HOMILIA PADRE ÂNGELO BUSNARDO- X DOMINGO COMUM

X DOMINGO COMUM

10 / 06 / 2012

Gn.3,4-15 / 2cor.4,3-18 / Mc.3,20-35

Deus tinha dado duas ordens ao primeiro casal:

Não comer da fruta da árvore da ciência do bem e do mal: 15 O Senhor Deus tomou o homem e o colocou no jardim de Éden para o cultivar e guardar. 16 O Senhor Deus deu ao homem uma ordem, dizendo: “Podes comer de todas as árvores do jardim. 17 Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não deves comer, porque no dia em que o fizeres serás condenado a morrer” (Gn.2,15-17). Esta ordem foi dada a Adão antes da criação de Eva. Quando Eva foi tentada por satanás ela conhecia esta proibição, conforme ela mesma afirma em seu diálogo com o demônio: 2 E a mulher respondeu à serpente: “Do fruto das árvores do jardim, podemos comer. 3 Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, Deus nos disse ‘não comais dele nem sequer o toqueis, do contrário morrereis’” (Gn.3,2-3).

Crescer e multiplicar-se: 27 Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou, macho e fêmea ele os criou. 28 E Deus os abençoou e lhes disse: “Sede fecundos e multiplicai-vos, enchei e subjugai a terra! Dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre tudo que vive e se move sobre a terra” (Gn.1,27-28).

Antes do pecado, o corpo da mulher e do homem eram perfeitos e sabiam com exatidão quando deviam ter relações sexuais para a mulher engravidar. Quando Deus os procurou após terem comido a fruta proibida Eva não estava grávida, portanto, eles não cumpriram a ordem de se reproduzir e infringiram a ordem de não comer da fruta da árvore do conhecimento do bem e do mal. O castigo que Deus impôs à mulher está ligado à reprodução: 16 Para a mulher ele disse: “Multiplicarei os sofrimentos de tua gravidez. Entre dores darás à luz os filhos, a paixão arrastar-te-á para o marido e ele te dominará” (Gn.3,16). O castigo não foi imposto somente a Eva, mas todas as mulheres que decidem ter filhos.

Na pessoa de Adão, Deus castigou toda a humanidade, homens e mulheres: 17 Para o homem ele disse: “Porque ouviste a voz da mulher e comeste da árvore, cujo fruto te proibi comer, amaldiçoada será a terra por tua causa. Com fadiga tirarás dela o alimento durante toda a vida. 18 Produzirá para ti espinhos e abrolhos e tu comerás das ervas do campo. 19 Comerás o pão com o suor do rosto, até voltares à terra, donde foste tirado. Pois tu és pó e ao pó hás de voltar” (Gn.3,17-19). Tudo aquilo que comemos é terra transformada em comida. O nosso corpo é feito da comida que comemos. Como o nosso corpo e feito de terra amaldiçoada, nós somos amaldiçoados por Deus. O sofrimento e a morte foram criados por Deus com a maldição da terra. Ao se encarnar Jesus assumiu um corpo feito de terra amaldiçoada pelo Pai, tornando-se Ele também amaldiçoado: 13 Cristo resgatou-nos da maldição da Lei, fazendo-se maldição por nós, pois está escrito: Maldito todo aquele que é suspenso no madeiro (Gl.3,13).

Se Deus tivesse procurado o primeiro casal para castigá-los, os teria despachado imediatamente sem conversa. Deus procurou Adão e Eva para perdoá-los. Mas para receberem o perdão era necessário que Adão e Eva, ou pelo menos um dos dois, reconhecessem o pecado cometido e se arrependessem. Adão não admitiu o próprio pecado e acusou Eva e esta, em vez de admitir que tinha pecado e se arrepender, acusou a serpente. Se pelo menos um dos dois tivesse admitido o pecado e se arrependido Deus o teria perdoado e o exemplo deste teria induzido o outro a se arrepender também. Não havendo arrependimento, Deus não pôde perdoar. A asneira que Adão e Eva cometeram ao pecar não foi tão grande como aquela que cometeram ao não se arrepender.

Deus é misericordioso. Antes de castigar Adão e Eva e, na pessoa deles toda a humanidade, Deus lhes deu uma oportunidade de se arrepender e serem perdoados. Mas o primeiro casal não se arrependeu. Não podendo usar a misericórdia, Deus usou a justiça e, conforme tinha avisado, submeteu toda a humanidade ao sofrimento e à morte. Se Deus tivesse criado o primeiro casal sujeito ao sofrimento e à morte, teria sido cruel. Mas como Deus criou Adão e Eva livres do sofrimento e da morte, avisando-os que os castigaria se pecassem, ao amaldiçoar a terra, criando o sofrimento e a morte, Deus não foi cruel mas justo. Este é o Deus justo que cada um de nós encontrará logo após a morte: um Deus misericordioso para aqueles que, durante esta vida, se arrependeram e se livraram dos pecados cometidos e um Deus justo para aqueles que morrem em pecado mortal.

A justiça divina atingiu a todos inclusive o próprio Jesus que era inocente. Mesmo aqueles que consagram a vida ao serviço do Evangelho estão sujeitos ao sofrimento e à morte: 8 De mil maneiras somos pressionados mas não desanimamos. Vivemos perplexos, mas não desesperamos, 9 perseguidos, mas não desamparados. Somos abatidos até ao chão mas não aniquilados, 10 trazendo sempre no corpo a morte de Jesus para que também a vida de Jesus se manifeste em nosso corpo (2Cor.8-10). Devemos nos consolar sabendo que o sofrimento aceito com resignação durante esta vida será recompensado por Deus após a morte. A retribuição será tão grande que não pode ser comparada com o sofrimento suportado durante esta vida: 17 A presente tribulação momentânea e leve nos dá um peso eterno de glória incalculável (2Cor.4,17).

Deus não perdoou Adão e Eva porque não se arrependeram. Todos os pecados, por mais graves que forem, podem ser perdoados por Deus contanto que o pecador admita que pecou, se arrependa e faça um propósito firme de parar pecar. O pecado contra o Espírito Santo não é perdoado, porque a pessoa que o cometeu não admite que pecou e não se arrepende.

O pecado contra o Espírito Santo consiste em atribuir a satanás obras realizadas por Deus. Os milagres são atribuídos ao Pai: 6 Há diferentes atividades mas um mesmo é Deus que realiza todas as coisas em todos (1Cor.12,6). Ao realizar milagres, Jesus agia como intercessor: 20 Mas, se é pelo dedo de Deus que expulso os demônios, então o reino de Deus chegou até vós (Lc.11,20). Os escribas atribuíam a satanás os milagres realizados por Jesus: 22 Também os escribas, que haviam descido de Jerusalém, diziam: “Ele está possuído de Belzebu. É pelo poder do chefe dos demônios que ele expulsa os demônios” (Mc.3,22). O orgulho e as convicções religiosas dos líderes eclesiásticos da época os impediam de ver a pessoa do verdadeiro Messias no filho de um carpinteiro de Nazaré. Como não podiam negar que os demônios obedeciam a Jesus e que os milagres atribuídos a Ele eram verdadeiros, tentaram explicar os fatos atribuindo a Belzebu as expulsões de demônios e os milagres que aconteciam.

Nossa Senhora apareceu em Fátima. A Igreja Católica reconhece como autêntica a aparição de Fátima, mas não obriga ninguém a acreditar. Quem não acreditar que Maria apareceu em Fátima não comete pecado. Mas se alguém afirmar que em Fátima não apareceu a Mãe de Jesus, mas um demônio disfarçado em Nossa Senhora, comete o pecado contra o Espírito Santo, porque está atribuindo a satanás uma obra de Deus.

Código : domin793

Ângelo José Busnardo

e-mail : ajbusnardo@gmail.com

PADRE ÂNGELO BUSNARDO.
Enviado por Joanne em 06/06/2012
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