Simplesmente Jesus Cristo
Se você, prezado leitor, busca um texto convencional sobre Jesus Cristo eu gostaria de preveni-lo que, talvez, as reflexões aqui presentes apresentem uma perspectiva à qual você não está acostumado. Trata-se de um texto contextual.
De onde eu vim? Quem eu sou? Pra onde eu vou? Esse despretensioso conjunto de perguntas compreende, talvez, o mais profundo questionamento acerca da natureza humana: sua origem, seu propósito, sua destinação.
Podemos observar que essas perguntas exigem um tipo de resposta que não pode ser obtida nos estreitos limites da vida puramente material, sob esse ângulo a resposta pode ficar incompleta.
À pergunta “de onde eu vim?” pode satisfazer uma concepção meramente biológica, ou seja, viemos de uma combinação básica entre um óvulo e um espermatozóide.
Sob o ponto de vista físico-corporal o ser humano é apenas um intercâmbio biológico. Mas ele não se resume a essa dimensão. Seu intelecto e personalidade revelam mais do que isso, possui uma vida mental, uma vida psíquica, uma alma.
Não se podem justificar tendências, preferências, dons, aptidões, afinidades tão somente pelo enfoque biológico?
Sem a possibilidade de explicar satisfatoriamente a origem de nossa alma abre-se um campo de estudos deveras interessante.
Porque as pessoas são tão diferentes ao nascerem? A experiência de cada uma em vida é muito diversificada desde o nascimento.
Um ser humano nunca se repete e as possibilidades são infinitas. Seres saudáveis e débeis, belos e aberrantes, anatomicamente perfeitos e deficientes etc., e no plano psíquico, quantas ainda são a diferenças?
Donde tanta diferença? É, sem dúvida, um problema de origem. De que outra ordem poderia ser? Onde estaria a explicação então senão num improvável sorteio absurdo patrocinado pelo caos.
A existência de uma origem, nesse caso, se impõe pela dedução lógica e essa origem provavelmente encontra-se no campo psíquico, tanto quanto a origem corporal explica-se em termos biológicos.
Se os cromossomos explicam a configuração física dos seres vivos. O que poderia explicar a configuração psíquica destes? Haveria relação entre configuração psíquica e física?
Estaria a matriz da configuração psíquica para além do corpo físico, ou seja, existiria antes deste? Em que consiste então? Do que se trata? Que lugar no mundo ocupa?
Será que após estes questionamentos podemos afirmar com tranquilidade que a existência humana: física e psíquica só se explica a partir do nascimento?
Superada essa fase inicial de questionamento temos agora o ser humano vivo em sua trajetória entre o nascimento e a morte.
Do primeiro ao último dia um leque de possibilidades infinitas. O ser age e interage com seus semelhantes. É feliz e sofre. Desfruta dos sentidos e os traduz pelo seu intelecto, expressando-se pelos sentimentos.
Qual o sentido da vida? Há um sentido na vida? Há uma forma certa e outra errada de comportar-se? Há uma maneira adequada de conduzir-se na vida ou toda proposta comportamental é arbitrária, sem que haja sustentação lógica para uma maneira sobrepor-se às outras?
Para equacionar essa questão é necessária a identificação de um elemento comum básico na vida humana capaz de sustentar uma hipótese. As diferentes experiências existenciais possuem denominadores comuns e, talvez, o mais expressivo deles em termos comportamentais: é o sofrimento.
Não há um só ser humano que não experimente essa condição. Viver é, por assim dizer, uma experiência exposta ao sofrimento.
Outras condições são experimentadas também, durante a vida, isso é inegável, porém, o sofrimento é aquela que mais profundamente afeta o ser. Por que o ser humano sofre, passa ser a questão existencial básica.
Existe um sentido no sofrimento? Ou sofrer é uma experiência irracional sem propósito?
Lidar com o sofrimento é, sem dúvida, o desafio existencial por excelência. Em algum momento ele chega e produz as suas transformações, cada um sofre a seu modo. O grau de transformação operado também é muito diferente de pessoa pra pessoa.
Como seres racionais que somos é normal buscarmos, através do raciocínio, compreender as causas dos sofrimentos. Muitas delas podemos encontrar na própria conduta precedente.
Determinada forma de agir muito provavelmente irá causar sofrimento. Como o sofrimento gera incômodo, é natural que se queira livrar-se dele. Conhecer-lhe as causas é medida profilática para não se incorrer em repetição.
O oposto, o desconhecimento das causas, pode levar o ser a sofrer indefinidamente até que canse, reconheça as causas e reoriente seu comportamento.
Mas os sofrimentos oriundos de causas injustificáveis, sejam essas conhecidas ou desconhecidas, desafiam o raciocínio. Lares vizinhos que abrigam infantes de mesma idade cujas diferenças, em termos de saúde, são opostamente diferentes.
A um as alegrias da saúde e um corpo que esbanja normalidade e ao outro a deformidade e a dor de patologias prematuras. Onde estariam as causas senão num ponto para além dos estreitos limites dos fenômenos puramente materiais?
A conduta humana. Ha! Essa deusa multifacetada e indômita que aos céus conduz, mas que também franqueia lugares cativos nos antros de danação infernal.
O agir humano é o campo de provas por excelência. Saber agir ante às experiências da vida, ou ao menos, aprender com as experiências da vida nos poupa de sofrimentos desnecessários, se é que algum sofrimento é desnecessário sob o ponto de vista de quem sofre. Se sofre é porque ainda é necessário sofrer. Se aprendeu a não sofrer mais é porque este já não se faz mais necessário.
E a destinação do ser sob o ponto de vista do término de sua experiência física?
A despeito das teorias que apontam diretrizes nesse sentido um ponto bem relevante é o de que soa absurdo o fato de que esse término representa o fim de tudo e o retorno do ser ao nada absoluto, à inexistência.
No mesmo sentido desafia a inteligência o fato de que se há sobrevivência do mundo psíquico esta sobreviva num plano experiencial que não guarda relação nenhuma com o plano físico recém-abandonado.
Um mundo de gozos ou de sofrimentos eternos. Com hinos e anjos cantarolando num ócio sem fim com o objetivo exclusivo de agradar o Criador. Qual a relação desse quadro surreal com a riqueza da experiência humana da vida?
Como propor a um ser dito racional que o espera, no além, um destino de prazeres calóricos e glicosados regados de sexualidade sem culpa.
Penso ser infrutífero especular sobre como será aquilo que nos foge a experiência sensorial.
Pode ser que seja uma realidade para cada consciência que o experimente não havendo parâmetro para criar uma homogeneidade. Mas por dedução podemos chegar facilmente à conclusão de que se não há razão para a persistência de sofrimentos dito físicos, aqueles outros, de ordem puramente psíquica não encontram razão para desaparecerem.
Com que propósito ante a hipótese de sobrevivência, à morte, do psiquismo, desapareceria o sofrimento de ordem psíquica. Culpas, medos, traumas, remorsos cujo pano de fundo é o sistema psicológico humano têm todos uma forte probabilidade de continuarem ilesos e talvez até mais intensos face ao grau de preponderância que passarão, nessa nova condição, a ter.
Mas o que Jesus teria a ver com tudo isso? É simples, ele propõe entre outras coisas um elevado padrão ético, ou seja, propõe uma forma de conduta extremamente simples e clara, que conduz o ser humano a superação de comportamentos geradores de sofrimento.
Parece óbvio, mas não é. Ao propor um renovado padrão ético ele desafia os padrões já estabelecidos nas sociedades humanas ao longo dos séculos. Hábitos arraigados e reveladores de padrões comportamentais inferiorizados são oxigenados por Ele numa diretriz comportamental inteiramente nova.
Comportamentos facilmente identificados como violadores das regras mais básicas de respeito à natureza e aos semelhantes são denunciados como forças motrizes do sofrimento e geradores de débitos existenciais, cujas faturas, em algum momento serão cobradas explicando inúmeros sofrimentos “aparentemente” sem causa.
Mas um ponto diferencia Jesus de outros sistemas éticos existentes em profusão pelo mundo: o exemplo. Toda sua vida foi marcada pelo exemplo de tudo o que ensinou. Um bom começo para refletirmos sobre a relevância dessa figura tão enigmática e revolucionária e experimentarmos os resultados práticos dessa singular orientação comportamental.
Se você, prezado leitor, busca um texto convencional sobre Jesus Cristo eu gostaria de preveni-lo que, talvez, as reflexões aqui presentes apresentem uma perspectiva à qual você não está acostumado. Trata-se de um texto contextual.
De onde eu vim? Quem eu sou? Pra onde eu vou? Esse despretensioso conjunto de perguntas compreende, talvez, o mais profundo questionamento acerca da natureza humana: sua origem, seu propósito, sua destinação.
Podemos observar que essas perguntas exigem um tipo de resposta que não pode ser obtida nos estreitos limites da vida puramente material, sob esse ângulo a resposta pode ficar incompleta.
À pergunta “de onde eu vim?” pode satisfazer uma concepção meramente biológica, ou seja, viemos de uma combinação básica entre um óvulo e um espermatozóide.
Sob o ponto de vista físico-corporal o ser humano é apenas um intercâmbio biológico. Mas ele não se resume a essa dimensão. Seu intelecto e personalidade revelam mais do que isso, possui uma vida mental, uma vida psíquica, uma alma.
Não se podem justificar tendências, preferências, dons, aptidões, afinidades tão somente pelo enfoque biológico?
Sem a possibilidade de explicar satisfatoriamente a origem de nossa alma abre-se um campo de estudos deveras interessante.
Porque as pessoas são tão diferentes ao nascerem? A experiência de cada uma em vida é muito diversificada desde o nascimento.
Um ser humano nunca se repete e as possibilidades são infinitas. Seres saudáveis e débeis, belos e aberrantes, anatomicamente perfeitos e deficientes etc., e no plano psíquico, quantas ainda são a diferenças?
Donde tanta diferença? É, sem dúvida, um problema de origem. De que outra ordem poderia ser? Onde estaria a explicação então senão num improvável sorteio absurdo patrocinado pelo caos.
A existência de uma origem, nesse caso, se impõe pela dedução lógica e essa origem provavelmente encontra-se no campo psíquico, tanto quanto a origem corporal explica-se em termos biológicos.
Se os cromossomos explicam a configuração física dos seres vivos. O que poderia explicar a configuração psíquica destes? Haveria relação entre configuração psíquica e física?
Estaria a matriz da configuração psíquica para além do corpo físico, ou seja, existiria antes deste? Em que consiste então? Do que se trata? Que lugar no mundo ocupa?
Será que após estes questionamentos podemos afirmar com tranquilidade que a existência humana: física e psíquica só se explica a partir do nascimento?
Superada essa fase inicial de questionamento temos agora o ser humano vivo em sua trajetória entre o nascimento e a morte.
Do primeiro ao último dia um leque de possibilidades infinitas. O ser age e interage com seus semelhantes. É feliz e sofre. Desfruta dos sentidos e os traduz pelo seu intelecto, expressando-se pelos sentimentos.
Qual o sentido da vida? Há um sentido na vida? Há uma forma certa e outra errada de comportar-se? Há uma maneira adequada de conduzir-se na vida ou toda proposta comportamental é arbitrária, sem que haja sustentação lógica para uma maneira sobrepor-se às outras?
Para equacionar essa questão é necessária a identificação de um elemento comum básico na vida humana capaz de sustentar uma hipótese. As diferentes experiências existenciais possuem denominadores comuns e, talvez, o mais expressivo deles em termos comportamentais: é o sofrimento.
Não há um só ser humano que não experimente essa condição. Viver é, por assim dizer, uma experiência exposta ao sofrimento.
Outras condições são experimentadas também, durante a vida, isso é inegável, porém, o sofrimento é aquela que mais profundamente afeta o ser. Por que o ser humano sofre, passa ser a questão existencial básica.
Existe um sentido no sofrimento? Ou sofrer é uma experiência irracional sem propósito?
Lidar com o sofrimento é, sem dúvida, o desafio existencial por excelência. Em algum momento ele chega e produz as suas transformações, cada um sofre a seu modo. O grau de transformação operado também é muito diferente de pessoa pra pessoa.
Como seres racionais que somos é normal buscarmos, através do raciocínio, compreender as causas dos sofrimentos. Muitas delas podemos encontrar na própria conduta precedente.
Determinada forma de agir muito provavelmente irá causar sofrimento. Como o sofrimento gera incômodo, é natural que se queira livrar-se dele. Conhecer-lhe as causas é medida profilática para não se incorrer em repetição.
O oposto, o desconhecimento das causas, pode levar o ser a sofrer indefinidamente até que canse, reconheça as causas e reoriente seu comportamento.
Mas os sofrimentos oriundos de causas injustificáveis, sejam essas conhecidas ou desconhecidas, desafiam o raciocínio. Lares vizinhos que abrigam infantes de mesma idade cujas diferenças, em termos de saúde, são opostamente diferentes.
A um as alegrias da saúde e um corpo que esbanja normalidade e ao outro a deformidade e a dor de patologias prematuras. Onde estariam as causas senão num ponto para além dos estreitos limites dos fenômenos puramente materiais?
A conduta humana. Ha! Essa deusa multifacetada e indômita que aos céus conduz, mas que também franqueia lugares cativos nos antros de danação infernal.
O agir humano é o campo de provas por excelência. Saber agir ante às experiências da vida, ou ao menos, aprender com as experiências da vida nos poupa de sofrimentos desnecessários, se é que algum sofrimento é desnecessário sob o ponto de vista de quem sofre. Se sofre é porque ainda é necessário sofrer. Se aprendeu a não sofrer mais é porque este já não se faz mais necessário.
E a destinação do ser sob o ponto de vista do término de sua experiência física?
A despeito das teorias que apontam diretrizes nesse sentido um ponto bem relevante é o de que soa absurdo o fato de que esse término representa o fim de tudo e o retorno do ser ao nada absoluto, à inexistência.
No mesmo sentido desafia a inteligência o fato de que se há sobrevivência do mundo psíquico esta sobreviva num plano experiencial que não guarda relação nenhuma com o plano físico recém-abandonado.
Um mundo de gozos ou de sofrimentos eternos. Com hinos e anjos cantarolando num ócio sem fim com o objetivo exclusivo de agradar o Criador. Qual a relação desse quadro surreal com a riqueza da experiência humana da vida?
Como propor a um ser dito racional que o espera, no além, um destino de prazeres calóricos e glicosados regados de sexualidade sem culpa.
Penso ser infrutífero especular sobre como será aquilo que nos foge a experiência sensorial.
Pode ser que seja uma realidade para cada consciência que o experimente não havendo parâmetro para criar uma homogeneidade. Mas por dedução podemos chegar facilmente à conclusão de que se não há razão para a persistência de sofrimentos dito físicos, aqueles outros, de ordem puramente psíquica não encontram razão para desaparecerem.
Com que propósito ante a hipótese de sobrevivência, à morte, do psiquismo, desapareceria o sofrimento de ordem psíquica. Culpas, medos, traumas, remorsos cujo pano de fundo é o sistema psicológico humano têm todos uma forte probabilidade de continuarem ilesos e talvez até mais intensos face ao grau de preponderância que passarão, nessa nova condição, a ter.
Mas o que Jesus teria a ver com tudo isso? É simples, ele propõe entre outras coisas um elevado padrão ético, ou seja, propõe uma forma de conduta extremamente simples e clara, que conduz o ser humano a superação de comportamentos geradores de sofrimento.
Parece óbvio, mas não é. Ao propor um renovado padrão ético ele desafia os padrões já estabelecidos nas sociedades humanas ao longo dos séculos. Hábitos arraigados e reveladores de padrões comportamentais inferiorizados são oxigenados por Ele numa diretriz comportamental inteiramente nova.
Comportamentos facilmente identificados como violadores das regras mais básicas de respeito à natureza e aos semelhantes são denunciados como forças motrizes do sofrimento e geradores de débitos existenciais, cujas faturas, em algum momento serão cobradas explicando inúmeros sofrimentos “aparentemente” sem causa.
Mas um ponto diferencia Jesus de outros sistemas éticos existentes em profusão pelo mundo: o exemplo. Toda sua vida foi marcada pelo exemplo de tudo o que ensinou. Um bom começo para refletirmos sobre a relevância dessa figura tão enigmática e revolucionária e experimentarmos os resultados práticos dessa singular orientação comportamental.