A LEI DO RETORNO – III

Por Carlos Sena


 
A chamada LEI DO RETORNO – difundida enfaticamente pela doutrina espírita ganha, cada dia mais, novos adeptos. Não adeptos da doutrina, mas da LEI. A espiritualidade, do seu jeito, tem conseguido despertar nas pessoas, independente de religião, esse sentimento de causa e efeito que, dificilmente acontece na forma direta dos fatos.
A ignorância humana acerca dos processos espirituais maiores tem diminuído consideravelmente. A maioria das pessoas começa a reagir positivamente acerca das causas e efeitos que nossas atitudes positivas ou negativas proporcionam. Em que pese a falta de substrato doutrinário, estamos cada dia mais nos apropriando das evidencias espíritas das nossas ações. Algo como crédito e débito adquiridos em função de atitudes boas ou más por nós exercitadas consciente ou inconscientemente. Já existe um domínio popular dessas questões, embora sem o componente doutrinário que a questão requer. Algo tipo: “quem aqui faz aqui paga”... “O mundo dá muitas voltas”... “Quem joga pedra pra cima uma lhe cai na cabeça”, etc. Lei de causa e efeito? Pode ser, senão vejamos.
O “crédito e o débito” que as nossas ações boas ou más proporcionam estão, cada dia mais, se fazendo compreenderem na realidade concreta da nossa “conta bancária espiritual”.  Cedo ou tarde aquilo que fazemos de bom ou de ruim está retornando para quem se utiliza de expedientes positivos ou negativos no exercício da vida terrena. A compreensão espírita desse fenômeno se perde na imensidão da quantidade de crenças e religiões que permeiam nossa sociedade. Cada uma vendendo um “céu e um inferno”, dissipado ideias oportunistas que confundem as pessoas acerca da vida após a morte e suas responsabilidades com a lei do retorno. O que salva as evidências é que, enquanto lei divina, a LEI DO RETORNO não se submete a religiões e seitas. Ela vai além, pois o fundamento maior da vida na terra é a “expiação e prova” dos nossos habitantes, haja vista que a terra é um dos planetas mais atrasados do universo.
Não há mistérios na compreensão desse preceito básico. Todo mundo, no seu dia a dia é convidado a compreender o que lhe cerca em termos de acontecimentos. Os que nos cercam estão sempre dando ênfase a fatos e histórias que culminam por evidenciarem os débitos de alguém que fazem o mal sem olhar a quem, ou mesmo fazendo o bem não o fazem indistintamente. Dito diferente, o bem ao qual a espiritualidade confere é aquele que é praticado com a mão direita sem que a esquerda veja. O grande atrapalho dessa compreensão com maior nitidez é a VAIDADE HUMANA tão pródiga de ambição e sedenta de acumulação de bens e riquezas materiais. Outro grande atrapalho é a INTELECTUALIDADE. Nem sempre ela está a serviço do humano na modalidade mais transparente, mais solidária. Os interesses particulares são sempre colocados no meio das ações desde as mais simples, desde que envolvam prestígio, poder e fama. Essa trilogia é benéfica desde que seja constituída para o benefício da humanidade e sua evolução, mas nem sempre isto acontece. Em não acontecendo, injustiças ocorrerão em nome da própria justiça e os conceitos ficam complicados de compreensão. O débito da conta de quem procede dessa maneira, certamente aumentarão. A racionalidade dos intelectuais conduz, no geral, certa blindagem na decodificação da causa e dos efeitos das ações humanas. Isto é bom porque não faculta a quem se destacou pela escolaridade alguma vantagem sobre aqueles que são simples, mas tem o coração cheio de amor... ou de ódio.
Os dias, mesmo se sucedendo uns atrás dos outros, são diferentes um do outro.  A linha do tempo aparentemente leva os praticantes de atos injustos, amorais ou antiéticos a esquecerem do que um dia fizeram. As vítimas dos seus atrapalhos geralmente se distanciam e até poderão esquecer-se do que sofreram, do que padeceram. Mas a espiritualidades, não. A dinâmica da vida por si só se encarrega de ensinar as lições necessárias para a evolução. Tanto na linha do crédito como na linha do débito de nossas ações boas ou más. A terra, como dissemos, é um planeta de expiação e provas e assim prosseguirá até o final dos tempos. Não se sabe se um final de tempo na modalidade como se alardeia, mas que certamente acontecerá independente de forma. A vida como um todo é finita. Porque a evolução da nossa espécie humana tem que acontecer como já, de fato, tem acontecido. Afinal, nós saímos da lei do “olho por olho e dente por dente” para vivenciarmos a nossa atual lei do amor, pregada e difundida no evangelho de Jesus Cristo. Certamente que não estamos ainda no nível desejado, posto que nós, humanos, não nos desligamos facilmente dos bens materiais e das benesses que eles proporcionam. Há vaidade em excesso se considerarmos que estamos vivendo em plena era do conhecimento. Independente, a LEI DO RETORNO vai se tornando cada vez mais perto do conhecimento e do convencimento popular. Quando em nosso dia a dia diante de uma injustiça, por exemplo, dizemos: “quem planta vento colhe tempestade”, estamos, conscientemente ou não, adotando um princípio básico dessa “lei”.
Com o despertar dessa realidade concreta, as pessoas, paulatinamente vão se “tocando” diante das evidências. Não raro sabemos de pessoas que, após praticarem todo tipo de injustiças e iniquidades, estão, digamos assim, “pagando” pelo que fizeram. Nem sempre as pessoas mais interessadas nesse “revés” ficam sabendo, posto que não há, na espiritualidade essa intenção de exposição do fracasso de outrem, embora isto também possa acontecer... Talvez por conta dessa dimensão o espiritismo enquanto DOUTRINA tenha crescido a olhos vistos. Quem já frequentou ou frequenta um centro espírita sério KARDECISTA sabe que lá não se pratica ostentação. Lá tudo acontece naturalmente de forma doutrinária sempre focando os princípios básicos do amor e da caridade...
Portanto, independente do nome que se queira dar, a LEI DO RETORNO está aí, mais evidente do que nunca. Quem não quiser acreditar não acredite, mas quem acredita nela, certamente tem se sentindo melhor e mais feliz por decodificar que nós estamos aqui de “passagem” e que somos todos “caminheiros”, a despeito de sermos tão pouco solidários e ainda cultivarmos o egoísmo em excesso.