Reflexões de uma "quase" nerd espírita...
Sempre fui "pobre" e estudei a vida inteira em escola pública. Cursei faculdade apenas por ter garantido empréstimo voltado para o estudo, o então famoso e ambicionado Crédito Educativo, o qual paguei mês após mês por alguns anos, depois de formada na PUC. Pós graduei-me estando desempregada, quitando antecipadamente um ano de curso com o dinheiro que me faria falta, como efetivamente fez, isso embora e somado a uma tristeza imensa e duradoura causada por meu coração partido sem piedade pelo primeiro amor.
Recordo-me, fascinada que sou pelo mundo virtual que une desconhecidos e aproxima conhecidos que passariam pelas nossas vidas sem mostrar seu valor, que nessa época havia comprado meu primeiro computador o qual nem mesmo consegui usar, tendo que vendê-lo para ajudar a sustentar-me no período de estudo e desemprego - felizmente, meus pais podiam dar-me casa e comida, portanto não sofri senão a impossibilidade de ter uma "fascinante" vida de juventude sem compromissos e muita festa.
Não fiz a faculdade que ambicionava, pois por melhor que fosse o ensino público na minha época, não foi suficiente para me fazer passar num vestibular com quase 30 candidatos por vaga (ou talvez eu não fosse assim tão inteligente... quiçá apenas não era para ser). Tivesse conseguido, hoje não seria Assistente Social há muito fora do exercício profissional, mas Bacharel em Comunicação Social com ênfase em Relações Públicas. Não deu, porém, e sabem como são as coisas, "pobre" não pode esperar para conquistar seus sonhos, os substitui pelo que dá e continua vivendo como consegue.
Como convicta reencarnacionista e consciente defensora da lei de Ação e Reação que sou, jamais poderia admitir que fosse vítima da vida, mas sempre de mim mesma. Não há maior verdade aos meus olhos de que colherá todo aquele que planta, porque ninguém é obrigado a plantar, faz escolhas.
Claro, ergui a cabeça, fui à luta e embora alguma nostalgia do sonho não vivenciado quando o desejei, construí minha vida com esforço e alguma ajuda (sim, Deus coloca muitas pessoas para nos empurrar quando cansamos e levantar quando desistimos - felizmente algumas destas pessoas ficam por perto mais tempo que outras). Por uma bela sincronicidade da existência e a ajuda destas pessoas especiais que menciono, entre elas meu marido, um grande amigo que a vida me trouxe, hoje estou cursando minha segunda faculdade, desta vez consciente de ser o que realmente quero realizar profissionalmente.
Sempre ponderei demais nos motivos de ter nascido. Nem sempre gostei de viver aqui na Terra, achando boa parte das pessoas mesquinhas e egoístas, individualistas, interesseiras e, mesmo assim e estranhamente diga-se de passagem, ao pensar sobre minha vida inteira, tudo me parece ter sido tão fútil quanto contraditoriamente gerou tantas lágrimas...
Parei com essa mania de criticar o mundo ao ponderar que nunca estamos fora do meio onde devemos estar por afinidade. Peixes não vivem fora d'água e raramente longe de seus cardumes... de algum modo o que me diferenciará do que rejeito (e rejeito certos sentimentos, comportamentos, não as pessoas!) é exclusivamente a mudança paulatina do meu próprio comportamento lutando por eliminar imperfeições e moldar virtudes. Ainda vejo o que julgo ser erro, mas já não critico, procuro usar como exemplos do que não devo fazer (não é o ideal?).
Confesso... por um lado sinto-me tão jovem, tão imatura, quero agradar, acertar, vencer;... tenho tanto medo de me equivocar moralmente como nas incontáveis vidas passadas! Por outro amadureci: sou séria, exigente, dedicada, caprichosa, insisto na auto superação e esforço-me dia e noite, sem sossego nem ao dormir, sonhando com situações e pessoas com as quais me preocupo, pelas quais sinto afeto, sintonia, quero ajudar.
Posso até dizer que efetivamente sou uma pessoa criteriosamente feliz, de uma felicidade com pés no chão, com menos arroubos emocionais. Jesus dizia não ser a felicidade deste mundo porque somente fora no trânsito terreno havemos de adquirir a suprema paz que não alcançamos na encarnação; até lá, vivamos do melhor modo possível, correto?
Conto-lhes esse resumo desinteressante de um lado de minha vida, porque confunde-me ver o desperdício de tempo por parte de tantas pessoas, em especial os mais jovens... desperdiçam-se tempo e também oportunidades de fazer, aprender, exercitar, treinar, conquistar, superar, construir. Usam o tempo para fumar, beber, fazer sexo, falar mal, apontar o dedo, jogar futebol, comer, passear, em suma, de um modo ou de outro, divertir-se (se é errado, quem sabe? Não deve jogar a primeira pedra aquele que ainda erra também). Mas pergunto, quando foi que nos ensinaram que a vida na Terra era apenas para passeio turístico?
Não tenho a pretensão de apontar dedo e dizer que todo mundo está equivocado em como utiliza o tempo e as oportunidades (o que não é verdade, em absoluto), mas tento estimular quem me lê a pensar na vida como um todo perfeitamente encadeado.
De minha parte, penso muito em como a levo a vida e, sobretudo, na pessoinha mais amada desse mundo que Deus me permitiu gerar e educar... olho a sociedade e nos momentos de desequilíbrio na fé, penso que "dó" entregar meu filho a um mundo onde é o egoísmo que dita modas e receitas. Mas ele, como eu, também não é peixe fora d'água e não é a toa, certamente, que está aqui.
Encerro aqui dizendo que pelo menos espero fazer alguma diferença por onde passo, e isso de dois modos: com a minha própria mudança e aproveitamento do tempo, e através do meu pequeno, cuja educação moral privilegio acima de tudo para que venha a ser luz no caminho por onde passa, como é no meu.
Pensem um pouco nesse assunto... sobre si mesmos.
O que têm feito do seu tempo e como têm usado a existência?
Grande e fraternal abraço!
Vania Mugnato de Vasconcelos
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