Homilia Pe. Ângelo Busnardo- XXV Domingo Comum.

XXV DOMINGO COMUM

23 / 09 / 2012

A verdade é aceita por poucos, mesmo assim ela continua sendo a verdade. Se houver uma verdade que não é aceita por ninguém, apesar disto ela continuará sendo a verdade. Os poucos que aceitam a verdade sempre são perseguidos pelos muitos que se opõem à verdade. Todos os líderes eclesiásticos contemporâneos de Jesus se voltaram contra Ele, mesmo assim a verdade estava com Ele. Jesus disse que veio ao mundo para dar testemunho da verdade e quem tinha compromisso com a verdade aceitava as suas palavras: 37 Pilatos disse-lhe então: “Logo, tu és rei?” Jesus respondeu: “Tu o dizes: eu sou rei. Para isso nasci e para isso vim ao mundo: para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz (Jo.18,37).

Aqueles que não aceitam a verdade se voltam contra aquele que age de acordo com a verdade: 12 Armemos ciladas ao justo porque nos molesta e se opõe às nossas obras; repreende em nós as transgressões da Lei e nos censura as faltas contra nossa educação (Sb.2,12). As ações dos líderes eclesiásticos do tempo de Jesus eram desonestas e os ensinamentos de Jesus demonstravam isto. Não podendo suportar as palavras de Jesus, decidiram livrar-se dele condenando à morte: 19 Submetamo-lo à prova por ultrajes e torturas, para conhecermos sua mansidão e experimentarmos sua paciência. 20 Condenemo-lo à morte afrontosa, porque, segundo suas palavras, não lhe faltará socorro” (Sb.2,19-20).

Quem segue Jesus com fidelidade deve estar disposto a ser tratado como Ele foi tratado: 25 Ao discípulo basta ser como o mestre e ao escravo como o patrão. Se ao chefe da família chamaram de Belzebu, quanto mais aos seus familiares (Mt.10,25). A perseguição contra o seguidor fiel de Jesus pode vir dos inimigos da Igreja e pode vir também dos próprios membros infiéis da Igreja. A perseguição proveniente de membros da Igreja, mesmo quando não há uso de violência física, é mais dolorida porque revela que alguns membros da comunidade se tornaram inimigos, que os membros da comunidade não estão unidos e que entre eles há interesses desonestos.

Os próprios apóstolos, apesar de acompanharem Jesus e serem ensinados por Ele, não conseguiram evitar rivalidades desordenadas que exigiram a intervenção de Jesus: 33 Chegaram a Cafarnaum. Em casa, Jesus lhes perguntou: “O que era que discutíeis no caminho?” 34 Eles se calaram porque no caminho tinham discutido quem seria o maior (Mc.9,33-34). Quem consagra a vida ao reino do céu não deve procurar ser grande e poderoso entre os irmãos durante esta vida, mas deve procurar ser fiel para ser grande no céu. Aquele que cumprir de maneira mais perfeita sua missão na terra, independentemente da função que exerce na comunidade, será o maior na casa do Pai: 35 Então Jesus sentou-se, chamou os Doze e lhes disse: “Se alguém quer ser o primeiro, seja o último e o servo de todos” (Mc.9,35).

O apóstolo Tiago estava entre os discípulos de Jesus que discutiram disputando o primeiro lugar. Como bispo de Jerusalém dever ter constatado que também os presbíteros sob a sua jurisdição tinham interesses e ambições desordenadas: 16 Onde houver ciúme e ambição, haverá também perturbação e toda espécie de obras más (Tg.3,16). A discórdia entre os membros da comunidade vem da falta de controle sobre os instintos e emoções das pessoas. Quem não controla a ambição, na tentativa de manter ou apoderar-se de cargos importantes na Igreja, pode agir de forma que prejudica os outros e até a própria Igreja: 2 Cobiçais e não tendes, matais e ardeis de inveja, sem conseguir obter. Vós combateis e litigais. Não obtendes porque não pedis (Tg.4,2).

Atualmente também a Igreja é dirigida por seres humanos e entre eles há pessoas ambiciosas que disputam posições, às vezes, com métodos reprováveis. Há padres que demonstram desagrado quando o bispo da diocese ou da região episcopal é trocado e eles não foram escolhidos para o cargo. Pelas normas da Igreja, os párocos deveriam mudar de paróquia a cada seis anos. Mas alguns se apoderam de uma paróquia e sai dela somente quando está dentro do caixão a caminho do cemitério. Os bispos estabeleceram que, ao completar setenta e cinco anos, o bispo titular de uma diocese deve renunciar. A norma não exclui o bispo de Roma (o Papa). Desde que a norma foi estabelecida nenhum papa renunciou ao completar setenta e cinco anos. Na última eleição, os cardeais elegeram o atual papa que, na época, tinha mais de setenta e cinco anos, desprezando assim a norma por eles mesmos estabelecida. Teria sido bem melhor para a salvação deles e para a Igreja se os cardeais tivessem respeitado as normas preestabelecidas.

Quando Jesus voltar, certamente não concordará com tudo aquilo que aqueles que dirigem a sua Igreja estão fazendo hoje. É provável até que, ao voltar, Jesus use o chicote para purificar a sua Igreja como usou o chicote para purificar o templo de Jerusalém.

Ângelo José Busnardo

e-mail : ajbusnardo@gmail.com

Pe. Ângelo Busnardo.
Enviado por Joanne em 19/09/2012
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