POBREZA DE ESPÍRITO

Os movimentos retilíneos que o homem moderno exerce em seu caminhar sem a possibilidade de alternativa paralela, de contínua monotonia, o torna frágil, a ponto de não sensibilizar que está havendo em seu dia a dia, em sua atual conjuntura ou em seu derredor. Isso tem sido uma dura realidade em tais dias. Grilhões que envolvem seu ser não permitem enxergar a escravidão que lhe corroí de dentro para fora.

Muitos, voluntariamente, doaram a vida para o enriquecimento de poucos que, ao fim da história, são os únicos privilegiados pelas, riquezas que são retiradas de um suor árduo, de condições alarmantes, que usurpam do individuo o pouco que tem: sua dignidade sua vida e sua saúde física e mental.

Doar-se a causas inúteis tem sido a ciranda nefasta que o ser humano se tem encaixado não por que quer, mas por falta de opção. Devem-se analisar as evidências, os fatores e as condições de vivência para que algo seja feito a respeito. Ver o que é invisível tem sido o que há de melhor ou, pelo menos, o que talvez vá confortar a pobre existência do ser.

Afinal de contas, a pergunta que não quer se calar: Quanto vale uma vida? Será que vale a plena exaustão, na imensidão de um enfadonho cotidiano à base de uma cegueira fugaz?

Captar o raciocínio dos movimentos é de suma importância para que a libertação venha a cair como uma luva, no tempo oportuno. Aproveitar o instante atual requer percepção de alguns fatores estereótipos para que o condicionamento mecanicista (sistema de determinações mecânicas) não mate a felicidade do homem.

Os que pensam saber, ou acham que estão bem, são os que mais sofrem, pois serão eternos escravos. Uma ignorância factual, mentes fechadas estarão vagando enquanto não optarem pelas alternativas mais favoráveis às massas. Quem vale mais: o produtor ou o produto? “Chegará o dia em que as mesas dançarão na frente dos homens” (Karl Marx). Marx que nem cristão era, previu, com bases econômicas e cientificas, no Séc. XIX, o que iria acontecer nos séculos posteriores e em nossos dias. O produto passou a valer mais do que quem o produziu. Nunca se viu, com tanta intensidade, isso, como nos dias atuais, correspondentes ao século XXI. Vivemos no período do ter e não do ser. O individuo vale o que ele tem; mais importa sua posição social, as roupas que ele veste, seu poder financeiro e econômico e não o que ele é. Vale-se quanto se tem nos bolsos. Uma realidade cruel, mas que é um fato evidente e triste, a marca do século XXI, é a marca do individualismo, do materialismo e do imediatismo, que correspondem a esse modelo sinistro de vida que a humanidade tem vivido. Infelizmente, essa realidade deplorável atingiu todas as instituições. E, o que é mais lamentável, os que se dizem cristãos estão participando dessa festa. Essa marca do atual século entrou, como uma doença, no seio das unidades religiosas, o que não tem nem um ponto semelhante ao que Jesus Cristo ensinou e quis que as pessoas fizessem. Esse amor demasiado a coisas degradáveis pode ser referente a qualquer bem material, desde um terno ou uma gravata até carrões, mansões, conta bancaria “gorda” e muito mais. As pessoas não são mais medidas pelo seu caráter, mas sim pelo seu status.

[...] Marx denomina este fenômeno como sendo um “Fetiche da mercadoria”, para isso ele se baseia na história do personagem bíblico Moisés, que, após vagar quarenta anos com o povo escolhido por Deus (judeus) atrás da terra prometida, se depara com a crescente descrença dos seus seguidores, que já estavam cansados de se deslocar errantemente por vários lugares. Dada essa insatisfação, Moisés, deixa o seu povo em uma terra fértil e se retira, temporariamente, para meditar e procurar algum sinal que indique a existência real deste Deus, a localização da terra prometida e que, com isso, possa recuperar a fé do seu povo que ia se perdendo rapidamente.

Moisés sobe ao monte Sinai e fica, por muito tempo, lá a meditar. O povo, ao sentir o sumiço de seu “guia”, se reorganiza política e espiritualmente naquele lugar onde fixara sua vida material, elegendo, a partir disso, novas lideranças e novos deuses em quem acreditar e orar. Muito tempo se passa em cima do monte Sinai, onde está Moises a meditar até que, após vários dias e quem sabe meses, os céus se abrem e deles surge o sinal tão esperado pelo povo judeu: as tábuas da salvação, onde estavam contidos os “Dez Mandamentos”. A partir desse sinal, Moisés desce o monte Sinai e vai ao encontro de seu povo para lhes contar e mostrar a boa nova. Ao chegar, nota que haviam se reorganizado em sua ausência e que possuíam novas lideranças e, principalmente, que haviam juntado todo o ouro e joias que carregavam consigo e fundiram estas para fazer uma imagem, um novo deus, que, segundo a Bíblia, seria a imagem de um animal (possivelmente um bezerro) que se havia tornado objeto de adoração e glorificação pelo povo. O nome atribuído a essa imagem era “Fetiche”.

Marx se utilizou dessa parábola (??) bíblica e, principalmente, do nome atribuído à imagem citada para exemplificar, na modernidade, como o homem estava tratando as mercadorias (sapatos, bolsas, etc.), estas, que com o tempo, deixaram de ser um produto estritamente humano para se tornarem objeto de adoração; a mercadoria deixa de ter a sua utilidade atual e passa a atribuir um valor simbólico, quase que divino; o ser humano não compra o real, mas sim a transcendência que determinado artefato representa. [...] (DLUGOKENSKI, 2008) Trecho retirado do texto O Fetichismo da mercadoria na obra de Karl Marx, acessado em http://www.infoescola.com

Os modelos básicos de ensino de Jesus conduzem e proporcionam condições favoráveis a todos. Pena que não sejam exercidos, pois é de suma importância saber-se o que cabe ao mesmo indivíduo exercer. Porém, saber e não praticar é o mesmo que dormir acorrentado em uma eterna e imensa obscuridade, ou seja, completamente arruinado, pois muitos sofrem com tal inércia. Sofrem por caminharem paralelamente a esse amor demasiado aos bens materiais. E, com isso, se esquecem de viver bem com os outros, amando mais as pessoas do que as coisas. A maior dificuldade é saber que muitos estão presos às cadeias que são impostas pela cúpula corrupta que dita as ordens. Há muitas formas de se estar preso a um fator trivial, o fator alienante que faz com que muitos se sacrifiquem por causas que não são necessariamente básicas ou vitais, mas sim que demonstram um individuo sem sangue que faz o que faz porque foi cegado pelo sistema maligno e que tem a extrema necessidade de acompanhar o ritmo acelerado da dança macabra.

Ao fim, a situação ridícula que o individuo vive passa a ser modelo paradigmático. Ele é, sem dúvida, um morto ambulante: anda, come, dorme , mas, ao fim, está lá sempre a cair na fatalidade da condição de alienado. O amor demasiado dos homens pelas coisas degradáveis, perecíveis é um mal obscuro que faz parte da atualidade tão obscura. O deus dinheiro fez com que o amor dos homens se esfriasse, ou melhor, virou um iceberg que nem o aquecimento global, em seu ápice, poderá derretê-lo. O homem foi pego pelo laço, de dentro para fora, o que é muito preocupante, pois foi o modo mais sábio que a mídia manipuladora fez para trabalhar, enfadonhamente, para empobrecer o caráter e convertê-lo na alarmante figura realista que vaga como um fantasma nos dias de hoje. O verdadeiro valor, que é o caráter, converteu-se em meras ocasiões imediatistas; o individualismo virou a principal arma contra a simplicidade de se viver bem uns com os outros, e isso está arraigado no seio das sociedades capitalistas. Outra realidade lamentável é a crueldade do neoliberalismo; a classe trabalhadora paga caro e é, descaradamente, injustiçada. Muitos têm sido afetados por essa força macabra que brotou diretamente das profundezas malignas. Ela mata muitos de fome todos os dias, porém a grande maioria faz vista grossa a respesito de tal realidade cruel. De 1970 para cá esse sistema ficou mais cruel, mais selvagem, cada vez menos humanitário, com o mínimo possível de intervenção do Estado, pois, ao confrontá-lo com a terrível crise de 1929, o Presidente estadunidense Franklin Delano Roosevelt implantou pitadas de socialismo no sistema capitalista; o papai Estado entrou em ação, pois viram que o comércio, por si só, não poderia cuidar de tudo. Dessa citada data para cá as coisa começaram a mudar, pois foi implantado o neoliberalismo mais voraz, menos sensível, mais cruel, visando a lucros exorbitantes e, assim, a destruição em massa de pessoas que, devido à detenção de bens e meios de produção nas mãos de poucos, acabam pagando alto preço por não terem oportunidades. Os senhores do mundo ditam as ordens: quem vai comer e quem não vai: quem vai ser seu escravo e quem não vai. Voltamos à barbárie, apenas de uma forma diferente: ela esta obscura, escondida nas entrelinhas do cinismo estampado no rosto desse sistema voraz, ganancioso e desumano.

Da loucura implementada no mundo do trabalho, decorre, necessariamente, a luta desenfreada pela sobrevivência. As empresas lutam umas contra as outras, numa competitividade em que as pequenas sucumbem diante da força das maiores. Os trabalhadores também não escapam a essa perniciosa contenda, mas, como não possuem armas para lutar, são dizimados pela máquina do mercado, que é pilotada por maníacos e gananciosos capitalistas, e o que é mais grave, essa máquina é blindada pela proteção estatal. É o Leviatã entregando os pequenos peixes aos tubarões (MENDES, 2007). Texto: O NEOLIBERALISMO E A BANALIZAÇÃO DA INJUSTIÇA SOCIAL.

(Rev. Trib. Reg. Trab. 3.ª Reg., Belo Horizonte, v.45, n.º 75, p.173-184, jan/jun.2007).

Status, carrões, posições de destaque, converteram o homem em marionete, gasto em seu triste destino. A mídia manipuladora também tem sido a arma mais nociva que ataca os indivíduos, cristãos ou não. Ela com suas cargas de informações fúteis e sem nenhum proveito diz a todos como agir, como se vestir, como proceder com modelos supérfluos, fúteis e sórdidos. Foi uma ferramenta muito eficaz usada para alienar a população mundial. Sem distinção, ataca todos, mas principalmente aqueles que não têm um mínimo de informação para poderem questionar o que está sendo “imposto” às grandes massas. Essa doença tem adentrado os templos religiosos, contaminado a mente das pessoas, dizendo-lhes o que têm de comprar e como devem andar. São consumos exorbitantes, desnecessários, e que escravizam o indivíduo, causando-lhe cegueira, confrontando-o com o que Jesus ensinou, que é não se apegar-se a coisas materiais. Quanto vale uma vida? O bom senso já não convém. Preocupar-se com o que há de vir, com que carro adquirir, qual mansão comprar, qual o aparelho celular está na ultima moda ou qual a melhor grife, são os únicos e absolutos valores para esse padronizado e obsoleto modo de se viver. Jesus, com seus sábios ensinos, mostrou aos homens que devem se preocupar com os outros e não com o melhor bem a se adquirir; darmos exemplo de humildade. Ele disse para nos preocuparmos também com nós mesmos, pois as pessoas devem valer mais do que os produtos. Esses controvertidos valores arrastam, como um maremoto, a unidade e a comunhão entre as pessoas. “Não é a vida mais do que o alimento, ou o corpo mais importante do que as vestes?” (Mt 6:25).

Outro lamentável valor contraditório impregnado nas assembleias dos que se dizem cristãos é o farisaísmo que cai na fatalidade da cegueira causada pelo sistema macabro e que está, por sua vez, intercalado entre controvertidos valores da sociedade, como: ganância, avareza, soberba. Valorizar os estereótipos tem sido uma doença que caminha abertamente, de forma escancarada e explicita, de mãos dadas com o bizarro jogo do sistema selvagem vigente, vaidoso, individualista, materialista, enfatizando, assim, o que o individuo tem, ou como ele se veste, ou também sua posição social, não o que ele realmente é, não a medida de seu caráter, moral. Em meio ao templos que são usados para congregação, isso tem sido uma doença que mata a comunhão como a peste que devastou a população na Idade Média, só que pior, pois se age na sublinearidade. Alguns ditos cristãos dos dias atuais converteram sua forma de agir a esse bizarro padrão de vivência, pois é o modelo “ideal de sociedade, modelo correto a se seguir”, valorizando, assim, mais o deus sistema do que as pessoas.

É difícil ter de seguir os padrões impostos pelos regimentos dessas sistematizações que andam em conjunto e de braços dados, fazer coisas mirabolantes, eventos cerimoniais que transcendem a realidade do individuo. Os ternos assemelham-se às luxuosas vestes dos fariseus. “Todas as suas obras eles fazem a fim de serem vistos pelos homens; pois alargam os seus filactérios, e aumentam as franjas dos seus mantos” (Mt 23:5).

Os homens colocaram cegamente o coração nos supérfluos valores da vida, esquecendo que o produtor vale mais do que o produto e que o calor humano não pode ser substituído por outros itens, pois, como disse Jesus, “onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração” (Mt 6:21). “Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam” (Mt 6:19,20).

As questões sociais como pobreza, fome, marginalidade não têm sido percebidas, pois a sensibilidade dos ditos cristãos está cauterizada. Usurpar de pobres tem sido um bom negócio para o covil de tais personagens da atual história da igreja. Dar sem esperar receber em troca é tido por chacota, pois sobressair à custa dos outros é sagacidade; esse sim é “esperto” e está compartilhando os valores do atual sistema vigente.

Chegamos, então, à conclusão de que o homem só será feliz no dia em que encontrar a verdade, pois só ela pode revolucionar e fazer a mudança radical de que o ser humano precisa. No dia em que Cristo for o valor real da vida do indivíduo, aí, sim, ele encontrará a verdadeira felicidade, não em aquisição de bens, mas na verdadeira vida, ou seja, na vindoura.

Só que nestes dias, infelizmente, o que tem sido privilégio de muitos são as coisas materiais. Jesus nunca esteve preocupado com a cor da pele das pessoas ou com a quantidade de dinheiro que elas possuem em suas contas bancárias, mas sim com os que o buscam em espírito e em verdade; com os que fazem bem aos pobres e necessitados estendendo as mãos a eles; aos que amam as pessoas como a si próprios, não os que amam coisas que vão ser corroídas, decompostas e ao pó tornarão. Os que assim agem fazem a vontade de Cristo.

O Senhor Jesus sempre advertiu os homens dos perigos das riquezas, mas, muitas vezes, eles não conseguem administrar seus impulsos, seus sentimentos em relação a esse mal.

Amar mais e seguir os preceitos de Jesus são o melhor conselho que o homem pode seguir. “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3:16). Aquele que amar os valores corruptos desta geração tão fria estará desagradando a Jesus que ensinou que vidas humanas sempre valeram mais do que coisas inúteis.

Ao logo da história da humanidade impérios ruíram, homens notáveis que deixaram seu marco nas eras, e que, por isso, viraram mitos, morreram, mas o único que continua e continuará vivo é Cristo, que venceu a morte. Não há outro a ser seguido nem outros valores que superem amar a Deus e ao próximo. Diga-se de passagem, então, que o modelo padrão estabelecido não é mais ideal, pois, de uma forma inescrupulosa, corrompeu todos os laços fraternais, de amizade, de amor uns aos outros. Os verdadeiros valores foram trocados pelo mal do individualismo.

Só a verdade trará à tona o que está havendo, pois o amor de muitos já se esfriou (Mt 24:12); só a verdade é revolucionária e mostrará a face desse mal chamado capitalismo aos homens.

“E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Jo 8:32). Assim todas as cadeias da alma e do corpo serão jogadas por terra e aquela escravidão que outrora era um alarmante mau se converterá em plena liberdade. Temos visto os homens depositando confiança em bens, em riquezas, como se suas aquisições os pudessem salvar. O homem sem CRISTO não é nada. Morre o tolo e morre o sábio; vão ambos para o mesmo lugar. As posições sociais, o status, não valem nada para DEUS; ele sonda os corações. CRISTO fez menção aos sepulcros caiados, que por fora são belos, mas por dentro estão podres. Jesus nunca esteve preocupado com as vestes que as pessoas usavam, com a casa em que moravam ou o carro em que andavam. Ele deu exemplo de humildade. Humilhou-se sendo o próprio DEUS, pois não tinha lugar nem para reclinar a cabeça.

É tempo de refletir, rever conceitos e ser mais humilde como Jesus foi e nos ensinou a ser. Enquanto as pessoas depositarem a confiança em coisas, como se tais coisas as pudessem salvar, nada acontecerá, pois DEUS não se agrada de idolatria. Tudo o que toma seu lugar é um ídolo, que não fala, não anda, mas que recebe tais atribuições por um tolo que não sabe o que faz. Confie somente em Jesus Cristo, aquele que foi, que é e será.

I Tim. 6:10, 11 – "Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores. Tu, porém, ó homem de Deus, foge destas coisas; antes, segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância, a mansidão.

Aleksei
Enviado por Aleksei em 01/05/2012
Código do texto: T3643895