Homilia Pe. Ângelo Busnardo- XXIII Domingo Comum.

Quarta-feira, 5 de Setembro de 2012 14:05

XXIII DOMINGO COMUM

09 / 09 / 2012

Is.35,4-7ª / Tg.2,1-5 / Mc.7,31-37

Antes de criar os animais e os homens, Deus transformou a terra num paraíso: reuniu todas as águas marítimas num único lugar, baixou os montes e encheu os vales, distribuiu a água potável em pequenos córregos por toda a superfície do planeta, cobriu a área emersa da terra de árvores frutíferas de modo que havia ar, água e comida para animais e homens em toda a terra. A posição da terra em relação ao sol era diferente da posição atual, mantendo sempre a mesma temperatura durante todo o ano para que as árvores produzissem frutos durante todo o ano. O corpo humano era compatível com a natureza não precisando de roupas e nem de casas. Os animais por não terem alma se reproduziam e morriam mas sem sentir dor, assim como as árvores que são vivas, se reproduzem e morrem sem sentir dor. O corpo humano era imortal como a alma. Deus avisou o homem que, se pecasse, seria submetido ao sofrimento e à morte: 16 O Senhor Deus deu ao homem uma ordem, dizendo: “Podes comer de todas as árvores do jardim. 17 Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não deves comer, porque no dia em que o fizeres serás condenado a morrer” (Gn.2,16-17).

O primeiro casal pecou e não se arrependeram quando Deus os procurou para perdoá-los. Por isto, Deus amaldiçoou a terra e destruiu o paraíso terrestre: 17 Para o homem ele disse: “Porque ouviste a voz da mulher e comeste da árvore, cujo fruto te proibi comer, amaldiçoada será a terra por tua causa. Com fadiga tirarás dela o alimento durante toda a vida. 18 Produzirá para ti espinhos e abrolhos e tu comerás das ervas do campo. 19 Comerás o pão com o suor do rosto, até voltares à terra, donde foste tirado (Gn.3,17-19). Deus prometeu restaurar o paraíso terrestre: 17 Sim, vou criar novo céu e nova terra: Já não haverá lembrança do que passou, nisto já não se pensará (Is.65,17). Jesus confirmou esta profecia segundo afirma São Pedro e na sua segunda carta: 13 Nós, porém, de acordo com a sua promessa (promessa de Jesus) esperamos novos céus e nova terra em que mora a justiça (2Pr.3,13).

No Pai nosso, Jesus mandou pedir ao Pai um reino no qual a vontade de Deus será feita na terra de forma tão perfeita como ela esta sendo feita no céu: 10 venha o teu Reino, seja feita a tua vontade assim na terra, como no céu (Mt.6,10). Isaías é o profeta que anuncia a restauração do paraíso terrestre com mais detalhes. Para estabelecer na terra o seu reino, Deus precisa antes destruir o reino do homem que é incompatível com o reino de Deus. Isaías, no capítulo 34 afirma que Deus destruirá o reino do homem: 1 Aproximai-vos, nações, para ouvir, povos, prestai atenção! Ouça a terra e tudo que ela contém, o universo e tudo que dele sai! 2 Porque o Senhor está irritado contra todas as nações, irado contra todo seu exército. Ele as destinou ao extermínio, as entregou à matança. 3 Os seus mortos serão jogados fora, dos cadáveres se levantará o mau cheiro, dos montes escorrerá o seu sangue. 4 Todo o exército dos céus se desfará, os céus serão enrolados como um livro e todo o seu exército fenecerá, como fenecem as folhas da videira e como fenecem as folhas da figueira (Is.34,1-4). No capítulo 35, Isaías afirma que Deus restaurará o paraíso terrestre sobre a terra: 1 Alegrem-se o deserto e a terra árida, regozije-se a estepe e floresça. 2 Que ela floresça como a flor do campo, que se regozije e grite de alegria! Foi-lhe dada a magnificência do Líbano, o esplendor do Carmelo e do Saron. Eles verão a glória do Senhor, o esplendor de nosso Deus. 3 Fortalecei as mãos enfraquecidas e firmai os joelhos vacilantes! 4 Dizei aos covardes: Tende coragem, não temais! Eis o vosso Deus! Chega a vingança! A retribuição de Deus chega para vos salvar! 5 Então os olhos dos cegos verão e os ouvidos dos surdos se abrirão. 6 Então o coxo saltará como um cervo, e a língua do mudo gritará de alegria. Porque no deserto jorrará água e torrentes na estepe. 7 A terra ardente se transformará em um lago e a região seca em fontes de água (Is.35,1-7ª) Sugiro que leia os capítulos 34 e 35 de Isaías.

Se o paraíso terrestre não tivesse sido destruído por Deus, não haveria deficientes físicos, porque, no paraíso terrestre, não havia sofrimento e nem morte. Quando Jesus curava qualquer tipo de doença ou deficiência física estava apenas provando que está no plano de Deus tornar todas as coisas perfeitas e que Deus tem poder para restaurar todas as coisas: 32 Trouxeram-lhe um surdo-mudo, pedindo que lhe impusesse as mãos. 33 Levando-o à parte, longe da multidão, colocou-lhe os dedos nos ouvidos, cuspiu e lhe tocou a língua com saliva. 34 Levantou os olhos para o céu, suspirou e disse: Effatá, que quer dizer: Abre-te. 35 Imediatamente os ouvidos dele se abriram, soltou-se a língua e ele começou a falar perfeitamente (Mc.7.31-35).

O corpo é feito da comida que comemos. O alimento que tomamos é terra transforma em comida. Por exemplo, uma maçã é terra que uma planta transformou em fruta comestível. Como a terra foi amaldiçoada por Deus (Cf.Gn.3,17-19) e o nosso corpo é feito da comida que comemos, nós somos amaldiçoados por Deus. A natureza produz tanto corpos sadios como corpos deficientes. A inteligência e a vontade humanas também foram afetadas pela entrada do pecado no mundo. Isto faz com que alguns tenham vontade e capacidade para acumular muitos bens e outros não consigam nem mesmo conquistar bens suficientes para o próprio sustento. O mundo costuma valorizar aqueles que são bem sucedidos e desprezar os pobres. Os dirigentes da Igreja não devem agir como o mundo, mas devem tratar com imparcialidade a todos: 1 Meus irmãos, na fé em Nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória, guardai-vos de toda consideração de pessoas. 2 Se, pois, em vossa assembléia entrar um homem com anel de ouro e ricos trajes e um pobre com roupa surrada, 3 e se atenderdes ao que está bem trajado e lhe disserdes: “Senta-te aqui neste lugar confortável”, e ao pobre disserdes: “Fica ali em pé”ou ainda: “Senta-te cá, no estrado de meus pés”, 4 acaso não estais fazendo distinção entre vós e sendo juízes de princípios perversos? (Tg.2,1-4).

Certamente o bispo Tiago deu esta orientação aos padres que estavam sob a jurisdição dele porque alguns já estavam dando aos ricos privilégios que os pobres não podiam pagar. Hoje, as paróquias oferecem aos católicos ricos serviços que os pobres não têm condições de pagar. Basta ver o que acontece com a distribuição dos sacramentos: os casamentos, batizados e missas para defunto fresco vêm acompanhados de serviços que o pobre não pode nem pensar e comprar, isto com a aprovação dos cardeais e bispos que comandam a Igreja. Se os cardeais, bispos e párocos fossem fiéis proibiriam o uso de floriculturas, corais, fotógrafos e cinegrafistas na distribuição dos sacramentos para que o pobre e o rico fossem tratados com igualdade dentro da Igreja.

Ângelo José Busnardo

e-mail : ajbusnardo@gmail.com

Pe. Ângelo Busnardo.
Enviado por Joanne em 05/09/2012
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