A vitória de Judas
O passado continua assombrando o presente, quando se perpetua em forma de livros ditos sagrados com o autoflagelo como ferramenta auxiliar na lavagem cerebral visando o implante da horrível e aniquiladora fé cega. Os seres humanos preferem se esconder sob o manto da do misticismo, para sugerir correções ou até mesmo oferecer soluções.
Muito justo e muito louvável, segui-las ou admirá-las, mas nada de absurdo que alguém prefira outros caminhos de construção ou de reconstrução.
Muito normal a atitude de outros que preferem identificar a vida, sem viajar nos incontáveis carrosséis de risco. Alguns mais amargos exibem o sangue que escorre da testa dos crucificados para ressaltar a sua revolta e descrença.
O sangue talhado pelo tempo, o sangue das sagradas ilusões, que jorra em cada página das sagradas escrituras, ou nas escadarias do Palácio de Roma, que deve estar por ali bem perto do Vaticano, o sangue desperdiçado nas guerras que nascem nos porões do poder dos recém-extintos governos de ditaduras militares, ou que brota simbolicamente na mente das gangs que rolam pelos morros ou deslizam pelas nossas consciências.
A cruz que crucifica e que mata inocentes, como outrora nas arenas ou nas perigosas corridas de carruagens ou bigas comandadas pelo escravo Ben-Hur, é a mesma que hoje freqüenta as salas de justiça ou da indiferença. Alguns a repudiam como prova evidente de uma jornada inesquecível de um guerreiro que veio pela paz e pela justiça dos homens na terra e sucumbiu. Não abrem mão de continuar tendo o filho de Deus como símbolo da esperança, mas não querem ver a sua imagem materializada.
Confusão mental ou insegurança no campo minado da fé ? Chuta-se uma imagem, e assim podem chutar até a própria cruz onde o pretenso salvador foi pregado.
A sabedoria chinesa que não conhece Jesus Cristo, ou não o reconhece, fala de coisas que não se recupera, como a pedra depois de atirada, a palavra depois de proferida, a ocasião depois de perdida e o tempo depois de passado.
Todos admiram esses pensamentos filosóficos, essa sabedoria oriental reflexiva, muitos a exibem em correios eletrônicos, com fundos musicais relaxantes, com imagens de rara beleza, da mesma forma que o fazem também os Cristãos que exibem o livro sagrado das ilusões e das crenças, com figuras de cabelos longos, olhos azuis, vestidos em mantos vermelhos, onde a realeza e a divindade se unem, ao Espírito Santo, símbolo da inteligência maior, para submeter os humildes ao reino do céu, vendendo a vida depois da morte ou a imunidade contra ataques demoníacos.
Os demônios inventaram o inferno e eles mesmos nos protegem, como fazem os flanelinhas e como fazem os hackers que inventam o vírus e vendem o antivírus para nos proteger deles mesmos. Impressionante ver essa grande farsa.
Eu prefiro o caminho da verdade absoluta, sem amarguras.
A cruz para mim, tem vários outros sentidos. Posso tentar explicá-las com sentidos duplos ou com mais variações, mas esse é o jogo perigoso das conveniências. Esse é o X da questão, que na verdade é também uma cruz dissimulada.
Quem espera o Pai, a mãe, o filho, a filha, os netos, os irmãos, os Amigos, sempre o faz de braços abertos em forma de cruz. Não é tão mal assim. Eu diria que hoje a cruz está fora de moda. Hoje a maior forma de suplicio, e o maior castigo são coletivos, quando os mais fortes e poderosos enfiam na cabeça de todos aqueles humildes, que um dia apedrejaram Cristo, uma coroa de espinhos e sofrimento constante e os deixam estarrecidos vendo a cruz que carregam, vazia, sem o salvador que um dia veio, e nunca mais voltou.
Todos os anos a mesma coisa, comemoram o seu nascimento com alegria e muita fartura (os ricos dão aos seus, presentes caríssimos, os pobres se alimentam das sobras dos anos anteriores - roupas velhas, brinquedos estragados ou muito usados e ficam muito felizes e ainda dizem orgulhosos que foi "Deus que ajudou")
Mais tarde, vem a semana santa (ciclagem comercial, tanto quanto o natal) e o matam de novo, queimam os bonecos em forma de Judas. Ah... se o povo soubesse agir e pensar, ou pensar e agir.
Porque buscam Jesus (Salvador) lá atrás, 2 mil anos ou buscam Judas, no mesmo tempo. Porque não em tempo real. Porque não sabem encontrar o verdadeiro Jesus hoje, que deve estar ai, no meio das multidões prontinho pra fazer justiça "em nome de Deus", ou por outro lado, porque não sabem identificar os verdadeiros Judas, que andam por ai, traindo todos nós vestidos de políticos corruptos e falsos apóstolos ou traficantes de drogas que financiam as passeatas autorizadas pelo nosso honrado e inquestionável STF.
Porque não jogar pedras neles em todos eles, sem exceção: Em quem faz passeatas e em quem as autoriza.
A Classe dominante prefere nos jogar no túnel do tempo, para que possamos ficar deslumbrados com a força mágica do Senhor dos Anéis, ou o Senhor das nossas vidas.
Eu não entro nesse túnel, fico só "olhando de banda".
Na verdade ele funciona com um grande Shopping e no dia 25 de dezembro, os Filisteus estão ai, em sua moderna versão, mais que organizados, vendendo suas bugigangas de boa procedência ou se for para pobres, aquelas que originam a doce vingança do Paraguai, obtendo seus lucros incríveis passeando livremente pela Ponte da Amizade.
Como “moro” na Finlândia, acima da linha do Equador, talvez eu entre nessa, novamente, fingindo que sou mais que feliz no dia 25 e chorando como muitos fazem na sexta feira da paixão, pedindo perdão pelos pecados que cometi três dias antes da quarta feira de cinzas, ou até mesmo quando nasci com o pecado original de Adão e Eva, que deve ter cantado no paraíso a maldita musiqueta da boquinha da garrafa, com um fundo musical da turma da Brasília amarela.
E todo ano, a mesma coisa...
Que rotina danada de gostosa