FACETAS DA PREGUIÇA MENTAL
FACETAS DA PREGUIÇA MENTAL
Em que lances da vida podemos perceber a preguiça mental? Podemos verificar alguns: que foram pelo autor destas notas presenciados. Outros lemos ou ouvimos algures. Alinhemos alguns fatos...
Ouvimos de certo “irmãozinho” que teve o desplante de dizer: “Não leio mais a Bíblia, já passei desse estágio de lê-la, porque o Espírito Santo me ensina”. Que “santa ignorância” da doutrina do Espírito Santo! Que fanatismo oco! Que estreiteza infantil! Por acaso todas as demais culturas que não sejam bíblicas são lixo? Todas ou muitas? Muitos de nós sabemos que existem duas ciências: a falsa (a que contraria a Bíblia, a combativa que chega a ser até idiota, pois todos aqueles que a combateram sempre foram ou humilhados ou se quebrantaram e se tornaram seus defensores!) e a verdadeira (a que confirma e assessora a Bíblia), mas não são todas ruins ou falsas!
Alguém comentou comigo (aliás, vários comentários já ouvimos): “Eu só leio a Bíblia!”. É uma infantilidade. Denota-se imaturidade. Trata-se de alguém que ainda está nos rudimentos da vida cristã. Um nanico espiritualmente falando! (Permitam-me a rudeza e franqueza de palavras!)
Um outro aduziu: “Não leio outros livros, só as referências é que bastam para a minha compreensão!”. (Pensei com os meus botões: “é realmente uma compreensão mais curta e limitada”), pois somos ensinados pela boa razão, pelo bom senso, pela experiência e até pela cultura bíblica – 1 Ts 5.21 – a examinar tudo, ou seja, abrir todas as comportas da informação, para chegarmos a nossa humilde compreensão ou alargamento dos conhecimentos - Jó 42.5 c.c. 2 Pd 3.18. O mesmo Deus que fez a fé (que se instala em nossos corações), fez também o intelecto (que está contido em nossas mentes). O que não alcançamos pela cultura, pelo intelecto ou seja, nossa capacidade humana, chega até a nossa compreensão pela fé. Fé e razão se completam. Isto alguém, muito antes de nós já chegou a esta conclusão. Isto não é novo, mas convém recordar!
Ah! No que concerne às referências bíblicas, há muitos até, com certo grau de cultura que ainda não aprenderam que nem todas as referências se prestam para chegar-se à maturidade de certo assunto ou tema, esclarecer dúvidas, porque se tratam de referências meramente nominais (ou verbais), como bem já foram divididas por alguém competente ! Só as referências reais (ou passagens paralelas) é que dão mais luzes ao entendimento. Esmero, não superficialidade na leitura. Pestanas “queimadas”. E isto, o portador da preguiça mental não pode realizar ou melhor, não quer efetivar!
Outros chegam a rechaçar os comentários bíblicos com a mais pretensa e sofística resposta: “Ah, eu acho (“a solução não está no que eu acho” – disse um poeta sacro!) que o comentário nos deixará mais preguiçosos!”. Ou ainda: “Os comentários são palavras de homens!” E, então, dando asas a imaginação, penso: “Eis aí mais um professor ou pregador superficial, sem conteúdo, portador da preguiça mental”.
De quando em vez nos vemos contestados com os seguintes argumentos: “É a sabedoria dos homens, muita cultura humana não adianta, o que vale é falar a Palavra de Deus, de poder!”
Sim, a Palavra de Deus é o ponto final, o tribunal de última Instância. Ela deve esclarecer, nortear nossas vidas, práticas, doutrinas, teologias e nossa fé cristã. E, de mais a mais, normalmente quem responde desta forma são os que, não tendo argumento à altura, porque se vê contestado e sem saída num determinado ponto, é quem usa tal argumentação (“palavra de homens”), tangente, sofística e burlesca. Isto se vê mais com os que gostam de espiritualizar alguns textos. Andam esquecidos que não há disposição bíblica contrária à cultura ou proibição a ponto de não se poder ampliar os horizontes pertinentes ao cabedal intelectual e cultural. O que existe de contrário a isso, de forma categórica, é quando se “estriba, alguém, em seus próprios entendimentos” ou conhecimentos humanos, deixando de lado o que Deus diz ou qual é a Sua Vontade! Deve-se evitar fazer da cultura humana ou terrena, base de tudo em matéria de fé. Confiar nela como um fim, em detrimento dos influxos dos ensinamentos santos do Espírito de Deus, aí, sim, é que se pode aplicar os termos “palavra de homens”.
Só mesmo a preguiça mental é capaz de barrar o entendimento de quem a possui, para não vislumbrar uma tal elidade. Que o Senhor nos ilumine a não nos deixarmos enlevar por essa viciosa atitude mental e experiencial – a preguiça mental e suas facetas.
Muniz Freire, 15 de dezembro de 1.994
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