A TODOS FOI DADO UM PODER, MAS ESSE PODER UM DIA FINDARÁ...
 
 
O cotidiano existencial é constituído pelas relações dos homens com Deus, entre si e com todas as outras criaturas visíveis e invisíveis. Estamos sempre interagindo uns com os outros e com tudo o que há o tempo todo, pois o homem só para essa interação quando morre, porque com a morte perde a liberdade de ser e estar no mundo, liberdade esta concedida por Deus quando criou todas as coisas e as deu para o homem governa-las. Ora, por essa interação causamos o equilíbrio, a harmonia e o bem estar de todas as coisas ou o desequilíbrio e a ruína de tudo.
 
Notamos em nós e nas outras criaturas um poder que emana de nossa essência, esse poder natural veio diretamente de Deus, nosso criador e único Senhor de todas coisas, Aquele que tem todo poder sobre o céu e sobre a terra. Todavia, esse poder nos foi dado por Deus para nossa felicidade, ou seja, em função de nossa salvação e para a glória de Deus. Em outras palavras, temos esse poder para o bem e somente para o bem de todos e para que sejamos um só em Deus. Usar esse poder contrariando essa vontade do Senhor, é desligar-se dele e causar a própria ruína, porque com a nossa morte Deus reivindicará o que lhe pertence, nossa vida, tudo o que somos e temos e o que fizemos com o poder que dele recebemos.
 
Em sua carta aos Gálatas, São Paulo nos dá o seguinte ensinamento: “Não vos enganeis: de Deus não se zomba. O que o homem semeia, isso mesmo colherá. Quem semeia na carne, da carne colherá a corrupção [e a morte]; quem semeia no Espírito, do Espírito colherá a vida eterna. Não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo colheremos, se não relaxarmos. Por isso, enquanto temos tempo, façamos o bem a todos os homens, mas particularmente aos irmãos na fé”. (Gal 6,7-10). E na primeira carta à Timóteo, disse: “Acima de tudo, recomendo que se façam preces, orações, súplicas, ações de graças por todos os homens, pelos reis e por todos os que estão constituídos em autoridade, para que possamos viver uma vida calma e tranquila, com toda a piedade e honestidade. Isto é bom e agradável diante de Deus, nosso Salvador, o qual deseja que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade”. (1Tim 2,1-4). Ou seja, Deus tudo despõe a nosso favor para que vivamos em paz uns com os outros, só precisamos pôr em prática as suas leis e mandamentos.
 
Por outro lado, percebemos que neste mundo há uma espécie de poder que é adverso a todo bem e que atenta contra nós e contra a obra criada por Deus e que chamamos de poder do mal ou do espírito das trevas. Esse poder se manifesta nas criaturas a partir do pecado delas que consiste na não comunhão com a vontade de Deus. Eis o que escreveu o hagiógrafo no Livra da Sabedoria (escritor bíblico inspirado por Deus) a esse respeito: “Ora, Deus criou o homem para a imortalidade, e o fez à imagem de sua própria natureza. É por inveja do demônio que a morte entrou no mundo, e os que pertencem ao demônio prová-la-ão”. (Sab 2,23-24).
 
Por isso, “Amai a justiça, vós que governais a terra, tende para com o Senhor sentimentos perfeitos, e procurai-o na simplicidade do coração, porque ele é encontrado pelos que o não tentam, e se revela aos que não lhe recusam sua confiança; com efeito, os pensamentos tortuosos afastam de Deus, e o seu poder, posto à prova, triunfa dos insensatos. A Sabedoria não entrará na alma perversa, nem habitará no corpo sujeito ao pecado; o Espírito Santo educador (das almas) fugirá da perfídia, afastar-se-á dos pensamentos insensatos, e a iniquidade que sobrevém o repelirá”. (Sab 1,1-5).
 
Portanto, o tempo de todos está se esgotando, não demora muito e esse mundo dará lugar à nova criação, que Jesus, o Filho de Deus, veio inaugurar com a sua morte e ressurreição; precisamos aproveitar todo tempo que nos é dado para vivermos em estado de graça e participarmos do Reino de Deus e de sua justiça. A palavra certa para os nossos dias que são os últimos é, preparação. De fato, precisamos estar preparados para o dia da redenção, como está escrito na segunda carta de São Pedro: “Mas há uma coisa, caríssimos, de que não vos deveis esquecer: um dia diante do Senhor é como mil anos, e mil anos como, um dia. O Senhor não retarda o cumprimento de sua promessa, como alguns pensam, mas usa da paciência para convosco. Não quer que alguém pereça; ao contrário, quer que todos se arrependam”.
 
Entretanto, virá o dia do Senhor como ladrão. Naquele dia os céus passarão com ruído, os elementos abrasados se dissolverão, e será consumida a terra com todas as obras que ela contém. Uma vez que todas estas coisas se hão de desagregar, considerai qual deve ser a santidade de vossa vida e de vossa piedade, enquanto esperais e apressais o dia de Deus, esse dia em que se hão de dissolver os céus inflamados e se hão de fundir os elementos abrasados! Nós, porém, segundo sua promessa, esperamos novos céus e uma nova terra, nos quais habitará a justiça. Portanto, caríssimos, esperando estas coisas, esforçai-vos em ser por ele achados sem mácula e irrepreensíveis na paz”. (2Ped 3,8-14).
 
Paz e Bem!
 
Frei Fenando Maria,OFMConv.