ORGANIZAR MAIS IGREJAS OU NÃO?

Se for para aviventar a politicagem entre os membros, melhor não organizar; mas se for para promover-se a unidade entre os irmãos, para conviverem mesmo distantes uns dos outros, mas se respeitando, se amando, se considerando e se ajudando mutuamente, então, organizem.

Se for para que uma família domine, comande e não tolere mudança de direção com alternativas de diretorias a cada um ou dois anos, ou, pelo tempo que a diretoria bem servir (desde que não se prolongue a ponto de se julgar dona ou se esquecer de treinar todos os pretendentes a cargos), não organizem; mas se for para haver um rodízio de tempos em tempos entre os membros que ficarão com o bastão de comando, ou se envolverem fluentemente nos serviços administrativos ou culturais, nos surtos evangelizantes, nos arroubos perenes de avivamentos, nos empreendimentos de ações sociais e no engajamento da obra missionária, onde se realize ou se perceba um cooperativismo e democracia visíveis, então organizem.

Se for para que as cobranças aos demais aconteçam de forma cerrada, constante, perseguidora, intolerante e descabidas, não organizem; mas se for para tolerância com as fraquezas alheias e principalmente dos que estão no processo de iniciação da vida eclesiástica, já que muitos dos que participam da vida de igreja, pouco ou nada sabem sobre ou como se conduzir nesta comunidade espiritual e, que, por isso, precisam ser ensinados pacientemente, então organizem.

Se for para formar uma elite predominante, julgando que Igreja é como grupo social ou de políticos que se julgam influentes com hegemonias sobre os mais simples, que não se organize. Mas se se tratar de um grupo de pessoas que amam as almas perdidas, que enfatizem o evangelho integral: com a adoração, a evangelização, o ensino e a ação social, que se organize!

Se for para que os não-crentes vejam as suas boas obras, a ponto de glorificarem a Deus que está nos céus e perceberem que há amor genuíno entre os salvos, sentindo grande responsabilidade de participarem deste grupo de “pessoas tão amáveis”, pois o impacto de sua mensagem e a coerência de seus discursos e vidas em sociedade, que se organize; mas, se nada disso ocorrer, se a glória de Deus for olvidada e a compunção das pessoas não for uma realidade sincera, então, não vale a pena, não se organize.

Se for para ganhar e discipular almas, ensinando-as a andar nos caminhos do Senhor e ainda alimentá-las tanto com a Palavra de Deus, como com os víveres primários (entre os mais carentes), realizando com eles cultos de gratidão e justiça social, de tal forma que eles sejam felizes na alma e no corpo, então se deve organizar; mas se for para “marcar passo” e fugir das responsabilidades sociais ante os graves problemas que a sociedade moderna enfrenta, em que os governos e governantes não estão dando conta da miséria humana, e somando-se a isto as Igrejas que estão pregando mais o céu e esquecendo-se dos problemas terrenos, esquecidos de que Jesus nos ofereceu uma salvação integral e quer uma salvação tanto do corpo quanto da alma, então não se deve organizar.

Se for para que a própria Igreja se sustente com o apoio material e financeiro do próprio rebanho, que se organize; mas se for para, às ocultas, nos bastidores ou patente e descaradamente, receba recursos dos governos ou governantes, abrindo espaço para a ingerência do Estado na Igreja, cometendo assim, uma verdadeira fornicação ou adultério espiritual, como a Grande Babilônia já faz há séculos, através de pactos secretos com os governantes do mundo inteiro, então não se organize, pois isto é, além de extrema vergonha, uma configuração de exploração do poder público, pois quem gera filhos e organiza patrimônio físicos, é quem deve ter consigo a responsabilidade de sustentá-los e cobrir suas despesas. Tem havido uma deslavada desculpa de “tombamento de Patrimônios Culturais” só para usurpar o dinheiro dos governos e das nações que, muitas vezes não passa de lavagem fiduciária! Deus nos livre de tais desmandos!

Muniz Freire, julho de 2001.

Fernando Lúcio Júnior