Homilia Pe. Ângelo Busnardo - NATAL (24 e 25/12)

NATAL

24 / 12 / 2012

Is.9,1-6 / Tt.2,11-14 / Lc.1-14

Num ambiente totalmente escuro nada pode ser visto. Se for ascendida uma luz, podem ser vistas as pessoas e os objetos que estiverem no ambiente que antes estava escuro. Há seres e objetos tão pequenos que podem ser vistos somente através de equipamentos: um micróbio e uma molécula só podem ser observados através de equipamentos. Além da realidade material que pode ser grande ou muito pequena, há a realidade espiritual que é invisível para nós mesmo sendo muito grande. Deus é grande, os anjos certamente são maiores do que nós mas, por enquanto, não podemos vê-los. Nenhum equipamento inventado pelo homem nos permitirá ver a nossa própria alma ou algum ser espiritual bom (anjo) ou mau (demônio). Portanto, estávamos mergulhados nas trevas em relação ao mundo espiritual para o qual caminhamos. Porém uma grande luz brilhou para nós: 1 O povo que caminhava nas trevas viu uma grande luz. Sobre os que habitavam a terra da sombra, brilhou uma luz (Is.9,1). Esta luz é um menino: 5 Porque nasceu para nós um menino, um filho nos foi dado. Ele tem a soberania sobre seus ombros e será chamado: “Conselheiro admirável, Deus forte, Pai para sempre, Príncipe da paz” (Is.9,5).

Jesus é uma luz para nós, porque Ele, vindo do mundo espiritual e sendo membro da Trindade, pode nos revelar como devemos caminhar, nesta terra, para alcançar o lugar reservado pelo Pai para nós em sua casa. Há o mundo espiritual bom, o céu, e o mundo espiritual mau, o inferno. Todos caminham para o mundo espiritual. Quem não caminha para o céu está automaticamente caminhando para o inferno. Como não podemos ver o mundo espiritual para o qual estamos caminhando, o Pai enviou Jesus para nos revelar o que devemos fazer agora para alcançar o lugar que Ele próprio nos reservou em sua casa. Jesus sabe qual é a vontade do Pai a nosso respeito. Quem seguir as instruções de Jesus com fidelidade chegará ao céu. Quem seguir os próprios caprichos, por mais sábio que for, cairá no inferno.

Na carta a Tito São Paulo nos indica o que devemos evitar se quisermos caminhar para o mundo espiritual bom, a casa do Pai: 11 Manifestou-se com efeito a graça de Deus, fonte de salvação para todos os homens. 12 Veio para nos ensinar a renúncia à impiedade e aos desejos mundanos, para vivermos sóbria, justa e piedosamente neste século, 13 aguardando nossa esperança feliz e a vinda gloriosa do grande Deus e do Salvador nosso, Jesus Cristo (Tt.2,11-13). O mundo não está caminhando para Deus, mas para a perdição. Quem quiser agradar o mundo necessariamente desagradará a Deus. Quem decidir agradar a Deus forçosamente desagradará ao mundo e pode sofrer perseguições. O próprio Jesus não conseguiu agradar o mundo e foi crucificado. Com sua encarnação e morte na cruz, Jesus atraiu um pequeno resto que, ao longo do tempo, forma um povo fiel que faz a vontade do Pai e caminha para a salvação: 14 Ele, que se entregou por nós a fim de nos resgatar de toda iniqüidade e adquirir para si um povo exclusivamente seu e zeloso na prática do bem (Tt.2,14).

Como José, outros habitantes de Belém tinham emigrado para outras regiões de Israel e precisaram voltar por causa do recenseamento. Belém era pequena e não tinha infra-estrutura para acolher muitas pessoas ao mesmo tempo. José não era pobre e tinha meios para pagar a hospedagem, mas, quando Maria e José chegaram em Belém todas as hospedarias da cidade estavam lotadas. Por isto, Jesus nasceu nas instalações reservadas para os animais com os quais os peregrinos, na época, viajavam e foi deitado numa manjedoura: Estando eles ali, completaram-se os dias para o parto, 7 e ela deu à luz o seu filho primogênito. Envolveu-o em panos e o deitou numa manjedoura, por não haver lugar na sala dos hóspedes (Lc.2,6-7). Se fosse hoje teria nascido no estacionamento do hotel e teria sido colocado no assento de um carro popular.

Deus quis informar a humanidade que o salvador já estava no mundo. Se Deus tivesse enviado os anjos a avisar o sumo sacerdote, seus sacerdotes auxiliares e os membros do cinédrio que o Messias tinha nascido em Belém, nenhum deles teria tirado a mula da estrebaria para ir até Belém para adorar Jesus. Mas trinta anos depois, na quinta feira em que Jesus foi preso, tiveram tempo de se reunir e passar boa parte da noite juntos para condená-lo.

Na região de Belém havia pastores que se tinham deslocado com seus rebanhos para locais onde havia pastagem para os animais e permaneciam no locar inclusive durante a noite para evitar que as ovelhas tivessem que caminhar quilômetros para voltar diariamente para casa. Estes pastores que trabalhavam até durante a noite para proteger suas ovelhas, ao ouvir a voz dos anjos, deixaram os rebanhos, com o risco de ter alguma ovelha roubada, e foram adorar Jesus: 8 Naquela mesma região havia uns pastores no campo, vigiando à noite o rebanho. 9 Um anjo do Senhor apresentou-se diante deles e a glória do Senhor os envolveu de luz, ficando eles muito assustados. 10 O anjo lhes disse: “Não temais, pois vos anuncio uma grande alegria, que é para todo o povo: 11 Nasceu-vos hoje, na cidade de Davi, um Salvador, que é Cristo Senhor (Lc.2,8-11).

Os pastores, ao encontrar Jesus, viram um menino externamente igual a qualquer recém-nascido. O mesmo Deus que os pastores viram escondido na pessoa de um recém-nascido está presente sob forma de pão em toda hóstia consagrada. Os pastores deixaram seus rebanhos para adorar a Deus escondido na pessoa de um recém-nascido. Em nosso tempo, poucas pessoas saem de suas casas na noite de Natal para adorar o nosso Deus escondido numa hóstia consagrada.

Código : natal12

Ângelo José Busnardo

e-mail : ajbusnardo@gmail.com

NATAL

25/12/2012

Is.52,7-10 / Hb.1.1-6 / Jo.1,1-18

Não se obedece a dois senhores: 24 Ninguém pode servir a dois senhores. Pois ou odiará um e amará o outro, ou será fiel a um e abandonará o outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas (Mt.6,24). Obedecendo a satanás, Adão e Eva se tornaram escravos dele. Escravo só pode gerar escravo. Todos os descendentes de Adão, ao ser gerados, são escravos de belzebu. O escravo não tem poder para se libertar e deixará de ser escravo somente se um outro mais poderoso que o seu patrão o alforriar. Para libertar o homem da escravidão do demônio era necessário que nascesse um homem que, apesar de possuir a natureza humana, não fosse escravo de satanás, isto é tivesse sido gerado livre do pecado original e fosse mais poderoso que o diabo.

Enviando Jesus livre do pecado ao mundo e, por ser Deus, infinitamente mais poderoso que satanás, a batalha entre o patrão (o demônio) e seu escravo (o homem) foi vencida pelo escravo: 10 O Senhor descobriu seu braço santo à vista de todos os povos, para que todos os confins da terra vejam a salvação de nosso Deus (Is.52,10). Com a vinda de Jesus, a batalha entre satanás e o homem terminou com a vitória do homem. Satanás foi vencido e os escravos foram libertados. O antigo patrão, apesar de vencido, ainda está vivo e o ser humano libertado, pelo fato de continuar livre, pode voltar a servir o seu antigo patrão, tornando-se novamente escravo dele. Todo aquele que, pelo batismo, se tornou filho adotivo de Deus pode, pelo pecado, voltar a ser escravo de satanás. Jesus ofereceu a libertação do pecado a todos mas não obriga ninguém a aceitá-la.

Imediatamente após o pecado de Adão e a sua recusa de se arrepender, o que resultou em uma vitória de satanás, Deus avisou o vencedor que futuramente seria derrotado por um filho de mulher: 14 E o Senhor Deus disse à serpente: “Porque fizeste isso, serás maldita entre todos os animais domésticos e entre todos os animais selvagens. Rastejarás sobre o ventre e comerás pó todos os dias da vida. 15 Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a descendência dela. Ela te ferirá a cabeça e tu lhes ferirás o calcanhar” (Gn.3,14-15). Jesus é descendente somente da mulher, porque, sendo Deus, o Pai dele é Deus. O demônio conseguiu apenas morder o calcanhar da mulher e Jesus, o filho da mulher, lhe esmagou a cabeça.

Passou muito tempo entre a mordida no calcanhar e o esmagamento da cabeça de satanás. Durante este tempo, Deus manteve viva a esperança do seu povo através dos profetas: 1 Muitas vezes e de modos diversos, falou Deus outrora a nossos pais pelos profetas (Hb.1,1). Quando chegou o tempo de cumprir a promessa, Deus enviou Jesus que, além de derrotar satanás, também ensinou o que devemos fazer para conservar a vitória: 2 Nos últimos dias nos falou pelo Filho, que constituiu herdeiro de tudo, por quem criou também o mundo (Hb.1,2).

Tão importante quanto derrotar o inimigo é mantê-lo derrotado. Hoje a maioria das pessoas vive em pecado mortal. Estas pessoas, enquanto permanecem em pecado mortal, são novamente escravas de satanás. Para estas pessoas de nada adiantou Jesus derrotar o demônio, porque elas, através do pecado mortal, se submeteram a ele, re-elegendo-o novamente como seu senhor.

Até à morte caminhamos no mundo material e podemos ver o caminho. Após a morte, deveremos caminhar até o trono do Pai no mundo espiritual. Durante esta vida não temos acesso sensível ao mundo espiritual, mas Jesus é a luz do mundo espiritual que veio até nós: 4 No Verbo (Jesus) estava a vida, e a vida era a luz dos seres humanos. 5 A luz brilha nas trevas, mas as trevas não a compreenderam (Jo.1,4-5). Na escuridão um automóvel viaja com os faróis acesos e a luz mostra o caminho. Tendo vindo da casa do Pai, Jesus conhece o mundo espiritual e nos ensinou o que devemos fazer agora para enveredar pelo caminho que leva ao trono de Deus assim que sairmos deste mundo pela morte.

Ao nascer o ser humano é uma simples criatura escrava de satanás. Com sua encarnação, morte na cruz e ressurreição, Jesus deu a todos o poder de se tornarem filhos adotivos de Deus: 12 Mas a todos que a receberam, aos que crêem em seu nome, deu o poder de se tornarem filhos de Deus; 13 estes não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus (Jo.1,12-13). A libertação da escravidão de satanás e a adoção por parte de Deus são alcançadas através dos sacramentos: pelo batismo obtém-se a libertação da escravidão satânica e pela Eucaristia a filiação divina adotiva. Quem se filiar a uma religião fundada por homens e por isto falsa ou, apesar de pertencer à Igreja Católica, a única fundada por Jesus e, portanto, a única verdadeira, recusar os sacramentos instituídos por Jesus ou os receber sem as devidas condições continua escravo de satanás e, se assim morrer, se condenará.

Código : natal12b

Ângelo José Busnardo

e-mail : ajbusnardo@gmail.com

Pe. Ângelo Busnardo.
Enviado por Joanne em 21/12/2012
Código do texto: T4046646
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