O PAPEL DO ESPIRITISMO NO PRESENTE E NO TRANSFUTURO

O PAPEL DO ESPIRITISMO NO PRESENTE E NO TRANSFUTURO

Tamiris Assunção

O Espiritismo é um código aberto, não criptografado, que populariza, exoteriza e democratiza verdades profundas da realidade universal e particularmente das verdades pregadas por Jesus Cristo. É acessível não só aos espíritas, mas a todas as pessoas.

O Espiritismo é, por si mesmo, uma dimensão cognitiva autossustentada, com vocabulário próprio e também vocabulário oriundo de todos os principais ramos de saber.

A realidade universal é uma só, mas o Espiritismo é uma forma especial de vê-la. Observe-se que, em o Livro dos Espíritos, o próprio Kardec usa termos como “mundo espírita” ao lado de “mundo dos espíritos”, numa tentativa não de mostrar um mundo espiritual diferente, mas, didaticamente, de mostrar uma forma diferente de analisar o mundo espiritual.

No futuro pós-transicional, como decorrência da própria evolução cognitiva no terreno da Filosofia e da Ciência em nossas plagas, será autoimperativo, por exemplo, todas as formações religiosas sobreviventes adaptarem seus postulados àqueles mais universais, eternos e coincidentes com os fenômenos da natureza divino-cósmica, a saber:

• a crença na existência de Deus como o intelecto supremo e a causa primária de todos os seres;

• a imortalidade da centelha de Deus que anima todos os corpos (chamada comumente de espírito, no caso dos seres humanos);

• a comunicação dos Espíritos que estão fora do corpo humano denso (desencarnados) com os que estão dentro dele (encarnados), não só pela via chamada mediúnica direta (fisiossensorial), como também por vias indiretas valendo-se de recursos tecnológicos e naturais;

• a crença na existência de mundos habitados invisíveis paralelos aos da Terra e distanciados desta, não só no espaço sideral (planetas e estrelas), mas também no espaço espiritual invisível aos aparelhos e telescópios da nossa vã tecnologia astrofísica;

• a reencarnação, como fenômeno biológico, dos Espíritos terráqueos em novos corpos humanos, bem como a encarnação de seres espirituais oriundos de outros planetas (alienígenas), não só em corpos humanos viventes sobre a crosta terráquea, mas também em corpos de seres viventes na dimensão espiritual e semimaterial paralela à Terra;

• o conhecimento e comportamento de cada um pautado na compreensão e observância da lei divina ou natural e das leis de adoração, trabalho, reprodução, conservação, destruição, sociedade, progresso, igualdade, liberdade e justiça, amor e caridade, aplicadas em níveis mais avançados;

• a ética crística de fraternidade universal, de amor incondicional e de felicidade compartilhada entre todos os habitantes do planeta, independentemente das preferências, religiões, línguas e culturas dos povos e das formações sociais localizadas.

• A adoção de uma religião, de uma língua e de uma moeda únicas, com fortes componentes sociais, morais e humanitários, sob a gerência de um colégio de governantes globais, nomeados pelo critério da meritocracia, ainda que preservados os correspondentes valores nacionais e locais já existentes.

Não será uma crença ou convicção baseada apenas em lógica filosófica ou em indícios, como sempre houve sobre essas realidades. Será uma crença baseada no que os sentidos captarão diuturnamente, a olho nu. Quase todos viverão mesclando as realidades da terceira dimensão com as da quinta dimensão. Daí porque tem-se dito que a Terra estará vivendo na quarta dimensão, quando terá saído da era do átomo para a era do fóton.

Enfim, é de se crer que todos pensarão, agirão, reagirão e decidirão sobre qualquer assunto considerando as repercussões de seus atos de acordo com esses postulados universais, que, embora sejam o cerne da Doutrina Espírita, mas de matriz preponderantemente espiritual, serão transplantadas para as religiões do futuro, em épocas distintas, mas em curto período de tempo. Coincide mais ou menos com a seguinte declaração do próprio Kardec, no livro “Obras Póstumas”, que reúne textos avulsos que ele escrevera ainda encarnado, publicado em 1890):

“Coerente com seus princípios, o Espiritismo não se impõe a ninguém; ele quer ser aceito livremente e através da convicção. Ele expõe suas doutrinas e recebe aqueles que, voluntariamente, vêm até ele. Não procura afastar ninguém de suas convicções religiosas; não se dirige àqueles que têm uma fé e a quem esta fé basta, mas àqueles que, não estando satisfeitos com o que se lhes deu, procuram alguma coisa melhor”.

Uma coisa é o Espiritismo como doutrina cristã que propugna especificamente a reforma íntima e a cristicização das pessoas humanas e espirituais. Outra coisa são as realidades espirituais universais (Deus, imortalidade da alma, comunicabilidade dos Espíritos, pluralidade dos mundos existentes e reencarnação). Estas interagem com todos os seres, em todas as épocas, lugares e dimensões visíveis e invisíveis. O Espiritismo se utiliza conjuntamente de todas elas como seus próprios postulados, para difundir e justificar suas propostas básicas de reforma íntima, de observância do Cristianismo em sua pureza.

"O Espiritismo não é simples religião igual às demais: é um método de viver." – Espírito André Luiz

Diz-se que o Espiritismo não é a religião do futuro, mas, sim, o futuro das religiões (e também das ciências e das filosofias). Fatoremos esse enunciado: será comum todas as religiões, ciências e filosofias aceitarem as mesmas realidades espirituais sobre as quais o Espiritismo já se baseia desde a sua codificação. Será normal se ser, antes de tudo, espiritualista (quer se seja religioso, cientista, filósofo ou até mesmo ateu). A realidade espiritual e suas manifestações e fenômenos estarão integrados com a realidade natural e com a realidade hominal. A terceira, quarta e quinta dimensões das duas genéricas realidades da vida terrestre (material e espiritual) serão perfeitamente visibilizadas em sua interface, comunicação e influência mútuas.

Atualmente, o Espiritismo está prestando um grande papel social, ao esclarecer mais detalhadamente o que se passa no plano invisível no processo da transição planetária de mundo de provas e expiações para mundo de regeneração. Grandes autores espirituais, como Joanna de Ângelis, Emmanuel, Bezerra de Menezes, Manoel Philomeno de Miranda, assim como grandes escritores e oradores encarnados, têm falado mais especificamente sobre a questão.

Apesar do farto e rico material a respeito, muitos têm se queixado de o Espiritismo não ter explorado muito discursivamente e experiencialmente os fenômenos espirituais, em especial os fenômenos da transição planetária ou armagedom ou apocalipse, como o fazem outras correntes espiritualistas e correntes religiosas. Ocorre que o papel primordial do Espiritismo, como doutrina, é a disseminação da caridade e a prática dos valores morais crísticos. A prioridade da Doutrina dos Espíritos é a reforma íntima dos terráqueos, ainda que motivada pela certeza das realidades universais adotadas como seus postulados. É convidar-nos a vivenciar o reino de Deus aqui na cotidianidade terrenal, redivivando o Cristianismo. Acreditamos que a quem consegue abrir esse portal com a dimensão divina, tudo o mais lhe será acrescentado, inclusive a paz e a serenidade necessárias para ver, compreender e vencer o mundo e suas as adversidades transicionais. E vencer o mundo na atual transitoriedade intercíclica é acender a própria luz e a dos demais mundanos, através do esclarecimento e da concitação à prática evangélica, dando inicialmente o exemplo. É a melhor arma para vencer o mundo de trevas e hostilidades ainda imperante.

****

Mas, algum desavisado pode questionar: a Bíblia não condena textualmente o Espiritismo?

A Bíblia não condena o Espiritismo como Doutrina, com E maiúsculo, mas condena textualmente “espiritismos” e “médiuns”, isso em algumas traduções, a exemplo da tradução de João Ferreira de Almeida e da Torre de Vigia (“Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas”. É uma falha de tradução que tem levado confusão à mente de muitos religiosos, mesmo porque esses termos foram cunhados pelo próprio Kardec, o qual, inclusive, em seu livro “O Que é o Espiritismo”, cuidou de distinguir claramente o médium dos feiticeiros.

****

Os fatos da natureza espiritual, rebaixados da condição de paranormais para normais, serão sensorialmente tão patentes e evidentes para todos, que um ajuste aos fatos todas as religiões, ciências e filosofias da época terão que fazer, visando ao aperfeiçoamento de si mesmas como meios de transformação e melhoria social e para não ficarem incoerentes com as evidências fáticas. As formações religiosas totalmente antagônicas ou incompatíveis com essas realidades espirituais naturais e universais simplesmente desaparecerão, por falta de adeptos.

Já hoje, a ideia maior não é se converter exatamente para o Espiritismo, porém é um bom consolo aceitar as verdades espirituais veiculadas pelo Espiritismo, especialmente nesta época de transição planetária, em que milhões de pessoas estão atônitas e carentes de esclarecimentos abalizados sobre o que é que está mesmo acontecendo com a humanidade e com a Terra.

O Espiritismo é uma chave de ouro para abrir as consciências contemporâneas para os meandros da realidade escatológica, ou melhor, transiciológica. Basta que se tenha ouvidos de ouvir, olhos de ver, intelectos de perceber e coração puro de preconceitos religiosos e de atavismos míticos profundamente enraizados. É a doutrina que melhor esclarece os fatos e fenômenos espirituais, morais e universais, inclusive porque fulcrada em experimentações científicas, racionalística filosófica e moralidade crístico-espiritualista. [Contudo, a melhor doutrina, ou melhor ainda, a melhor religião para cada um é aquela em que cada um se sente melhor para seguir os mandamentos crísticos, que são suprarreligiosos, supratemporais e universais.]

Nós cá encarnados nada sabemos por nós mesmos, mas os Espíritos superiores, que nos instruem pela via medianímica dentro dos ambientes espíritas, sabem e vivem a nos dizer como são e como estão as coisas no lado de lá e quais as previsões gerais mais úteis para nosso conhecimento sobre o que virá, a fim de que nos inspiremos nessas previsões para nosso cada vez maior aprimoramento moral, hoje, agora. Tudo numa linguagem clara e aberta, sem mitos apocalípticos, sensacionalismos ou psicoterrorismos, mas chamando-nos à ordem, para que nos engajemos nas fileiras dos trabalhadores da última hora e para que perseveremos na observância das virtudes crísticas, até o fim, ou seja, até o último instante em que cada um estiver encarnado ou ligado à Terra nesta atual e última geração humana antes da grande transição psicofísica.

Com a fé raciocinada espírita, passa-se a crer na justiça e na bondade infinitas de Deus, no futuro, na paz, no amor e na necessidade de se empenhar cada vez mais na prática do bem. Nada tem a ver com a doutrina da sola fide, que exclui as obras, por se achar bastante para a salvação. Não é mera fé baseada em mitos e linguagens obscuras, mas é a certeza transparente, direta e convidativa a uma reforma íntima com consciência de causa em seus detalhes.

De qualquer forma, quem diuturnamente pratica obras em favor de necessitados e excluídos, estimulado por essa fé raciocinada dinâmica e social, nem precisa ser espírita formal. É um “espírita indireto”, até mais perfeito do que muitos declaradamente espíritas, mas que são, na definição kardequiana, “espíritas imperfeitos”, porque sabem, mas não praticam o que sabe. O “espírita indireto” pode ser de qualquer religião ou seita, ou pode nem mesmo seguir qualquer formação de crença, podendo até considerar-se um ateu. Mas, será praticamente uma igreja ambulante, um ponto de fé movente pelo espaço, uma luz no túnel por que passamos, um farolete de esperança para mitigar a angústia de muitos. É o verdadeiro crente, um operário da salvação, um trabalhador da undécima hora, um homem de confiança do Divino Comandante.

Claro que o simples fato de se integrar nas fileiras espíritas já um motivo de alegria, porque já se descobre certas nuances da realidade universal, de forma clara, que convida a uma reforma íntima com conhecimento de causa. É o cognitivismo socrático, de se tornar melhor, porque se tem mais certeza da importância de se ser melhor. O espírita, ainda que lato sensu, é um cientista, um filósofo e um religioso numa pessoa só. Tem muito para prosseguir na marcha evolutiva de forma mais consciente e especializada, socorrendo aos outros em suas dúvidas e inquietudes. Ele é um consolador-esclarecedor, um caridoso da fé raciocinada, um libertador pela oferta da verdade. Ajuda a quem precisa, inclusive, se for o caso, pelo socorro material, emocional ou afetivo, mas ajuda também a quem precisa a se ajudar, a reunir condições de prosseguir na caminhada geral, em especial na grande transição entre eras que todos estamos experimentando. Ajuda também a quem precisa para que este ajude os outros, levando a mesma mensagem de pensamentos, palavras e ações, estendendo a corrente luminosa do bem estar comum e fortificador da esperança a todos. Eis o diferencial. O diferencial positivo.

Tamiris Assunção
Enviado por Tamiris Assunção em 03/11/2012
Reeditado em 07/10/2016
Código do texto: T3967188
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.