MENSAGEM DE NATAL

O vento soprava ameno, empurrando os minúsculos grãos de areia que tombavam cambalhoteando, a pouca altura do chão, por sobre a areia frouxa. O piso arenoso era timidamente iluminado pela pálida lua, que com um minúsculo halo de luz prata mostrava-se a boreste anunciando a crescente. O frio fazia-se presente, contrapondo-se ao calor escaldante do dia naquela região. A aridez do local era sufocante, a vida não era percebida com facilidade. Pouco ou quase nada vivia naquele, ambiente: inóspito, cru e sem água.

No adiantado da hora era incomum qualquer coisa mover-se, contudo cascos de animais afundavam-se no solo numa teimosa e incompreensível investida para caminhar. Arfavam cansados persistindo em cada metro, cada passo. Estranhamente o cansaço não os impedia de prosseguir uma risonha aura os confortava em seguir, longe da dor, da mágoa e da peçonha. Conduzidos por três homens os valentes bactrianos, venciam todos os obstáculos em seu caminho com reziguinação e cautela pacienciosamente lentamente.

Viajavam a noite, orientados pelas estrelas. Um corpo celeste em especial os guiava. Era uma estrela muito grande com uma cauda, Já há muito a perseguiam vinham das terras do oriente rumo oeste. Tão longa viajem, em tão bela procura. Cursaram tantas noites que o numero delas, percorridas já não tinha mais importância. Queriam apenas chegar onde quer que esta estrela os guiasse. O estranho corpo celeste surgira no céu prenunciando mudança.

Neste tempo. Estes três homens que estudavam as estrelas, avistaram uma cintilante luz vinda de uma gruta, não muito distante de onde estavam. Algo fê-los parar. Rapidamente desceram de suas montarias. E seguiram a pé, apertando os passos em direção. Caminharam mais rápido, até que correram. A tensão do esforço se dissipou no momento em que avistaram o interior da gruta. Um homem que aparentava ser um mercador pelas suas vestimentas, estava a entrada, fixo, imóvel, rijo, coisa que dificultava um pouco a visão do interior.

Uma pequena lamparina, forçada numa fenda na parede da gruta, brilhava fracamente sobre um homem barbado e uma jovem, abrindo um rasgo de luz na escuridão. Achegados intimamente o homem auxiliava a moça a se refazer amparando-a carinhosamente em tudo que precisava. A seus pés, numa pedra esburacada mal cavada pelas mãos humanas, onde usualmente ficava a forragem do gado, por sobre a palha seca velha, dormia um menino recém nascido mal protegido do frio, o casal recompunha-se do parto que ora findara-se há poucos instantes. Parecia uma noite feliz entremeio a solidão do deserto que cercava aquela gruta.

O homem assentiu que entrassem com a cabeça na direção deles enquanto a mulher aconchegava-se à criança. Ninguém falou. Ninguém conseguia falar, Então a mulher tremeu de frio devido ao seu fino vestuário roto que oferecia pouca proteção. O seu companheiro percebeu, a tentativa da mãe em aquecer a criança com o seu calor, e tirou o seu único manto que cobria seu próprio corpo para agasalhá-los, ficando com a pele descoberta a mercê da baixa temperatura.

Os quatro homens entreolharam-se, instintivamente, e após minúsculos momentos de dolorosa indecisão, o suposto vendedor encaminhou-se para o seu animal. enquanto os três homens recém chegados dirigiam-se aos seus camelos.

Cuidadosamente o mercador desatou os nós, abriu o embrulho e retirou uma túnica. Desdobrou-a correu a mão sobre o tecido. A tintura vermelha reluziu com a luz da lamparina. Era uma túnica de qualidade. Parecia-lhe que conhecia cada uma de suas fibras. Com cuidado duraria uma existência.

O mercador fechou os olhos e suspirou. Depois dirigiu-se com rapidez à pequena família, ajoelhou na palha ao lado do menino e, gentilmente, retirou o manto do pai e, depois,o da mãe. Devolveu cada um a seu dono. Ambos estavam admirados demais com a iniciativa do mercador para reagirem. Então, este abriu a preciosa túnica vermelha e, gentilmente entregou nas mãos daquela moça que agasalhou a criança que dormia.

O três viajantes foram tomados de súbita emoção ao se virarem para fora enquanto dirigiam-se para os seus camelos.

Com a face empalidecida e as mãos tremulas pela emoção, esboçaram um sorriso quase infantil enquanto os três homens se olhavam perplexos, pois lágrimas também rolavam em suas faces enrugadas maltratadas pela rudeza da vida. Um deles enxugou com as mãos magras o rosto. E dominado pela emoção balbuciou algo quase imperceptível.

A estrela estava estática sobre a gruta poucos metros acima de suas cabeças. Era brilhante, sua exuberância era maravilhosa, Percebiam agora que a sua viagem havia chegado ao fim era terminada a sua peregrinação. Este era um sinal do céu, vindo de Deus diretamente para os homens.

Pastores e pastoras vinham trazendo ovelhas, presentes e uma intensa visitação iniciou naquele lugar, uma enorme multidão reuniu-se em torno daquela singela maternidade. Todos queriam ver a luz do mundo que acabara de chegar na terra.

Naquela região havia pastores passando a noite nos campos tomando conta dos rebanhos de ovelhas. Então o anjo do Senhor apareceu, e a luz gloriosa do Senhor brilhou por cima dos pastores. Eles ficaram com muito medo, mas o anjo disse:

- Não tenham medo! Estou aqui a fim de trazer uma boa noticia para vocês, e ela será motivo de grande alegria também para todo o povo! Hoje mesmo na cidade de Davi, nasceu o Messias, O Senhor se fez carne. Nasceu o Salvador de vocês. Esta será a prova: Vocês encontraram uma criancinha enrolada em panos e deitada numa manjedoura.

No mesmo instante apareceu junto com o anjo uma multidão de outros anjos, como se fosse um exercito celestial. Eles cantavam hinos de louvor a Deus, dizendo:

- Glória a Deus nas alturas do céu! E paz na terra para as pessoas que a querem bem!

Quando os anjos voltaram para o céu, os pastores disseram uns aos outros:

- Vamos até Belém vamos ver aquilo que o Senhor nos contou.

Eles foram depressa, e ao chegarem nenhum choro era ouvido, o bebe estava acordado e sorria. Que estranha sensação aquela criança causava aquietando e confortando o coração de todos os cansados e aflitos que a olhavam.

Novamente refeitos os três viajantes entraram na casa e encontraram o menino com Maria a sua mãe. Cuidadosamente aproximaram-se então ajoelharam-se diante dele e o adoraram. Depois abriram as suas urnas de couro e lhe ofereceram presentes: ouro, incenso e mirra.

José neste, momento, estava ao lado de sua amada família, contando às pessoas que os visitavam de um sonho que tivera.

Contava ele que o anjo lhe chegara em sonho e dissera, que ele deveria por o nome de Jesus no bebê, pois ele viera a este mundo para salvar o seu povo do pecado.

Animadamente embalado pela emoção seguira, José, noite a dentro atendendo do lado de fora da gruta as pessoas que cantavam e louvavam ao Deus menino. Deixando que Maria repousasse no interior da gruta em sossego junto ao Bebê.