Antigo Testamento sobre a pessoa de Abraão e, oficialmente, quem representava Deus na terra era autoridade devidamente constituída. Sendo Israel uma teocracia, o rei era a autoridade máxima também do ponto de vista religioso e tocava a ele escolher os sacerdotes encarregados de exercer as funções religiosas. Quando o rei era infiel, escolhia sacerdotes infiéis comprometidos com as infidelidades dele. Neste caso, Deus escolhia profetas para denunciar a infidelidade das autoridades e mostrar ao povo que se mantinha fiel o caminho a seguir. A função do profeta é espinhosa porque deve enfrentar aqueles que detêm o poder político e religioso: 16 Pronunciarei contra eles a minha sentença, contra toda a sua maldade, porque me abandonaram, queimaram incenso a deuses estrangeiros e prostraram-se diante das obras de suas mãos. 17 Mas tu cingirás os rins, levantar-te-ás e lhes dirás tudo o que eu te ordenar. Não tenhas medo deles, para que eu não te amedronte diante deles (Jr.1,16-17). A atuação do profeta é difícil porque é uma batalha de um homem do ponto de vista humano fraco contra um bando de poderosos. Mas os poderosos deste mundo contam somente com satanás, enquanto o profeta conta com Deus: 18 Quanto a mim, eis que te constituo hoje, como uma cidade fortificada, uma coluna de ferro, uma muralha de bronze diante de todo o país: diante dos reis e chefes de Judá, diante dos sacerdotes e todo o povo. 19 Eles lutarão contra ti, mas não prevalecerão, porque eu estou contigo para te libertar –oráculo do Senhor ” (Jr.1,18-19). Jeremias sofreu perseguições, açoites e ameaças de morte, mas quando Israel foi derrotado pelo exército da Babilônia, os invasores o deixaram livre para permanecer em Israel ou seguir para o exílio com os deportados. Jeremias preferiu acompanhar os deportados para encorajá-los a confiar em Deus que futuramente os libertaria.

O exercício dos dons carismáticos é importante para a comunidade. Mas acima dos dons carismáticos está a caridade: 31 Aspirai aos melhores dons. E ainda quero mostrar um caminho melhor (1Cor.12,31). A caridade é mais importante, porque a fidelidade de cada um está diretamente relacionada com a prática da verdadeira caridade: Se falar as línguas de homens e anjos, mas não tiver a caridade, sou como bronze que soa ou tímpano que retine (1Cor.13,1).

Por outro lado não podemos confundir a caridade com a distribuição de ajuda material para os pobres, porque, segundo São Paulo, alguém pode distribuir todos os seus bens para os pobres e não estar praticando a verdadeira caridade: 3 E se repartir toda a minha fortuna e entregar meu corpo ao fogo mas não tiver a caridade nada disso me aproveita (1Cor.13,3). O objetivo principal de toda a ajuda destinada a uma pessoa deve ser sempre a salvação da alma da pessoa em questão. Jesus não afirmou que veio tirar os pobres da pobreza, mas veio anunciar o Evangelho aos pobres: 5os cegos vêem e os coxos andam, os leprosos ficam limpos e os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e os pobres são evangelizados (Mt.11,5). Devemos distinguir a CARIDADE da FILANTROPIA. A caridade visa a salvação da alma mesmo quando é necessário intervir com ajuda material. A filantropia se restringe à ajuda material. Ajudar um pobre e deixá-lo ir para o inferno é uma grande estupidez, pois corresponde a suprimir um sofrimento pequeno e passageiro para deixá-lo cair num sofrimento eterno. São Lucas afirma que entre os primeiros cristãos não havia necessitados: 34 Não havia entre eles indigentes. Os proprietários de campos ou casas vendiam tudo 35 e iam depositar o preço do vendido aos pés dos apóstolos. Repartia-se, então, a cada um segundo sua necessidade (At.4.34-35). Não se diz que não havia necessitados entre os habitantes de Jerusalém, Antioquia, Éfeso, Tessalônica... mas que não havia necessitados entre os membros das comunidades cristãs. Quem ajuda pobres que não praticam a religião ou pertencem a religiões falsas está engordando bodes e cabras para a churrascaria de belzebu e não está servindo a Deus mas satanás.

Após voltar do Egito, Jesus viveu em Nazaré até completar trinta anos: A origem humana de Jesus. 23 Ao iniciar o ministério Jesus tinha uns trinta anos, filho, segundo se pensava, de José, de Heli (Lc.3,23). Antes de começar a sua vida pública, somente Maria sabia que Jesus era o verdadeiro Messias, filho de Deus. Os habitantes de Nazaré pensavam que Ele fosse apenas um bom carpinteiro: 22 Todos se puseram a falar dele e, maravilhados das palavras cheias de graça que saíam de sua boca, diziam: “Não é este o filho de José?” (Lc.4,22). Sempre houve como há ainda hoje falsos taumaturgos que anunciam falsas curas, usando obreiros que simulam doenças e declaram terem sido curados milagrosamente durante os cultos. Esses falsos religiosos enganam somente pessoas ingênuas que não os conhecem. Como Jesus nunca tinha feito milagres em Nazaré onde era conhecido e, mudando para Cafarnaúm onde não era conhecido, começou a fazer milagres, os nazarenos supuseram que os fenômenos que Ele tinha realizado em Cafarnaúm eram apenas truques. Por isto, o desafiaram a fazer em Nazaré os prodígios que tinham ouvido falar que Ele fizera em Cafarnaúm: 23 Ele lhes disse: “Certamente me direis o provérbio: ‘Médico, cura-te a ti mesmo; tudo quanto ouvimos que fizeste em Cafarnaum, faze-o aqui em tua terra’” (Lc.4,23).

O verdadeiro milagre só pode acontecer um contexto de fé. Como Jesus foi desafiado a fazer milagres rejeitou o desafio e os paralíticos, cegos, leprosos e endemoniados de Nazaré continuaram com seus males.

Código : domin825

Ângelo José Busnardo

e-mail : ajbusnardo@gmail.com

Pe. Ângelo Busnardo.
Enviado por Joanne em 30/01/2013
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