"Adereços especiais usados pela Igreja"
Não sei se meus leitores vão gostar, mas como aprender nunca é demais, resolvi compartilhar esses conhecimentos. Além de conhecermos alguns acontecimentos da época, também nos esclarece sobre o modus vivendis do homem religioso. No meu entender muitas dessas honrarias deveriam ser dispensadas assim que começaram a observar que a população mundial, nem todos, mas uma grande parcela, vive em condições subhumanas. Os termos bíblicos usados para cobertura de cabeça terão uma análise cuidadosa da etimologia e do contexto de uso.
a) - Mitsnefet –turbante-mitra
O termo vem da raíz "tsanaf", que significa "enrolar." Literalmente, um turbante. Esse termo aparece nas Escrituras de forma exclusiva ao turbante do cohen hagadol (sumo sacerdote ), que era feito de linho. Aparece frequentemente como “mitra” nas traduções para o português, embora “turbante” seja a leitura mais apropriada: “Prenda-o na parte da frente do turbante [mitsnefet] com um cordão azul”. [Shemot/Êxodo 28:37].
b) – Tsanif
Esse termo vem da mesma raiz de mitsnefet. Literalmente, algo "enrolado". No contexto em que é usado, trata-se de um adorno que indica alguma riqueza ou status. Provavelmente, o uso de "tsanif" versus "mitsnefet" é para diferenciar o traje típico do Cohen hagadol dos demais turbantes. Curiosamente, o termo sempre aparece em contextos figurativos: “A retidão era a minha roupa; a justiça era o meu manto e o meu turbante [tsanif]”. [Iyov/ Jó 29:14]. Percebe-se que o uso desse termo é puramente cultural, e reflete apenas um costume de pessoas de status no oriente médio.
c) – Atará
Literalmente, uma coroa. Era feita de metal (geralmente, ouro e pedras preciosas), e é associada a reis e governantes. Quando aparece figurativamente, refere-se à autoridade: “A seguir tirou a coroa [atará] da cabeça do rei, uma coroa [atará] de ouro de um talento; ornamentada com pedras preciosas. E ela foi colocada na cabeça de David...”. Outro uso puramente cultural, que reflete apenas um costume dos reis e autoridades de usarem coroas.
d) – Chevel
Uma corda ou laço, mencionada duas vezes numa única passagem da Bíblia como algo possivelmente amarrado ao lado da cabeça Aparentemente, pelo contexto, era usado por pessoas humildes (ou que desejassem se humilhar), e se assemelha ao que aparece em um mural egípcio que representa os israelitas. Ao que tudo indica, provavelmente era usado para amarrar os cabelos para o trabalho. Há ainda algumas traduções que interpretam como colares. “Então, lhe disseram os seus servos: Eis que temos ouvido que os reis da casa de Israel são reis clementes; ponhamos, pois, panos de saco sobre os lombos e cordas [chavalim] à roda da cabeça e saiamos ao rei de Israel; pode ser que ele te poupe a vida”. Então, se cingiram com pano de saco pelos lombos, puseram cordas [chavalim] roda da cabeça Mais uma vez, o uso é plenamente cultural.
e) - Migba'ah
O termo vem da mesma origem de "gavah" que significa "alto ou projetivo". Não à toa, o termo "guivah" significa "morro ou montanha" e "gavia" que significa "taça". A Enciclopédia Judaica define da seguinte forma: "O termo usado para denotar as mitras dos sacerdotes comuns ('migba'ot', derivado de 'guebia' = 'taça') sugere uma cobertura de formato cônico, presa firmemente à cabeça". Em outras palavras, era uma espécie de turbante que era atado de forma peculiar, formando uma espécie de um cone mais alto. Qual o provável objetivo desse formato peculiar? Provavelmente, era destacar o Cohen (sacerdote) para que fosse facilmente visto em meio à multidão. Normalmente, aparece nas traduções para o português como “tiaras”, embora o formato não tenha nenhuma conexão com o que se entende modernamente por “tiara”: “Também Moshe (Moisés) fez chegar os filhos de Aron, e vestiu-lhes as túnicas, e cingiu-os com o cinto, e atou-lhes os turbantes cônicos”.
[f) - Pe'er
O termo tem a mesma raiz de tiferet, e significa literalmente "belo" ou "beleza". Era usado para descrever basicamente um enfeite, adorno ou uma peça bela. Em Yeshayahu (Isaías), aparece como adorno usado pelo noivo. Em Yehezkel (Ezequiel), YHWH diz a ele para usar adornos, de modo a ocultar sua tristeza. Ou seja, era um traje cujo objetivo era mesmo enfeitar. É provável que nem todas as passagens onde o termo aparece refira-se a peças específicas para a cabeça, pois há pelo menos uma ocorrência (vide citação abaixo) onde a Bíblia se preocupa em explicar o tipo de adorno, indicando que poderiam ser de diversas naturezas. Algumas traduções trazem o termo como “ornamento”, outras como “turbante.” Porém, o termo não era usado apenas para turbantes, pois a Torá diz: “E o turbante [mitsnefet] de linho fino, e o ornamento das tiaras [pa´arei hamigba´ot] de linho fino, e os calções de linho fino torcido”.
g) – Charbela
Esse termo aparece uma única vez nas Escrituras, na parte aramaica de Daniel. O termo aramaico “charbela” é de difícil tradução, pois, segundo a concordância Strong, pode indicar “manto, túnica, turbante ou capacete”. A passagem em Daniel não é suficientemente clara para sequer termos certeza de que se trata de uma cobertura de cabeça. Todavia, o mais provável é que “charbela” deva indicar uma espécie de pano, que provavelmente também poderia ser atado como um turbante: “E os três homens, vestidos com seus mantos, calções, turbantes [charbelot] e outras roupas, foram amarrados e atirados na fornalha extraordinariamente quente”. [Daniel 3:21]. A passagem refere-se aos três amigos de Daniel, e apenas indica que eles foram lançados na fornalha do jeito que estavam vestidos. Ou seja, é mais uma referência cultural.
Não sei se meus leitores vão gostar, mas como aprender nunca é demais, resolvi compartilhar esses conhecimentos. Além de conhecermos alguns acontecimentos da época, também nos esclarece sobre o modus vivendis do homem religioso. No meu entender muitas dessas honrarias deveriam ser dispensadas assim que começaram a observar que a população mundial, nem todos, mas uma grande parcela, vive em condições subhumanas. Os termos bíblicos usados para cobertura de cabeça terão uma análise cuidadosa da etimologia e do contexto de uso.
a) - Mitsnefet –turbante-mitra
O termo vem da raíz "tsanaf", que significa "enrolar." Literalmente, um turbante. Esse termo aparece nas Escrituras de forma exclusiva ao turbante do cohen hagadol (sumo sacerdote ), que era feito de linho. Aparece frequentemente como “mitra” nas traduções para o português, embora “turbante” seja a leitura mais apropriada: “Prenda-o na parte da frente do turbante [mitsnefet] com um cordão azul”. [Shemot/Êxodo 28:37].
b) – Tsanif
Esse termo vem da mesma raiz de mitsnefet. Literalmente, algo "enrolado". No contexto em que é usado, trata-se de um adorno que indica alguma riqueza ou status. Provavelmente, o uso de "tsanif" versus "mitsnefet" é para diferenciar o traje típico do Cohen hagadol dos demais turbantes. Curiosamente, o termo sempre aparece em contextos figurativos: “A retidão era a minha roupa; a justiça era o meu manto e o meu turbante [tsanif]”. [Iyov/ Jó 29:14]. Percebe-se que o uso desse termo é puramente cultural, e reflete apenas um costume de pessoas de status no oriente médio.
c) – Atará
Literalmente, uma coroa. Era feita de metal (geralmente, ouro e pedras preciosas), e é associada a reis e governantes. Quando aparece figurativamente, refere-se à autoridade: “A seguir tirou a coroa [atará] da cabeça do rei, uma coroa [atará] de ouro de um talento; ornamentada com pedras preciosas. E ela foi colocada na cabeça de David...”. Outro uso puramente cultural, que reflete apenas um costume dos reis e autoridades de usarem coroas.
d) – Chevel
Uma corda ou laço, mencionada duas vezes numa única passagem da Bíblia como algo possivelmente amarrado ao lado da cabeça Aparentemente, pelo contexto, era usado por pessoas humildes (ou que desejassem se humilhar), e se assemelha ao que aparece em um mural egípcio que representa os israelitas. Ao que tudo indica, provavelmente era usado para amarrar os cabelos para o trabalho. Há ainda algumas traduções que interpretam como colares. “Então, lhe disseram os seus servos: Eis que temos ouvido que os reis da casa de Israel são reis clementes; ponhamos, pois, panos de saco sobre os lombos e cordas [chavalim] à roda da cabeça e saiamos ao rei de Israel; pode ser que ele te poupe a vida”. Então, se cingiram com pano de saco pelos lombos, puseram cordas [chavalim] roda da cabeça Mais uma vez, o uso é plenamente cultural.
e) - Migba'ah
O termo vem da mesma origem de "gavah" que significa "alto ou projetivo". Não à toa, o termo "guivah" significa "morro ou montanha" e "gavia" que significa "taça". A Enciclopédia Judaica define da seguinte forma: "O termo usado para denotar as mitras dos sacerdotes comuns ('migba'ot', derivado de 'guebia' = 'taça') sugere uma cobertura de formato cônico, presa firmemente à cabeça". Em outras palavras, era uma espécie de turbante que era atado de forma peculiar, formando uma espécie de um cone mais alto. Qual o provável objetivo desse formato peculiar? Provavelmente, era destacar o Cohen (sacerdote) para que fosse facilmente visto em meio à multidão. Normalmente, aparece nas traduções para o português como “tiaras”, embora o formato não tenha nenhuma conexão com o que se entende modernamente por “tiara”: “Também Moshe (Moisés) fez chegar os filhos de Aron, e vestiu-lhes as túnicas, e cingiu-os com o cinto, e atou-lhes os turbantes cônicos”.
[f) - Pe'er
O termo tem a mesma raiz de tiferet, e significa literalmente "belo" ou "beleza". Era usado para descrever basicamente um enfeite, adorno ou uma peça bela. Em Yeshayahu (Isaías), aparece como adorno usado pelo noivo. Em Yehezkel (Ezequiel), YHWH diz a ele para usar adornos, de modo a ocultar sua tristeza. Ou seja, era um traje cujo objetivo era mesmo enfeitar. É provável que nem todas as passagens onde o termo aparece refira-se a peças específicas para a cabeça, pois há pelo menos uma ocorrência (vide citação abaixo) onde a Bíblia se preocupa em explicar o tipo de adorno, indicando que poderiam ser de diversas naturezas. Algumas traduções trazem o termo como “ornamento”, outras como “turbante.” Porém, o termo não era usado apenas para turbantes, pois a Torá diz: “E o turbante [mitsnefet] de linho fino, e o ornamento das tiaras [pa´arei hamigba´ot] de linho fino, e os calções de linho fino torcido”.
g) – Charbela
Esse termo aparece uma única vez nas Escrituras, na parte aramaica de Daniel. O termo aramaico “charbela” é de difícil tradução, pois, segundo a concordância Strong, pode indicar “manto, túnica, turbante ou capacete”. A passagem em Daniel não é suficientemente clara para sequer termos certeza de que se trata de uma cobertura de cabeça. Todavia, o mais provável é que “charbela” deva indicar uma espécie de pano, que provavelmente também poderia ser atado como um turbante: “E os três homens, vestidos com seus mantos, calções, turbantes [charbelot] e outras roupas, foram amarrados e atirados na fornalha extraordinariamente quente”. [Daniel 3:21]. A passagem refere-se aos três amigos de Daniel, e apenas indica que eles foram lançados na fornalha do jeito que estavam vestidos. Ou seja, é mais uma referência cultural.