É A BIBLIA MACHISTA? II

(Resposta ao comentário do artigo anterior por Áureo Martins)

Caríssimo Áureo, de antemão, quero agradeço a sua crítica avaliativa, pois com isso, me faz render mais um artigo.

Aprendi com um renomado teólogo e profícuo escritor e polemista do passado Willian Carey Taylor, que “a controvérsia é mãe da teologia”, como também pode ser mãe da filosofia, do saber etc.

Em seus comentários, discordando em parte de meu artigo, você faz referência ao Decálogo, citando texto do 10º mandamento (que trata da cobiça), mas usando as palavras do 4º (que proíbe não trabalhar e deixar trabalhar os empregados no sábado).

Com esta sua alusão (que confunde um mandamento com outro) não vou comentar, apenas rebater a conclusão a que você chegou, deduzindo que “Deus coloca a mulher como um pertence do homem” denominando isso de machismo!

Veja você mesmo que isto fica irreal, quando você olhar melhor o texto bíblico que transcreveu, verá que no verso citado (Êxodo 20.8-11) aparece também os termos MASCULINOS (não se referindo somente às mulheres), tais como: ESCRAVOS (ou SERVOS) – dependendo da versão que se tiver às mãos - E OS ANIMAIS. Ora, se por tornar escravas/servas as fêmeas, Deus ou a Bíblia são machistas, então, por tornar os homens (servos/escravos) ambos (Deus e a Bíblia) seriam FEMINISTAS? (Certamente que não!) E, se esta for a sua conclusão de ser Deus e a Bíblia machistas, não dá para aceitar, pois a questão fica zerada, porque aparecem como escravos/servos tanto a mulher quanto o homem – ambos em pé de igualdade no texto bíblico citado e seu paralelo em Deuteronômio 5.12-15. (Agora prossiga e veja adiante).

É preciso você saber que o contexto cultural de escravidão, em que Moisés escreveu o Decálogo, foi no Egito e essa era (e continuou sendo no Império Romano chegando até os nossos dias, mais especificamente no Brasil – até 1888, sendo eliminado da sociedade Brasileira pela Lei Áurea! Quero dizer eliminado da lei e dos costumes em sua maioria, salvo raríssimas exceções, pois todos sabemos que do coração os seres humanos não desarraigam essa mentalidade de escravizar os seus semelhantes!). O que Moisés prescreveu foi que os escravos (masculinos e femininos) não deveriam trabalhar no Dia do Descanso – o sábado. Não houve ali machismo. O muito que pode ter havido foi uma desvalorização da mão-de-obra do ser humano, mas, como eu já dissera no artigo anterior, Jesus fez retornar a dignidade da mulher, valorizou-a mais que a Lei Mosaica e pô-la na condição especial em que deve sempre estar, mas nunca desvalorizada, embora temos assistido que ela mesma se desvaloriza. Entendo também que naquele contexto, houve apenas permissão de Deus na coisificação do ser humano, mas que foi se modificando para melhor, ao longo dos anos (e a gente reconhece que ainda falta alguma coisa, mas, sabe-se que perfeição não será aqui neste mundo. Sempre ficará faltando tanto para homens ou mulheres, servos ou senhores, pois ninguém está plenamente satisfeito. E, por outro lado, só quem sabe o que falta realmente ao ser humano é Deus, ainda que ele reclame ou ponha outros para reclamar por eles). (Outra coisa, amigo, convenhamos: a própria mulher hoje se coisifica em nossos dias! Não é isto que se vê? Quantas estão vendendo-se? Até a virgindade em nossos dias!!!)

Quero lembrar-lhe também que há mandamentos que são exclusivamente direcionados para: o indivíduo, a Igreja, as nações e Israel. No caso específico, no texto citado, vemos que se trata de mandamento direcionado a Israel, a uma nação que estava sob o controle de Deus (embora insurgente e desobediente, muitas vezes!). Mas não era mandamento para as nações escravizarem os seus súditos como ao longo dos séculos se viu e ainda se vê (isoladamente), mas, infelizmente a escravidão não está de todo desarraigada da mente e coração dos homens. Fique sabendo também que Deus não quer isso, pois o NT (Novo Testamento) não manda escravizar ninguém! Isso foi a presença de Jesus que fez a diferença para as mulheres!

Bem, deixando o argumento do machismo, você também mencionou: “Se "DEUS" criou o universo e toda vida nele existente, se um "DEUS" bondoso e infinitamente poderoso governa este mundo, como podemos justificar os ciclones, os terremotos, a pestilência e a fome? Como podemos justificar o câncer, os micróbios, a difteria e milhares de outras doenças que atacam durante a infância? Como podemos justificar as bestas selvagens que devoram seres humanos e as serpentes cujas mordidas são letais?” Ora, os ciclones, os terremotos etc estão dentro de leis atmosféricas que, atualmente, aprendemos que é o próprio homem é que ajuda a causar muitos caos. Mas existente também o Diabo e seus demônios que açula tudo isso para causar prejuízo e desespero no próprio homem que Deus criou, para que o homem se afaste deste Deus. O Diabo é invejoso e quer somente o mal do ser humano! Depois, o seu habitat natural é o espaço atmosférico que é onde ele vive a vigiar a humanidade querendo levá-la sempre ao caos de todos os sentidos, não somente o ecológico, mas o moral e espiritual! Ele é o grande adversário de Deus e da humanidade! Mas um dia suas ações terão fim! (“Pelo que alegrai-vos, ó céus e vós que neles habitais. Mas ai da terra e do mar: porque o Diabo desceu a vós, com grande ira sabendo que pouco tempo lhe resta”. - Apocalipse 12.12)

E, quanto às doenças, isso foram conseqüências da própria desobediência do homem, mas é preciso lembrar que Deus tem dado inteligência e recursos à humanidade para combatê-las. É o que mais nos interessa! Ele cuida dos pássaros e dos animais, como não cuidará do ser humano?

Finalmente, quanto aos animais que devoram a outros animais (indefesos ou não), a maioria deles é para sobrevivência? (Só o ser humano mata por ódio!) As bestas feras que devoram homens, é porque estes homens se posicionam em lugar indevido ou provocando essas mesmas feras! O homem é sempre provocador! Que fique em seu lugar! Provoca até o Criador com descrenças e indagações indevidas! Forte abraço.

Muniz Freire, 10 de outubro de 2012

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