Homilia Pe. Ângelo Busnardo- XXI Domingo Comum.

XXI DOMINGO COMUM

26 /0 8 / 2012

Js.24,1-2ª.15-17.18b / Ef.5,21-32 / Jo.6,60-69

Deus sabia que, se Israel se misturasse com povos idólatras, se tornaria também idólatra. Por isto, durante a travessia do deserto, Deus ordenou a Moisés que exterminasse todos os povos que ocupavam a região, matando todos, homens, mulheres, velhos e crianças: 16 Mas nas cidades dos povos que o Senhor teu Deus te dá em herança, não deixarás alma viva. 17 Condenarás ao extermínio os hititas, os amorreus, os cananeus, os fereseus, os heveus e os jebuseus, como o Senhor teu Deus te mandou. 18 Assim não vos ensinarão a praticar as abominações a que esta gente se entrega com seus deuses, e não pecareis contra o Senhor vosso Deus (Dt.20,16-18). No começo da conquista da terra, Israel cumpriu a ordem divina e exterminou todos os habitantes das primeiras cidades que conquistaram: 34 Tomamos todas as cidades e condenamos ao extermínio todos os seus habitantes, homens, mulheres e crianças, sem deixar escapar um só (Dt.2,34). Mas em seguida, Josué, em vez de exterminar os habitantes das cidades que vencia, os transformava em escravos e os obrigava a trabalhar para os judeus.

Quando Deus dá uma ordem, ela deve ser cumprida. Não importa se a ordem a nível humano parece ser cruel: Deus ordenou, é preciso cumprir. Se Josué tivesse cumprido a ordem de Deus, teriam morrido poucas pessoas. As cidades da região tinham poucos habitantes. A maioria das cidades da região era habitada por menos de mil pessoas. Após Israel ter destruído algumas cidades, os habitantes das demais cidades, ao perceber a aproximação dos judeus, teriam fugido e, antes de fugir, teriam destruído as casas, queimado as roças e matando os animais domésticos que não tivessem conseguido levar e teriam ido instalar-se em outro lugar fora da área destinada por Deus aos judeus. Na época, havia espaço disponível. Os judeus teriam encontrado a terra limpa e teriam precisado trabalhar para construir a infra-estrutura necessária para viver. Os cananeus também teriam sido forçados a construir a infra-estrutura necessária nos locais onde fossem morar. Durante aquela geração, nenhum dos povos envolvidos teria tido condições de pensar em fazer guerra ao adversário. Como, na época, não havia os meios de comunicação atuais para neorotizar os povos, passada aquela geração, a inimizade gerada pela expulsão desapareceria e todos, judeus e cananeus, se teriam tornados povos produtivos e não inimigos em constante guerra.

Deus avisou Moisés que, se a ordem não fosse cumprida, os cananeus se tornaria espinhos nos olhos dos judeus e aguilhões em suas costas e que Ele mesmo despejaria sobre os judeus os castigos que tinha decidido despejar contra os cananeus: 55 Se não expulsardes de vossa frente os habitantes do país, os que deles deixardes sobrar serão para vós como espinhos nos olhos e aguilhões nas costas, e vos hostilizarão na terra em que viverdes. 56 Então eu vos tratarei da mesma forma como tinha resolvido tratá-los” (Nm.33,55-56). Deus cumpriu a profecia feita contra Israel: até hoje cananeus e judeus estão em constante confronto, tendo morrido muito mais gente do que teria morrido se a ordem de Deus tivesse sido cumprida.

A um dado momento, Josué percebeu que os cananeus que permaneceram na região tinham levado os judeus à idolatria. Numa tentativa de restaurar a fidelidade dos judeus convocou os líderes do povo e os induziu a renovar a adesão exclusiva ao culto a Javé: 1 Josué reuniu todas as tribos de Israel em Siquém. Convocou os anciãos de Israel, os chefes, os juízes, os prefeitos, e eles se apresentaram diante de Deus (Js.24,1)..... 14 Agora, portanto, temei ao Senhor e servi-o com integridade e fidelidade; jogai fora os deuses que vossos pais serviram no outro lado do Rio e no Egito, e servi ao Senhor . 15 Contudo, se vos parece mal servir ao Senhor , escolhei hoje a quem ireis servir: ou aos deuses a quem serviram vossos pais no outro lado do Rio, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais. Quanto a mim e à minha família, nós serviremos ao Senhor ” (Js.24,14-15). A iniciativa de Josué não resolveu o problema, porque os cananeus continuaram convivendo com os judeus e a induzi-los à idolatria.

A fidelidade a Deus exige o cumprimento dos mandamentos. O próximo deve ser amado. As pessoas mais próximas são os membros da família. Se não houver amor entre marido e mulher não haverá harmonia na família. A família é uma pequena comunidade. Em toda a comunidade deve haver quem manda e quem obedece. São Paulo estabeleceu a autoridade do marido sobre a mulher: 21 Sujeitai-vos uns aos outros no temor de Cristo. 22 As mulheres casadas sejam submissas aos maridos como ao Senhor. 23 Pois o marido é cabeça da mulher como Cristo é cabeça da Igreja, seu corpo, de quem é o salvador. 24 Ora, assim como a Igreja é submissa a Cristo, assim também o sejam em tudo as mulheres a seus maridos (Ef.5,21-24). Por outro lado, os maridos devem conduzir a família impulsionados pelo amor: 25 Maridos, amai vossas esposas, como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela (Ef.5,25). O fato de o marido ser o chefe da família não lhe permite dominar os demais membros com arrogância e prepotência. Como chefes da família, os maridos devem dar bom exemplo. Os maridos alcoólatras ou viciados em drogas perdem a autoridade sobre a família.

A lei judaica proibia o consumo de sangue de amimais. Os judeus só podiam comer a carne de animais que tivessem sido sangrados vivos. Jesus falou que, para salvar-se, eles deviam beber o sangue dele. Se beber sangue de animais era um pecado grave, pior ainda seria beber o sangue de um homem. Isto criou uma confusão e alguns concluíram que Jesus não era o verdadeiro Messias, porque estava induzindo o povo a pecar e o abandonaram: 66 Desde então, muitos dos discípulos se retiraram e já não o seguiam (Jo.6,69).

Na ocasião, Jesus não explicou como seriam o sangue e a carne dele que quem quisesse salvar-se deveria consumir. Como Jesus sabia que muitos o seguiam somente porque esperavam que Ele fundasse um reino esplendoroso como o reino de Davi e Salomão e esperavam beneficiar-se com algum cargo importante deixou que fossem embora. Assim Ele se livrou dos seguidores que não acreditavam que Ele fosse o verdadeiro Messias, mas o seguia por interesses materiais.

Ângelo José Busnardo

e-mail : ajbusnardo@gmail.com

Pe. Ângelo Busnardo.
Enviado por Joanne em 22/08/2012
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