A CONFISSÃO DE MARIA
“Disse então Maria: “A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador”.
Certo religioso, através da Internet, tenta rebater um artigo, não sei se da escritora Mary Schultze ou de outro articulista que faz referência à confissão de Maria, em Lucas 1.46 e 47, onde ela reconhece que tem um Salvador.
Disse ele, com todas as letras, respirando convicção e até com uma certa ironia, que não via ali nenhuma prova de que Maria tinha pecado e que na Bíblia não se acha lugar algum que ela tenha dito que era pecadora ou tenha se confessado como tal, inclusive no texto citado.
Ora, a primeira resposta é esta: se literalmente não consta que Maria reconhece seu pecado, então, diga-me quem quiser, onde consta que ela tenha pedido para ser isenta de pecado? Há alguma oração que aparece na Bíblia, tendo Maria pedido para ficar fora do rol dos pecadores? (Dou 200 anos para alguém responder!)
Vamos mais além, quem disse ou onde está assegurado que ela ficaria livre (ou limpa) de pecado? Quem garante e onde garante a sua impecabilidade?
Existe algum texto que dispõe de que Maria não era pecadora? É a resposta, a priori, de forma bumerangue que retorno ao racional articulista mencionado.
Segunda resposta: Lendo o texto com os “olhos de ver”, percebe-se claramente que, se ela diz que tem um Salvador, a pergunta seguinte é esta: Salvador de quê? Da tirania? Das Dívidas? Das doenças? (Destas, podemos reconhecer claramente que são coisas triviais!). Mas a resposta soteriológica, bíblica, racional e coerente é: Salvador dos pecados! Ora bolas!
Está implícito que Ele a salvaria, como salvou dos seus pecados, pois ela o reconhece como seu Salvador. Diga-se de passagem (em caixa alta), reconhece-O como Seu TODO-SUFICIENTE SALVADOR, já que em matéria de Salvação é só Jesus que a Bíblia (o Livro de Deus) menciona e dispõe para salvar dos pecados! Ou existe outro? Se há, é mero mito ou imitação! Por acaso Jesus salvaria de outras coisas? Quais coisas? Seria Jesus um juiz ou repartidor entre as pessoas como se fosse um Defensor das Causas Sindicalistas? Um Salvador de Dívidas? (O que não ocorre, pois ele deixou isto claro em Lucas 12.13 e 14, que não veio salvar as pessoas das dificuldades financeiras!).
Compare este último texto citado (de Lucas) com Mateus 1.21: Jesus ao nascer receberia este nome que quer dizer “Salvador” e que salvaria o “seu povo dos seus pecados”. Repita-se: “salvador dos pecados”. Percebeu? Pergunte-se ainda, Maria era do povo de Deus? Sim. Então, Maria por ser inclusa no povo de Deus seria e foi salva dos pecados, já que Jesus viria para salvar o seu povo dos seus pecados!
Terceira resposta: Em Romanos 3.23 Paulo, inspirado pelo Espírito, diz que “Todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”. Sobre este texto o articulista lembra que Lutero comentou que, se aqui se vê “Todos” então, incluiria Jesus, pois nem Ele ficou de fora. Nem mesmo Jesus escapou desta definição “Todos”.
Vejamos: ou Lutero estava muito cansado, ou não tendo muito tempo não pode comentar melhor, com mais detalhes, ou então, andou esquecido do que está dito em Hebreus 4.15 e outros textos nesta Epístola – que demonstram que Jesus era e ainda é sem pecados. Só a Ele cabe a Doutrina da Impecabilidade. A Palavra de Deus atribui a Doutrina da Impecabilidade somente a Jesus. Desconheço outra pessoa que seja impecável ou que tenha nascido sem pecado a não ser Jesus. Antes de mim ou de qualquer outro, a Bíblia desconhece outro impecável. Só Jesus é Imaculado (1 Pd 1.19), pois o Cordeiro Imaculado, sacerdote e vítima ao mesmo tempo, por isso o Cordeiro de Deus, o “Agnus Dei”, na velha língua latina), pode perdoar pecados, pois só Ele é Deus, a Quem exclusivamente cabe perdoar todos os pecados. (Hb 4.14-16 e 5.8-10).
Ora, é preciso ver também que está em foco no “Todos” de Romanos 3.23, somente os seres humanos na condição de pecadores! Mas não Jesus (que é Deus!), Veja o contexto Romanos 3, principalmente os versos 4, 8, 9, 11 e o 22. (Examinemos cada um destes versos: . . .
o v. 4 diz que Deus é verdadeiro, Jesus é Deus. . .
O v. 8, diz que alguém pode afirmar “façamos o mal” – e até praticar o mal que cogitou. Jesus praticou algum mal? Qual? (Nenhum, pois já vimos no texto escrito “Aos Hebreus” 4.14-16 e 5.8-10, QUE ELE NÃO PECOU!) . . .
O v. 9, deixa claro que o “Todos” trata da divisão a que o mundo de Paulo era divido, religiosamente falando, em duas partes: os “judeus” e os “gregos” que eram chamados de gentios como todos os demais povos para diferenciar dos judeus, que se julgavam com direito exclusivo na salvação. E Paulo está ensinando então que “Todos” os povos, todas as partes da humanidade – judia e gentia, pecaram, e, por isso precisavam de Deus, precisavam de Jesus. (Algumas versões trazem o verbo “carecem da glória de Deus”, em lugar de “precisam da glória de Deus”) Pergunte-se: Jesus precisa (ou carece) de Deus para se salvar, por acaso? Como, se Ele é Deus? Se, na hipótese de Lutero (veja que eu escrevi hipótese, não prova bíblica, nem racional), Jesus está incluído no rol de pecadores, então Ele precisa dEle mesmo para se salvar??? !!! Onde há essa doutrina na Bíblia?. . .
O v 11 diz que “não há quem entenda e não há quem busque a Deus”. Também este verso se refere a Jesus? Pode-se incluir Jesus nele? De forma alguma não, pois em nenhum momento deixou de buscar a Deus, deixou de entender, pois Ele é o Deus-Homem, Ele é Onisciente, Ele entende tudo e a todos! Tudo isso Ele fazia, quando encarnado e quando perambulava por este mundo! Seria este o seu pecado? Claro que não! Ele não está incluído no “Todos pecaram” do verso 23 de Romanos 3. . .
E finalmente, o v 22, diz que “A Justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos os que crêem”. Ora, as pessoas recebem a justiça de Deus, que é revelada no Evangelho, cf Rm 1.17 crendo em Jesus e ainda se deparam com Jesus pecador? Como as pessoas creriam num homem pecador como nós? Como seria Ele canal de Justiça de Deus e de salvação sendo pecador também? Jamais, meu amigo articulista católico romano (em artigo na Internet)! Nem mesmo Lutero (se é verdade que Lutero interpretou este verso como se Jesus estivesse incluído no rol dos pecadores), nem mesmo Lutero estaria certo, supondo uma idéia hipotética para com Jesus, um pecador! . . .
Ora, fica claro que Jesus não está implícito como pecador em Romanos 3.23, queira este ensino vir de Lutero ou de qualquer teólogo do mundo! Nem se se reunirem todos os teólogos do mundo para dizerem uma asneira dessa! Nem por hipótese Jesus é pecador! Longe disto!)
Quarta resposta: Alguns escritores católicos romanos fazem referência ao texto lucano (Lucas 1.28): “Salve, cheia de graça, o Senhor é contigo”, dizendo que Maria, sendo cheia de graça, deveria ser reconhecida tendo sido concebida sem o pecado original, portanto, imaculada.
Ora, para ser coerente, deveríamos incluir nesta lista de imaculados na concepção (ou seja, ao nascer neste mundo), o nome de Estêvão, pois dele é dito em Atos 6.8, que era “cheio de graça e poder”! Então Estêvão era imaculado? Roma e seus teólogos não dizem isto dele. Cadê a coerência. Porquê não tocar no mesmo tom o diapasão? Porquê outra medida?
Ora, Maria era “cheia de graça”, no sentido de ter recebido a graça de Jesus. Ela foi, como Estêvão, receptora da graça, mas não distribuidora da graça. A fonte e a distribuição da graça é Jesus! O verbo no grego em Lc 1.28 é “sharitoo”, no tempo passado e que também pode ser traduzido por “agraciada”, conforme o particípio passado de nossa língua portuguesa. Jamais foi ela imaculada pelos simples fato de ser receptora da graça de Deus! Essa (graça) e outras virtudes se originam em Deus! DELE emanam todas as virtudes, principalmente a graça, cuja essência e humanização da mesma é Jesus!
Quinta resposta: Militando contra a tese romanista da Imaculada Conceição de Maria, se percebe até no Documento escrito pelo bispo Leão (440—461 d. C.), onde o mesmo reconhece que “O Senhor tomou, da mãe, a natureza, não a culpa”. (Ver “Bíblia Apologética de Estudo” – ICP – Instituto Cristão de Pesquisa – 4ª edição 2008, 1ª impressão – pág. 1318). Vê-se, então, pelo referido documento da própria teologia romanista que Maria é reconhecida como culpada e pecadora. Onde a sua impecabilidade? Onde a sua imaculação? Não há, pois tais atributos só cabem a Cristo!
Jerônimo Monteiro, 28 de março de 2010.
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