PROMETER É DESONESTO
Acredito que, sem um menor esforço, você vai se lembrar de promessas que lhe foram feitas e que nunca foram cumpridas. E, talvez, você mesmo já caiu e ainda vai cair na armadilha de prometer e não cumprir: uma ligação que você não fez, uma visita que nunca aconteceu, um encontro que você marcou mas não compareceu. Nós adoramos fazer promessas mas simplesmente nos esquecemos delas, muitas vezes porque não estamos de fato comprometidos com essas promessas. Já virou um vício de linguagem e não sentimos mais o peso de nossas palavras.
Prometer é desonesto, falou certa vez Kierkegaard, filósofo cristão do século XIX: “..não percas tempo com promessas, pois o cumprimento, que é honesto, já é bastante difícil. Porém, antes temos de nos esforçar por concentrar a atenção única e exclusivamente sobre o cumprir”. Em seu livro As Obras do Amor, ele especifica três razões porque é desonesto prometer. Em primeiro lugar, "não temos nenhuma garantia de que cumpriremos o que prometemos". Ou seja, o dia de amanhã pertence a Deus como está escrito: “Vós não sabeis o que sucederá amanhã. Que é a vossa vida? Sois apenas, como neblina que aparece por instante e logo se dissipa. Em vez disso, devíeis dizer: Se o Senhor quiser, não só viveremos, como também faremos isto ou aquilo” (Tg 4:13-15). Em segundo lugar, o que promete pode cair na tentação de achar que a simples promessa já é grande coisa. Muitos se sentem lisonjeados simplesmente em prometer sem a menor preocupação em cumprir o que prometeram. E em último lugar, Kierkegaard afirma que "o que prometeu exige um duplo pagamento", primeiro porque prometeu e logo depois pelo cumprimento da promessa. Sente-se, portanto, duas vezes merecedor de honrarias e assim o favor perderia a força uma vez que a finalidade é o reconhecimento próprio.
Portanto, não façamos promessas desonestas, que não poderemos cumprir, antes esforcemo-nos por cumprir com os nossos deveres e que toda a honra e toda glória seja exclusivamente de Deus.