De joelhos
De joelhos
A posição de joelhos não é lá muito agradável, pois nos força a ficarmos um pouco incomodados, quando tem que se gastar mais tempo. Antigamente, os professores mais severos (nos tempos do ensino fundamental) nos aplicavam castigos, obrigando-nos a ficarmos numa posição humilhante diante de nossos colegas - “de joelhos”. Alguns (professores) se atreviam a nos deixar com os joelhos sobrepostos a grãos de areia ou de caroços de milho - idéia que vem do passado remoto, mas não se sabe de onde saiu! Só sei que esse castigo nos eram infligidos (fomos alguns colegas e eu) vítimas de tais refregas impertinentes. Hoje é proibido por lei posicionar os alunos assim! Felizmente!
“De joelhos partamos nosso pão, de joelhos cumpramos o dever”, é parte de um hino cantado durante a celebração da ceias evangélicas.
Outro hino significativo que narra em sua belíssima letra a história de um pastor e sua Igreja, que se reergueu, tem as seguintes expressões literárias: “De joelho é melhor! “De joelho é melhor, na alegria ou na dor, sempre orando ao Senhor “de joelho” é melhor!”
O Proto-mártir do cristianismo – o Diácono Estevão, quando apedrejado por causa da pregação do nome de Cristo, pôs-se “de joelhos”, nos últimos instantes de sua vida, mas ainda proferiu uma oração intercessória em prol de seus algozes. (Atos 6.20). Um comentarista bíblico afirma que foi esta oração que Deus ouviu destinando seus efeitos à conversão do Apóstolo dos Gentios – Paulo de Tarso – que se tornou no apóstolo Paulo, com uma grande façanha de escrever a maioria das Epístolas do Novo Testamento, vindo a ser reconhecido como o maior Teólogo de todos os tempos!
Martinho Lutero, o Reformador, ao subir uma escadaria (não sei exatamente onde se situa tal escadaria) em direção ao Vaticano, parou e desistiu desse intento, deu meia-volta, mas nesta posição genuflexa - “de joelhos”, ao se ver martelado na consciência pelo texto que não saía de sua mente, que se encontra no profeta Habacuque 2.4, que diz: “o justo viverá da fé”. Fé, escondida no coração e não viverá por sangramento ou sacrifício de seu próprio corpo (tal como ele vivenciava naquelas horas em que seus joelhos sangravam), pois passou a entender a partir daquele dia que o FEITO MAIOR (“o feito sacro”) – o sacrifício aceitável a Deus, para salvação de almas é o Único, Exclusivo, Irrepetível Sacrifício de Jesus, porquanto se constitui em fato que é perene em seus efeitos, o que se vê na Epístola aos Hebreus.
Um pensamento sobre oração que mais me impressionou em toda minha vida, expressa o seguinte: “Quando cair, caia de joelhos”.
Diz a história paralela do cristianismo (parece-me que se lê isto na “História Eclesiástica”, do Historiador Euzébio de Cesaréia) que, Tiago, irmão do Senhor Jesus, tinha os joelhos grossos de tanto fazer transcorrer sua vida em oração, momentos aproveitados de sua vida nesta sagrada posição - “de joelhos”.
Para concluir, seguem-se dois pensamentos pertinentes ao assunto: a) “O tempo gasto “de joelhos” em oração, fará mais para remediar as dores do coração e a tensão dos nervos do que qualquer outra coisa”. (George D. Stwart). b) “O cristão “de joelhos” vê mais que o filósofo na ponta dos pés” (Augustus M Toplady).
Bem mais que dobrar os joelhos é dobrar a serviz, em sinal de submissão e obediência. Mas é bom que se faça os dois. É a minha opinião no final deste artigo.
Muniz Freire, 19 de outubro de 2006.
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