O PROFETA MIQUÉIAS E A CPI DO ORÇAMENTO

O PROFETA MIQUÉIAS E A CPI DO ORÇAMENTO

Dizem os entendidos da linguagem bíblica que Miquéias significa “QUEM É SEMELHANTE A JEOVÁ?”

Ele viveu numa pequenina Vila com quase nenhuma expressividade, denominada Moresete Gate, que, segundo os eruditos, não se sabe exatamente onde se localiza hoje. Presume-se ter sido uns 40 Km a sudoeste da capital hierosolimitana, na Sefelá, a meio caminho entre a cidade de Gate, na Filístia (Mq 1.10), a Oeste e Adulão a Leste (Mq 1.15).

Não foi estadista como Daniel ou Isaías. Tinha costumes, origens e hábitos campesinos, provavelmente já que sua ascendência não pode ser traçada, visto ser desconhecida tanto na história paralela, quanto na sagrada.

Seus sermões curtos, diretos e recheados de boa dosagem de azedume, porquanto tratar-se de um verdadeiro paladino e vidente da Justiça do Senhor, vivendo num cotexto de malfadadas ilusões, corrupções e degradações morais de todos os matizes, pois, em cada canto medrava o terror do pecado, fazia tinir orelhas e extremecer corações, em virtude do seu não conformismo à situação pútrida reinante, tanto contra Israel quanto contra Judá – de norte a sul, simultaneamente.

Vibrou suas cordas vocálicas contra tudo e contra todos, diante de Reis (Jotão, Acaz e Ezequias) (Mq 1.1; Jr 26.18) e na contemporaneidade de outros “nabbis” (profetas), tais como Isaías e Oséias (Is 1.1 c.c. Mq 1.1 e Os 1.1), trazendo mensagens de justiça, consolo e esperança, concomitantemente, dada a sua sensibilidade e acuidade em captar os oráculos divinos a favor e contra os dois reinos, àquelas alturas, divididos, esfacelados e prestes a serem repatriados por estranhos e despóticos reis mesopotâmicos, embora sob a vontade permissiva de Deus.

Naquele contexto, quase sozinho, cerca de oito séculos antes do Messias encarnar-se, viveu e cumpriu seu papel de mensageiro de Deus, brandindo a “espada do Espírito” com toda autoridade, direcionando-a a governadores (políticos), juízes, sacerdotes, falsos profetas e aristocratas de seus dias.

E foi pensando em Miquéias, meditando em sua coragem e audácia pertinaz que, por analogia, pensei em nossos tempos, mais especificamente, na realidade brasileira, principalmente nestes momentos que estamos visualisando pela mídia o comportamento de alguns congressistas e outros patrícios investidos em algum cargo. Penso que a situação do Brasil, em parte, é idêntica à de Miquéias. Lá imperava a idolatria, razão maior que levou a nação israelita ao exílio. Como também a opressão, o locupletamento ilícito, as disparidades e desigualdades sociais. O que, também, não difere em nada do que vivenciamos às portas, a cada instante.

A situação é idêntica também, no que concerne aos políticos que se deixam levar por falcatruas de grandes portes, manobras e clandestinidades, que, para felicidade da nação, ainda foram desacobertadas em tempo.

Teríamos muito que dizer sobre a situação religiosa de nosso povo que vai após imagens, romarias e às bajulações da seita da religião da maioria. É a história sofredora de um povo cego espiritualmente que se repete ...

Diga-se de passagem que a nação israelita já podia sentir, além dos males que carregava em seu seio, a proximidade dos exílios assírio e babilônico, que se avizinhava, antes da vinda do “Pastor que apascentará o povo na força do Senhor, na excelência do Nome do Senhor seu Deus”. (Mq 5. 3,4).

As realidades deste sofrido Brasil, e também, porque não dizer deste mundo em que vivemos, tem sentido as dores horripilantes que antecedem a Segunda vinda do Nosso Redentor Amado, para por fim a todo caos político, humano, ecológico e espiritual que envolve em negras nuvens os caminhos de quem não conhece os caminhos da salvação em Cristo, cujas cidadelas d´alma não gozam a certeza da verdadeira libertação espiritual.

Clamemos a Deus pelo Brasil, ante as situações em que vivemos e sejamos audaciosos tanto para denunciar, quanto para consolar, com as nossas orações, mensagens, conselhos e companhias direcionados aos nossos queridos concidadãos e patrícios. Amém !

Muniz Freire, 01 de novembro de 1.993 - Fernando Lúcio Júnior

Obs.: Este artigo foi publicado no “O JORNAL BATISTA”, do Rio de Janeiro, em 05 de dezembro de 1993