Tema: Abraão

Ministrante e autor: Pr. Ev. Joás Araújo Silva. M. Teol.

Tema Central: Abraão o homem escolhido.

Tema referencial: Abraão, sua vocação e comunhão é o resultado do progresso de sua posteridade.

Textos Bíblicos de base: (Gn. 12:1-3; 13:14-17; 17:1-9).

Assunto preliminar:

Mostraremos de forma bem direta e rápida um respaldo inicial da Bíblia introdutorialmente abordando assuntos de foco histórico da Bíblia.

a) A Bíblia como um todo:

As Escrituras Sagradas, no seu todo consiste em 66 partes (livros), estes livros formam dois grupos que chamamos de: “Aliança velha e Aliança Nova”. Geralmente é apresentada ao nosso conhecimento por: “Velho Testamente e Novo Testamento”. Lembro que este é um ponto de vista protestante podemos dizer.

Cada testamento (aliança) possui um numero de livros, o antigo Testamento é formado pelos livros escritos antes de Cristo, totalizando 39 livros ao todo. O novo testamento relata a historia de Jesus Cristo e a formação da Igreja, totalizando 27 livros ao todo.

Vale à pena ressaltar que esta totalidade apresentada em números de livros da Bíblia no seu todo é de 66 livros, que correspondem ao grupo completo de escritos referente à Bíblia Protestante.

b) Quando aproximadamente foi escrita a Bíblia:

A uma definição que julgamos coerente no tocante ao “tempo” ou “ano” em que a Bíblia foi de fato escrita, por não temos uma data correta.

Afirma-se que a Bíblia foi escrita dentro de um longo período de aproximadamente 1.350 anos (CECHINATO, 1994, p. 9). Os pressupostos de que Moises viveu pelo ano de 1.250 a. C., no período do faraó Ramsés II que governava a terra do Egito. Foi bem nesse tempo que a Bíblia começou a ser escrita.

c) Documentos escritos antes de Moises:

Segundo Walton (2006, p. 58), “O conceito da lei não era restrito aos hebreus no Antigo Oriente Médio”. O estudioso do Antigo Testamento Walton acrescenta que:

Coleções de leis foram publicadas na mesopotâmia já em 2.000 a. C., cerca de cinco séculos (ou mais) antes da época de Moises. Os documentos legais mais conhecidos são as leis sumérias de Ur-Nammu (Dinastia Ur III, 2.964-2.046, ou talvez seu filho Shulgi, 2046-1.999) e lipit-Ishatar (rei de Isim, 1.875-1.864), e as antigas leis babilônicas de Eshnunna (Sec. 19 a. C.) e Hamurabi (rei da babilônia, 1.792-1.750)(HILL, 2006, p. 58).

Fica claro que não há provas reais de que antes de Moises havia escrita existente, referente ao chamado de Deus para o povo hebreu. Moises escreveu os “dez mandamentos” (leis), ou “decálogos divinos” como o texto a seguir nos define tal posição (Êx. 24:4). É de fato, portanto que devemos considerar a hipótese de que antes de Moises não há ordem divina escrita (palavra de Deus), já no tempo de Moises, o Senhor Deus de Israel dá a sua vontade por conhecida (Êx. 24:4), “... Moises escreveu todas as palavras do Senhor”. De fato a lei (palavras de Deus), de Gênesis até Deuteronômio. A lei estava pronta pelo menos no ano 458 a. C., no tempo de Esdras (FILHO, 2002, p. 28).

d) O Pentateuco:

O termo "Pentateuco" é aplicado comumente aos cinco primeiros livros do Antigo Testamento (HIIL, 2006, p. 53). Na ordem são: Gênesis, Êxodo, Levíticos, Números e Deuteronômio. Segundo Baxter (1992, p. 26), “O nome “Pentateuco” (em grego – pente, cinco; e teuchos, livros)”. É de autoria da septuaginta (setenta judeus alexandrinos), o termo “Pentateuco”.

O estudioso Hill acrescenta:

O Pentateuco foi à primeira coleção literária divinamente inspirada reconhecida por escritores pela comunidade judaica. Como tal, é a parte mais importante do Cânon hebraico, vindo sempre no inicio da divisão tripla do AT: lei, Profetas e escritores. (HILL, 2006, p. 53).

É de fato o Pentateuco (lei) a base do Antigo Testamento (escrituras). Os Judeus os chamavam de a “lei” ou os “cinco quintos da lei” ou simplesmente os “cinco” (BAXTER, 1992, p. 26).

e) O livro de Gênesis:

Este nome de curioso significa “origem”, “principio”, “começo” é o livro que narra às origens do mundo e do homem, a corrupção da humanidade e o dilúvio (CECHINATO, 1994, p. 74). Gênesis conta-nos a formação do povo de Deus e a historia dos patriarcas. O tema teológico unificador do Pentateuco é a promessa de Javé feita a Abrão, em Gênesis. 12:3 (HILL, 2006, p. 54). Esta é à base do Pentateuco (lei) a promessa de Deus a Abrão.

A data do primeiro livro escrito (Gênesis) é de: 1.445-1.405 a. C., provavelmente.

f) Plano literário do Pentateuco, precisamente do livro de Gênesis:

Do capitulo: 1-11 de Gênesis: Criação, queda e julgamento.

Do capitulo: 12-50 de Gênesis: Aliança, eleição de Abraão e a conservação providencial de sua família.

g) Prosa narrativa:

A literatura da Lei em sua maior parte é “prosa narrativa” de fato, bem simples, direta e expressiva em sua dinâmica. Segundo Hill (2006, p. 55), “As narrativas combinam habilmente relatos históricos e interpretação teológica”.

Introdução a predica:

Antes de narrar-mos o “chamado” ou “vocação” de Abraão, é necessário abordar-mos a questão da sua linhagem como ponto de partida para as “promessas” de Deus, tanto para sua vida pessoal, como para toda a sua “posteridade” ou “descendência”.

Para um entendimento plausível da evolução (crescimento) da humanidade, é necessário ir do inicio, do germinar inicial da raça humana relatado em (Gn. 2:7). Percorrendo um período de 200 anos ate Abraão (Gn. 12:1).

a) De Adão até Abrão:

Os filhos de Adão são: Caim, Abel e Sete (Gn. 4:1-2; 4:22). Da linhagem de Caim veio Enoque (Gn. 4:17), sua linhagem inteira vai de: Irade (Gn. 4:18), ate Naamá (Gn. 4:22). A bel não deixou geração, pois foi assassinado pelo seu irmão Caim.

Os filhos de Sete são: Enos (Gn. 4:26) até Noé (Gn. 5:28-29).

A geração de Noé, filho de Sete, filho de Adão. São: Sem, Cão e Jafé (Gn. 5:32).

A linhagem de Jafé, filho de Noé vai de: Gomes até Tiras, sendo sete filhos ao todo (Gn. 10:2-5).

A linhagem de Cam, filho de Noé vai de: Cuxe até Canaã, sendo ao todo quatro filhos (Gn. 10:6-20).

A linhagem de Sem, filho de Noé vai de: Arfaxade até Aram, sendo cinco filhos ao todo (Gn. 10:21-31). Sem com a idade de 100 anos gerou: Arfaxade e de seqüência até Naor (Gn. 11:11-23), Naor gerou: Terá, e este gera a Abrão e seus irmãos (Gn. 11:24-26). Ate aqui esta à linhagem completa de Adão até Abraão.

I. NO DOMICILIO SEM CONTAMINAÇÃO

Segundo Hill (2006, p. 33), “O norte da Mesopotâmia foi o lugar originário dos israelitas, pois os patriarcas hebreus viveram na região de Harã em Padã-Arã entre o Tigre e o Eufrates”. De fato em (Ez. 16:3) Abraão é apresentado (identificado) como Amorreu. Abraão migrou de Ur, na Mesopotâmia (Ur do norte), para Harã ao norte, e em seguida para Canaã, seguindo a revelação de Javé (HILL, 2006, p. 33). Ur dos caldeus é uma cidade antiga cercada de 160 Km a sudoeste da babilônia, perto do rio Eufrates, hoje região do Iraque.

a) Na cidade Idolatra:

Abraão viveu na cidade cujo padroeiro era o “deus-lua”. Mesmo estando em um ambiente pagão Abraão não se contaminou, pois sua fé estava nas promessas de Deus para sua geração. (Gn. 12:7).

b) Influencia Idolatra na família:

O relato de (Js. 24:2), aponta que so pais de Abraão habitou em Harã alem do Eufrates e servia a “outros deuses”. Abraão tinha sua crença independente a da sua família, ele esperava no melhor de Deus para sua vida. E o próprio Pai celeste ordenou sua saída da terra dos seus pais para rumo a um lugar onde ele pudesse servi-lo com mais liberdade.

II. A VOCAÇÃO DE ABRAÃO

Em (Gn. 12:1). Observamos o ponto culminante do sucesso na vida de Abrão. Sua “vocação” inicia-se neste relato de Gênesis.

a) Definição do termo: Vocação.

Este termo por certo define Oliveira (1999, p. 19), “A palavra vocação deriva do verbo latino vocare, que significa simplesmente “chamar”. Esta expressão pode ser definida como: “chamado, chamada, convite, apelo”. Por detrás de todos esses termos esta a raiz Vox, vocis, isto é voz. (OLIVEIRA, 1999, p. 19). De fato significa “chamado”. A definição apresentada pelo dicionário Aurélio é a seguinte (1986, p. 1.786), “chamar, escolher, predestinação, tendência, disposição, pendor, talento e aptidão”. Segundo Oliveira (1999, p. 20),” Do ponto de vista teológico, a vocação é, pois o chamado de Deus dirigido a toda pessoa humana, seja particular, seja em grupo”. Neste aspec o chamado de Deus, nos atinge, pois todos são convocados para conhecerem a verdade.

b) A vocação no ponto de vista divino:

Deus faz o chamado, ele quer ver nossa participação. Deus quer “doação, disponibilidade, entrega”. No relato de (Gn. 12:1), Deus vocaciona e da ordem, dentro dessa vocação, Deus faz promessas de grande progresso na trilha de Abrão. Deus “chama”, mas ele quer do homem a “RENUNCIA”. Renuncia sig: não só contra valores, mas também a valores, a qualidades, a aptidões (OLIVEIRA, 1999, p. 23).

c) Promessa generalizada:

Em (Gn. 12:2-3), Deus disponibiliza a benção a descendência de Abrão (semente de Abrão), e a todas as famílias da terra. Isso significa:

Posteridade abençoada e protegida: todos que te abençoar, será prospero (bem sucedido).

III. NO PLANO DIVINO, A IDADE DO “VOCACIONADO” NÃO É FATOR DE DESESPERANÇA.

Na altura do campeonato, Abrão estava com aproximadamente setenta e cinco anos, quando deixou o território de Harã. (Gn. 12:4).

Idade como pretexto: Deus trabalha no seu tempo e não no nosso. Deus tem à hora certa para nos fazer crescer na terra onde ele nos quer mandar.

a) Distancia como fator de desanimo: olharmos o trajeto de Abrão veremos que ele “peregrinou” cerca de 2.400 Km de Harã até Canaã. Veja que ele saiu de Ur na Mesopotâmia sem saber aonde ele ia, e foi com fé confiante na promessa de Deus para sua prole.

b) A idade não é um pretexto: Deus esta com quem é obediente a sua voz e sabe obedecer ao seu “chamado”. Com mais de setenta e cinco anos, Abrão viajou mais de 2.400 km em busca da promessa de Deus.

c) As aparências enganam: na separação de Abrão com Ló seu sobrinho, Abrão pediu que Ló escolhesse um rumo a seguir oposto ao dele. Veja em (Gn. 13:7-12). Neste texto cada um seguiu seu próprio caminho. Ló viu o lado do Jordão, as campinas viçosas que transmitiam beleza, logo vendo isso pensou no Jardim do Éden (paraíso).

d) O que vejo não é o que acho ser: Ló não tinha idéia do que lhe esperava a frente, o perigoso e enganoso encanto da beleza se tornara alvo da sua má escolha. Ló agiu por vista e não por fé. (Gn. 13:13).

e) Abrão ficou na espera da promessa: A melhor parte caiu sobre Abrão, Canaã (terra que mana: leite e mel). A paciência produz esperança (PAULO APÓSTOLO). Saber esperar em Deus, isso gera resultados bons no nosso trilhar.

f) Deus promete a Abrão a terra de Canaã: Promessa divina é estabelecida na linhagem de Abrão. (Gn 13:15).

g) Promessa territorial sem limites: O tamanho da “herança” territorial que Abrão receberia por bênção divina, seu tamanho vai do “Norte ao sul” e do “Ocidente ao Oriente”, essa herança em sua totalidade é de fato sem limites. (Gn. 13:14).

h) Promessa como fator positivo nunca duvidoso: Deus agora ordena para que Abrão não se duvide do tamanho da herança que ele haveria de herdar. Ele ordena para ele “levantar” e percorrer toda a terra, andar por ela, observá-la e admira-la quão grande é de fato a bênção. (Gn. 13:17).

i) Abrão se domicilia de lugar em lugar na terra de Canaã, para a contemplação da herança herdada: As mudanças de localidades na estadia de Abrão em Canaã é a prova do conhecimento da herança recebida. (Gn. 13:18). Veja que Abrão habitou nas Campinas – Lugar espaçoso, limpo e sem arvores (FERREIRA, 2000, p. 124). Para habitar em outra região onde havia muitos Carvalhos – Grandes arvores fagácea das regiões temperada, e de madeira útil (FERREIRA, 2000, p. 137). O patriarca Abrão experimentou o melhor de Canaã, e desejou que seus descendentes conforme a promessa de Deus desfrutasse da herança que ele recebera.

j) De posse da benção, Abrão erguer o altar ao Senhor, em forma de agradecimentos: habitando na terra ora prometida e de posse dele, Abrão prepara a construção do altar em nome de Deus, depois oferece sacrifícios e agradece pela bênção herdada. (Gn. 13:18).

Conclusão e Aplicação:

Abrão curtiu Canaã, observou a herança recebida por promessa de Deus e agora deseja que toda sua descendência goza-se da mesma dádiva que ele recebera.

Sem filhos (descendentes, herdeiros, nascidos dele) e já com idade avançada, Abrão esperava agora outra promessa de filhos para o cumprimento completo da promessa divina que diz: “Por que toda essa terra que vês, eu te darei, ati e a tua descendência, para sempre”. (Gn. 13:15).

Sem semente não há descendência: é o mesmo que dizer: sem filhos, nada de descendência. Portanto Deus agora diz a Abrão: “... mas aquele que será gerado de ti será o teu herdeiro”. (Gn. 14:4). Somente a partir deste capitulo que Deus esclarece a Abrão que o verdadeiro herdeiro de suas heranças deveria sair dele.

Que possamos galgar as heranças de Deus, pois somos filhos e herdeiros, participantes das bênçãos de Abrão. Somos: “herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo”. (Rm. 8:17). Deus chama, realiza promessas e as cumpre em nossas vidas, nos fazendo herdeiros das promessas de sua graça. Devemos esperar o cumprimento das promessas de Deus em nossas vidas, no tempo e vontade dele.

Referências:

Bíblia de Estudo Plenitude. Barueri (SP): Sociedade Bíblica do Brasil, 2001.

Bíblia de Referencia Thompson. São Paulo (SP): Editora Vida, 1999, 11ª Ed.

Bíblia de Estudo Pentecostal. Barueri (SP): Sociedade Bíblica do Brasil, 1997, 4ª Imp.

Baxter, J. Sidlow Examinai as escrituras – Gênesis a Josué. São Paulo (SP): Sociedade religiosa. Editora. Vida nova, 1992.

Cechinato, Luiz, conheça melhor a bíblia – Noções gerais da bíblia em linguagem popular. Petrópolis (RJ): Editora vozes Ltda., 15ª Ed. 1994.

Ferreira, Aurélio Buarque de Holanda, 1910-1989 – minidicionário Aurélio do Século XXI. Escolar: O minidicionário da língua portuguesa, Rio de Janeiro (RJ): Editora: Nova fronteira, 2001.

Filho, Tácito da Gama Leite, Antigo Testamento. Goiânia (GO): Ed. Kerigma, 2002.

Hill, Andreew E, Walton, J. H. Panorama do Antigo Testamento, São Paulo (SP): Editora. Vida, 2006.

Macalão, Seminário Teológico Paulo Leivas, Apostila de estudo Bíblico. Goiânia (GO): Editora: Kerigma, 1999.

Oliveira, José Lisboa Moreira, Teologia da vocação – temas fundamentais. São Paulo (SP): Edições Loyola, 1999.

Joás Araújo Silva Escritor Profissional
Enviado por Joás Araújo Silva Escritor Profissional em 12/08/2012
Reeditado em 22/04/2017
Código do texto: T3826775
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