Salvar do que?

A FÉ CEGA, PODE SER CURADA COM UM SIMPLES PAR DE ÓCULOS

O forte argumento daqueles que querem levar você pra igreja é sempre partir do principio que você está angustiado, triste, depressivo, desempregado, mas será que numa festa de aniversário é um local apropriado para se pensar ou supor um estado desses?

Um aniversário, data especial, parabéns, todos ali no ambiente, comendo, bebendo e ai de repente, se iniciam as famosas ladainhas, agradecer a Deus, erguer as mãos pros céus, rezar, orar. Em casa ou nas salas de bate papo da internet, algumas intervenções bruscas, falando e propagando Jesus, enaltecendo Deus, sem mais nem menos, tem sido um ritual corriqueiro.

Nada mais justo que os anseios, a fé cega, que o desejo de um manto protetor, poderoso, superior, apaziguador se faça presente na vida daqueles que tem fé, mas essas pessoas deveriam pensar, que muitos preferem uma reflexão, um conhecimento da vida mais abrangente, a lógica, a busca de algo mais consistente, mais verdadeiro, menos superficial, menos genérico e portanto, dispensável essa interrupção brusca e que causa um mal estar a quem não está disposto a orar somente para agradar amigos.

Verdadeiramente na prática, anos e anos se passam e as palavras "sagradas" se perdem ao vento. Um fenômeno permanece: A credibilidade daquele que morreu na cruz "para nos salvar".

Ninguém jamais perguntou: Salvar do que?

De nós mesmos? Das nossas angústias, de nossos sofrimentos? De nossa curta existência? Da inveja daqueles que detestam que o outro, o irmão, seja feliz? Ou nos problemas mais sérios da saúde em que alguns infelizmente não aceitam a ciência como solução e proíbem por exemplo a transfusão de sangue, como a hemodiálise e outros avanços da ciência.

Certo é que a humanidade me parece mais uma grande estação de metrô onde uns entram, embarcam e vão embora (morrem) e outros chegam e chegam mais e mais (nascem).

Anteontem cedo, morreu “Bento Carneiro, o vampiro Brasileiro” um personagem do grande comediante Chico Anysio que se foi com ele. Eu acho que as pessoas que morrem e deixam uma obra, um grito sonoro de exemplo, mostra a todos nós a inutilidade de um Deus que se pensarmos bem, nunca atende nossos anseios e ao contrário não atende nada daquilo que almejamos e pedimos a vida inteira: Mais vida, mais tempo.

A realidade da vida, é assim: Uns se vão ou estão chegando à reta final e outros chegam, como se fosse um doce e ao mesmo tempo, cruel, processo de reposição que a natureza executa mecanicamente, sem emoção alguma. A emoção e o sentimento, estão em cada um de nós individualmente e isto sim, temos que valorizar e cultivar. Deus parece (caso exista mesmo, ou partindo desse pressuposto) mais uma geladeira mecânica executando seu ritual frio, gela, degela, gela, degela.

E assim a misteriosa natureza é chamada de Deus. Mas a triste verdade para humanos que não sei por que, pensam, é que para a mãe natureza, tanto faz você morrer afogado, morrer com um tiro de bala perdida ou morrer naturalmente. O que importa, é que estamos nos multiplicando e esse aumento parece favorecer a mesma lógica do mercado. Quanto mais se aumenta a quantidade, mais se perde em qualidade.

Luiz Bento (Mostradanus)
Enviado por Luiz Bento (Mostradanus) em 25/03/2012
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