INSATISFAÇÃO, VAZIO EXISTENCIAL, MELANCOLIA, QUAIS SÃO AS CAUSAS?
 
 
Para muitos esse nosso tempo é um tempo de pavor e trevas, pois sua vida, seu passado, suas memórias, lhes trazem histórias de abuso sexual, tragédias familiares, violências, degradação dos valores humanos e religiosos, falta de bens necessários para a sobrevivência; ou consumismo exagerado por parte dos mais abastados; uma vida de vícios e contra tempos, desemprego, bullyning e outros tormentos, como traumas pela ausência do pai ou da mãe, maus tratos, etc. Enfim, uma somatória de desordens existenciais que os torna indivíduos perdidos num mundo repleto de frenesi e outros desvios comportamentais, capazes de escândalos e traumas sem proporção.
 
Ora, somos obras perfeitas das mãos de Deus, criados em Jesus Cristo, para as boas ações que Deus preparou de antemão para que nós as praticássemos (cf. Ef 2,8-10). E tudo isso conforme as leis do Senhor escritas em nossas almas, pois Deus imprimiu seu código santo em nossa vida, como também está impresso o código genético em nossos corpos. Porém, toda essa grandeza divina que se faz presente em nós, pode se perder caso não cultivemos as virtudes eternas que o Senhor nos concedeu em seu amor.
 
De fato, só tem uma coisa que nos pode levar a essa perda, é o famigerado pecado, que consiste no desligamento de Deus, porque em Deus não há pecado e nem mesmo sombra de instabilidade (cf. Tiag 1,13). Cabe a nós vivermos em comunhão com Ele pela ação do Espírito Santo, presente na alma de todo batizado; ou ainda pela fé mesmo que seja natural, que leva o homem ao encontro com Cristo Jesus, nosso Senhor, que cura, salva e faz feliz todo ser humano que o encontra e nele permanece.
 
Então, eis a pergunta que não quer calar, por que vivemos num mundo de tantos conflitos e confusões? Porque os homens tornaram-se inimigos de si mesmos por causa dos bens materiais, que geram conflitos raciais, religiosos, ditatoriais; por causa da corrupção e outras condutas perversas que geram revolta contra Deus e o seu Cristo; por causa dos terríveis efeitos dos pecados que tem destruído milhões vidas; por causa da impunidade tamanha; por causa da maldade que é tanta; por causa dos pecados contra a natureza; por causa da rudeza de tantos corações.
 
O resultado é esse mundo repleto de indivíduos mal amados, frustrados, deprimidos, endemoniados; onde suas ações revelam não só a face tenebrosa da maldade, mas o próprio mal agindo por meio deles. Eis as causas de tanto sofrimento e desespero na face da terra, que se encaminha à passos largos para o caos definitivo. Guerras, fome, peste, aquecimento global, catástrofes naturais; loucura generalizada, etc. Sem contar tantas outras práticas abomináveis, com a conivência dos poderes constituídos (político, jurídico, social), que revelam a intolerância e a incapacidade humana para resolver os problemas criados por todos que se dão a essas práticas. E assim, segue este mundo como um barco perdido em alto mar dominado por ondas revoltas, singrando sem rumo certo, prestes a afundar.
 
De fato, a tudo e a todos foi dado um tempo, que aliás, enquanto vida natural tivermos, Deus renova esse tempo todos os dias sem nunca deixar de fazê-lo. Todavia, existe o fim desse tempo e ele se cumprirá sem dúvida alguma. Ora, vemos esse fim acontecer nas coisas da vida e no viver dos outros, certamente um dia chegará a nossa vez e veremos isso acontecer conosco, mas será que estaremos preparados? Boa pergunta que requer uma boa resposta, caso contrário, é sinal de que não estamos correspondendo a tudo o que Deus tem nos dado, ao longo de nossa vida.
 
Com efeito, assim escreveu São Paulo: “Vigiai, pois, com cuidado sobre a vossa conduta: que ela não seja conduta de insensatos, mas de sábios que aproveitam ciosamente o tempo, pois os dias são maus. Não sejais imprudentes, mas procurai compreender qual seja a vontade de Deus. Outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor: comportai-vos como verdadeiras luzes. Ora, o fruto da luz é bondade, justiça e verdade. [Por isso], Procurai o que é agradável ao Senhor, e não tenhais cumplicidade nas obras infrutíferas das trevas; pelo contrário, condenai-as abertamente. Porque as coisas que tais homens fazem ocultamente é vergonhoso até falar delas. Mas tudo isto, ao ser reprovado, torna-se manifesto pela luz. E tudo o que se manifesta deste modo torna-se luz. Por isto (a Escritura) diz: Desperta, tu que dormes! Levanta-te dentre os mortos e Cristo te iluminará (Is 26,19; 60,1)!” (Ef 5,15-17; 8-14).
 
Paz e Bem!
 
Frei Fernando Maria,OFMConv.