Homilia Pe. Ângelo Busnardo-XXVII Domingo Comum (Adultério e Divórcio)

XXVII DOMINGO COMUM

07/ 10 / 2012

Gn.2,18-24 / Hb.2,9-11 / Mc.10,2-16

Após preparar a superfície da terra com ar. Água e comida para alimentar animais e seres humanos, Deus criou o primeiro casal. Deus criou um só homem (Adão) e uma só mulher (Eva). Este fato é usado por Jesus como argumento para provar que Deus é contra o divórcio: 6 Mas no princípio da criação Deus os fez homem e mulher. 7Por isso o homem deixará pai e mãe para unir-se à sua mulher, 8e os dois serão uma só carne . Assim, já não são dois, mas uma só carne. 9 Não separe, pois, o homem o que Deus uniu” (Mc.10,6-9). Sendo um só homem e uma só mulher, não havia possibilidade de troca.

1. Se Deus fosse favorável ao divórcio, teria criado diversos homens e diversas mulheres. Assim, quando um casal tivesse cansado de ficar juntos, teria tido a possibilidade de mudar de parceiro.

2. Se Deus fosse favorável à poligamia, teria criado um homem e diversas mulheres. Como, no paraíso terrestre, o corpo humano era compatível com a natureza, não precisando de casa e nem de roupas e a natureza produzia sem o trabalho do homem ar, água e comida, mesmo que um homem gerasse muitos filhos com diversas mulheres ninguém teria passado necessidades. Tendo criado um só homem e uma só mulher, Deus demonstrou também que é contra a poligamia.

Mas os fariseus responderam a Jesus que Moisés tinha permitido o divórcio: 4 Eles disseram: “Moisés permitiu escrever uma certidão de divórcio e despedir a mulher” (Mc.10,4). Efetivamente Moisés tinha legalizado o divórcio: 1 Se um homem toma uma mulher e casa-se com ela e esta depois não lhe agrada porque descobriu nela algo de inconveniente, escreverá uma certidão de divórcio e assim despedirá a mulher. 2 Tendo saído da casa do marido, a mulher poderá casar com outro homem (Dt.24,1-2).

A lei punia com pena de morte o homem e a mulher que cometiam adultério: 10 Se um homem cometer um adultério com a mulher do próximo, ambos os adúlteros serão punidos com a morte (Lv.20,10). Moisés foi forçado a legalizar o divórcio para evitar de ter que condenar à morte todas as pessoas casadas que tivessem relações sexuais fora do matrimônio.

Permitindo a dissolução do matrimônio, Moisés evitou adultérios e conseqüentemente a condenação à morte dos adúlteros. Em outras palavras, com esta lei Moisés legalizou o adultério. Por outro lado, no Antigo Testamento, não havia sacramentos. Não sendo um sacramento, o matrimônio era um simples contrato entre um homem e uma mulher. Sendo apenas um contrato podia ser desfeito.

No Novo Testamento, o matrimônio é um sacramento e, em nenhuma hipótese, pode ser desfeito. Ultimamente, a Igreja Católica, através dos famigerados tribunais eclesiásticos considera nulos matrimônios que na realidade foram válidos e assim disfarçadamente o divórcio está sendo promovido pela própria Igreja Católica. Com isto a Igreja não ajuda os divorciados a se salvar e os eclesiásticos que promovem este tipo de velhacaria também se condenarão.

Enquanto estiverem vivos, os divorciados têm possibilidade de se salvar. Com a declaração que matrimônio foi nulo quando na realidade não foi, a Igreja cancela a consciência do pecado. Os adúlteros continuam vivendo no adultério e morrendo adúlteros irão para o inferno, junto com os padres e bispos que declararam nulos matrimônios que, na realidade, tinham sido válidos.

Seria bem melhor se a Igreja dissesse para os casais em segunda união que mantenham viva a consciência do pecado e se surgir uma emergência na qual percebem que vão morrer se arrependam. Com um arrependimento sincero na hora da morte, o pecador pode obter o perdão dos pecados e se salvar. Por exemplo, se o adúltero ou a adúltera está no avião e percebe que avião vai cair, pode arrepender-se e se salvar. O arrependimento, porém, deve ser sincero. Se avião cai e o adúltero ou adúltera sobrevive e volta para o parceiro no adultério, o arrependimento não era sincero.

Jesus é Deus. Como Deus, Jesus está acima de toda e qualquer criatura. Jesus está acima de todos os anjos e demônios e todos os seres humanos. Mas o autor da carta aos Hebreus, diz que Jesus foi colocado um pouco abaixo dos anjos: 9 Mas aquele que Deus fez pouco menor do que os anjos , Jesus, vemos coroado de glória e honra por haver padecido a morte. Assim por graça de Deus experimentou a morte por todos (Hb.2,9). São Paulo, na segunda carta aos corintios, diz que Deus fez Jesus pecado: 21 Quem não conheceu o pecado, Deus o fez pecado por nós, para que nele fôssemos justiça de Deus (2Cor.5,21). Para entender estas afirmações, precisamos voltar ao livro do Gênesis.

Deus criou Adão e Eva livres do sofrimento e da morte e deu duas ordens para eles cumprir:

Não comer da árvore da ciência do bem e do mal: 16 O Senhor Deus deu ao homem uma ordem, dizendo: “Podes comer de todas as árvores do jardim. 17 Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não deves comer, porque no dia em que o fizeres serás condenado a morrer” (Gn.2,16-17).

Crescei e multiplicai-vos: 27 Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou, macho e fêmea ele os criou. 28 E Deus os abençoou e lhes disse: “Sede fecundos e multiplicai-vos, enchei e subjugai a terra! Dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre tudo que vive e se move sobre a terra” (Gn.1,27-28).

Deus avisou o primeiro casal que, se pecasse, isto é, se não obedecesse a estas duas ordens seria submetido ao sofrimento e à morte (Cf.Gn.1,28). Adão e Eva não cumpriram nenhuma das duas ordens e, para castigá-los, Deus amaldiçoou a terra: 17 Para o homem ele disse: “Porque ouviste a voz da mulher e comeste da árvore, cujo fruto te proibi comer, amaldiçoada será a terra por tua causa. Com fadiga tirarás dela o alimento durante toda a vida. 18 Produzirá para ti espinhos e abrolhos e tu comerás das ervas do campo. 19 Comerás o pão com o suor do rosto, até voltares à terra, donde foste tirado (Gn.3,17-17). Adão e Eva comeram a fruta proibida e, quando a comeram, não tinham filhos e Eva não estava nem mesmo grávida. Isto revela que não tinham cumprido nenhuma das duas ordens recebidas de Deus.

Os anjos que se mantiveram fiéis foram criados livres do sofrimento e se mantêm livres do sofrimento. Ao se encarnar, Jesus assumiu um corpo feito de terra amaldiçoada tornando-se amaldiçoado e sujeito ao sofrimento e à morte: 13 Cristo resgatou-nos da maldição da Lei, fazendo-se maldição por nós, pois está escrito: Maldito todo aquele que é suspenso no madeiro (Gl.3,13). Apesar de nunca ter cometido pecado, assumindo um corpo feito de terra amaldiçoada, Jesus desceu ao nível do homem pecador e por isto abaixo dos anjos que se mantiveram fiéis, os quais nunca foram submetidos ao sofrimento.

Ao assumir a natureza humana, Jesus não perdeu a natureza divina. Como Deus, Jesus é e sempre será superior a todos os anjos. Para resgatar a humanidade pecadora, Deus colocou seu Filho Jesus numa situação inferior aos anjos que se mantiveram fiéis (Cf.Hb.2,9) e o fez pecado (Cf.2Cor.5,21), mas não lhe retirou a natureza divina.

Ângelo José Busnardo

e-mail : ajbusnardo@gmail.com

Pe. Ângelo Busnardo.
Enviado por Joanne em 03/10/2012
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