Siladas Malafalha: bíblia, história, cultura e interpretação
Siladas Malafalha: preconceito, desinformação e interpretação bíblica
O empresário Siladas Malafalha, movido por profunda inveja do apóstolo Paulo, fundado numa concepção política do neonazismo, despercebida pela maioria da população brasileira, prejudicada pelo analfabetismo funcional, deficiência das escolas básicas e universitárias, restaura em nossos dias o processo inquisitorial contra homossexuais. Inicialmente sua tacada dirige-se a este grupo, mais um passo, o discípulo de Mike Murdock (http://www.youtube.com/watch?v=xhmG9ellqys) utilizará o conceito de raças do Antigo Testamento para apregoar a extinção dos negros, possivelmente, descendentes de Cam, filho amaldiçoado de Noé.
O que o mega investidor religioso deixa de esclarecer seus teleouvintes é que a leitura da Bíblia e de suas passagens está vinculada a um elemento fundamental em qualquer ciência, a história e a cultura, em outras palavras à interpretação bíblica, que os estudiosos da Teologia denominam de Hermenêutica. Vamos exemplificar.
Em 1974, foi fundada no Paraná, a Igreja Evangélica Missionária Só o Senhor é Deus, pelo pastor Alécio Miranda Leal. Conheci, pessoalmente, o Missionário Miranda Leal. Este pastor usava uma capa branca, em geral, tocada pelos fiéis para serem curados, abençoados e obterem sorte na vida. Buscou um argumento na passagem bíblica de II Timóteo 4.13 (“Quando vieres, traze a capa que deixei em Trôade, em casa de Carpo...”). Esse é um dos exemplos como o desconhecimento da história que envolve a escrita da segunda carta de Paulo a Timóteo e de um versículo largado no final de um capítulo com diversos mandamentos e recomendações. Para Miranda Leal esse versículo tinha que ser obedecido na pregação. Os líderes deviam subir no púlpito com uma capa branca porque esta era uma ordem bíblica. Qualquer assunto bíblico, tema, moral ou cerimonial deve ser interpretado, entendido à luz do contexto histórico e imediato do autor.
Outro exemplo é a passagem de Gálatas 1, cujas palavras de Paulo se dirigem à comunidades e pessoas que recusavam sua autoridade apostólica porque ele não tinha feito parte do grupo dos Doze apóstolos primitivos. Desde o começo de seu ministério (1 Coríntios 1 e 9) Paulo trava uma luta para reconhecer sua legitimidade. Outro dia, uma senhora batista me confessou nunca ter escutado essa explanação em sua comunidade. Lamentavelmente essa é a situação do púpito contemporâneo.
Fontes de pesquisa sobre interpretação, história e cultura bíblica
A maioria dos membros de igrejas, pastores consagrados no grito por meia dúzia de pastores sem mínima escolaridade, que não distinguem princípios de denominações religiosas, não estuda as Escrituras (Atos 17:11; Salmo 1:1-6). Confiam na, igualmente, frágil e despreparada explicação mecânica dada pelos que decoram, entrelaçam, relacionam e cruzam versículos bíblicos, sem contexto histórico e cultural. Essa é uma atitude de responsabilidade, de interesse, de maturidade (Hebreus 5:12 a 6:10), que depende de cada cristão tomar coragem.
Recomendo a seguir, excelentes livros sobre interpretação bíblica, história e cultura dos tempos bíblicos. Importantes para analisarmos a série de mandamentos e situações apresentadas nas páginas do Antigo e Segundo Testamento. A homossexualidade, entre tantas outras, é parte desse conteúdo que carece de profunda análise histórica. Mas não é a única.
Antigo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. Russell Norman Champlin. Editora Hagnos;
Como estudar a sua Bíblia. M. R. De Haan. Imprensa Batista Regular;
Introdução Bíblica. J. Cabral – (Eu tenho a edição antiga, pela Universal Produções, mas o livro foi reeditado);
Hermenêutica: regras de interpretação das Sagradas Escrituras. E. Lund e P. C. Nelson. Editora Vida;
Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. Russell Norman Champlin. Editora Hagnos;