Homilia Pe. Ângelo Busnardo XXIV Domingo Comum.

XXIV DOMINGO COMUM

16 / 09 / 2012

Is.50,5-9ª / Tg.2,14-18 / Mc.8,27-35

Jesus falou que Deus castiga: 28 Não tenhais medo dos que matam o corpo mas não podem matar a alma. Deveis ter medo daquele que pode fazer perder-se a alma e o corpo no inferno (Mt.10,28).

Jesus falou que Deus é misericordioso: 36 Sede misericordiosos como vosso Pai é misericordioso (Lc.6,36).

A maioria das pessoas ignora a condenação para todos aqueles que morrem em pecado mortal e se apega exclusivamente à misericórdia de Deus. Já Adão e Eva cometeram esta asneira. Após o pecado, quando Deus os procurou para perdoá-los, não admitiram o pecado, pois Adão acusou Eva e esta acusou a serpente. Não admitindo o pecado, não se arrependeram e, por isto, Deus não os perdoou e, amaldiçoando a terra (Cf.Gn.3,17), castigou os dois e todos os seus descendentes. Aqueles que supõem que Deus não castiga deveriam lembrar que o sofrimento, a morte, o purgatório e o inferno foram criados por Deus. Obviamente, o sofrimento, a morte, o purgatório e o inferno não foram criados por Deus para premiar a humanidade, mas para castigá-la.

O Antigo Testamento anunciou que o verdadeiro Messias viria para sofrer e morrer: 5 O Senhor Deus me abriu o ouvido, e eu não me mostrei rebelde nem recuei. 6 Entreguei minhas costas aos que me batiam, e minhas faces aos que arrancavam a barba; não escondi o rosto aos ultrajes e cuspidelas (Is.50,5-6).

O Antigo Testamento anunciou que o verdadeiro Messias viria para reinar de forma gloriosa: 9 Exulta muito, filha de Sião! Grita de alegria, filha de Jerusalém! Eis que o teu rei vem a ti: ele é justo e vitorioso, humilde, montado sobre um jumento, sobre um jumentinho, filho da jumenta. 10 Ele eliminará de Efraim os carros e de Jerusalém os cavalos, o arco de guerra será eliminado. Ele anunciará a paz às nações. Seu domínio irá de mar a mar e do rio às extremidades da terra (Zc.9,9-10).

Pela lógica, é evidente que o Messias devia cumprir antes as profecias que afirmavam que Ele devia sofrer e morrer, ficando as profecias que anunciam o seu reino glorioso para serem cumpridas posteriormente. Jesus ressuscitado não pode sofrer e morrer.

Mas os judeus ignoraram o Messias sofredor e se concentraram exclusivamente no Messias glorioso. Como Jesus não expulsou os romanos e não estabeleceu em Israel um reino glorioso semelhante ao reino de Davi do qual Ele era descendente, os judeus o consideraram um falso messias e o rejeitaram. Os apóstolos também esperavam que Jesus restaurasse o esplendor do antigo Israel.

Jesus precisou advertir os apóstolos que, em sua primeira vinda, devia cumprir as profecias que anunciavam o sofrimento e a morte do Messias. Primeiro Jesus se certificou que os apóstolos acreditavam que ele era o verdadeiro Messias e por isto perguntou quem eles achavam que Ele fosse: 29 Então Jesus perguntou-lhes: “E vós, quem dizeis que eu sou?” Pedro respondeu: “Tu és o Cristo” (Mc.8,29). Obtida por parte de Pedro a confirmação que eles acreditavam que Ele era o verdadeiro Messias, Jesus declarou-lhes que precisava antes cumprir as profecias que afirmavam que Ele passaria pelo sofrimento e pela morte: 31 Então começou a ensinar-lhes que o Filho do homem devia sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e pelos escribas, que devia ser morto e ressuscitar depois de três dias (Mc.8,31).

Seguindo a expectativa dos judeus, também os apóstolos concentravam suas esperanças num Messias glorioso e não num Messias crucificado. Por isto, Pedro reagiu e falou a Jesus que não era isto que eles esperavam dele: 32 E falava disso abertamente. Pedro levou-o para um lado e se pôs a repreendê-lo (Mc.8,32). A resposta de Jesus a Pedro foi curta e grossa: 33 Mas Jesus voltou-se e, olhando para os discípulos, repreendeu Pedro e disse: “Afasta-te de mim, Satanás, porque não tens senso para as coisas de Deus, mas para as dos homens” (Mc.8,33). Jesus chamou o Pedro de satanás porque Pedro se comportou exatamente como satanás quando o tentou no deserto. Numa das tentações, satanás propôs dar a Jesus o esplendor de todos os reinos do mundo: 8 O diabo o levou ainda a um monte muito alto, mostrou-lhe todos os reinos do mundo com sua glória 9 e lhe disse: “Tudo isso te darei se, caindo por terra, me adorares” (Mt.4,8-9).

Jesus aproveitou a oportunidade para avisar os discípulos que, se quisessem salvar-se, eles também precisavam submeter-se ao sofrimento: 34 Jesus convocou em seguida o povo com os discípulos e lhes disse: “Se alguém quiser vir após mim, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga. 35 Pois quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas quem perder a sua vida por amor de mim e pela causa do Evangelho, há de salvá-la (Mc.8,34-35). Para salvar a alma é necessário perder a vida neste mundo, isto é, renunciar a muitas coisas de aparência agradável que o mundo preza e apegar-se a outras que o mundo despreza mas que têm um valor inestimável perante Deus.

Se for perguntado a alguém que não pratica a religião se acredita em Deus, se acredita que se salvará após a morte e se ele se julga fiel a Deus, certamente responderá que sim. No entanto, aquele que não tem obras, isto é, não pratica a religião, não manifesta sua fé católica perante os outros, não tem tempo para rezar junto com a comunidade paroquial é um pagão com fachada de católico. Estes pagãos com fachada de católicos irão para o inferno a uma temperatura mais alta do que aqueles que nunca foram batizados: 14 De que aproveitará, meus irmãos, a alguém dizer que tem fé, se não tiver obras? Poderá a fé salvá-lo? (Tg.2,14). A verdadeira fé não é uma teoria que se expressa apenas por palavras.

Por outro lado, não se pode afirmar que aquele que tem fé verdadeira tenha a obrigação de socorrer todos os pobres do mundo. Mas, se na comunidade onde o católico pratica a religião houver alguém que também participa das atividades religiosas da comunidade e está passando necessidade, aquele que possui meios para ajudar tem obrigação de ajudar: 15 Se o irmão ou irmã estiverem nus e carentes do alimento cotidiano 16 e algum de vós lhes disser: “Ide em paz, aquecei-vos e fartai-vos”, mas não lhes derdes com que satisfazer à necessidade do corpo, que adiantaria? (Tg.2,15-16). São Tiago não diz “se na cidade houver alguém passando fome”, mas “se um irmão ou irmã estiverem nus e carentes”. As palavras “irmão e irmã” nas comunidades primitivas eram usadas exclusivamente para designar membros praticantes da comunidade. Se São Tiago tivesse afirmado que o católico tem obrigação de ajudar todas as pessoas carentes, teria pedido algo impossível. Mas, pedindo que os membros da comunidade possuidores de bens materiais ajudassem outros membros da comunidade que eventualmente estivessem passando por necessidades matérias, estava pedindo algo possível.

Devemos levar em conta que tanto os membros ricos da comunidade como aqueles pobres, se perseverarem fiéis até à morte, se salvarão e morarão juntos no céu. Se alguém que constatou que uma pessoa que adorava a Deus na comunidade ao lado dele estava passando fome e, podendo ajudá-la, não a ajudou, após a morte no céu terá que lamentar a sua mesquinharia ao ver que aquele irmão ou irmã está com ele na casa do Pai. Por isto, é bom manifestar a fé com a participação nas atividades religiosas da comunidade e também, tendo a possibilidade, com o socorro material a eventuais membros carentes da comunidade: 18 Mas alguém dirá: “Tu tens fé e eu tenho obras”. Mostra-me tua fé sem as obras, que eu por minhas obras te mostrarei a fé (Tg.2,18).

Código : domin807

Ângelo José Busnardo

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Pe. Ângelo Busnardo.
Enviado por Joanne em 12/09/2012
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